A violência contra as mulheres é um atentado contra os direitos humanos. Para combatê-la é preciso fortalecer a autoestima da mulher e promover seu empoderamento.
Para chamar atenção para o tema, será realizada em 132 países, a partir do dia 25 de novembro, a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Por essa razão, no Brasil, a campanha adota como slogan Uma Vida Sem Violência é um Direito das Mulheres!
Segundo a gestora da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Concita Maia, os 16 dias de ativismo representam uma oportunidade para convocar a sociedade a cumprir seu papel e estar consciente dos direitos das mulheres, lutar pelo fim da violência e atentar para o que consta na Lei Maria da Penha.
“Estaremos com uma vasta programação governamental que será realizada nas escolas e comunidades, levando o apelo para que possamos ter o respeito necessário na diversidade da nossa sociedade”, relatou.
Mapa da violência no país
De acordo com o Mapa da violência 2015 – Homicídios de Mulheres no Brasil, divulgado no início de novembro pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, a violência contra a mulher é crescente no país desde 2008.
As informações dão conta de 4.762 assassinatos em 2013. São 13 mortes por dia, o que faz do Brasil um dos cinco países com as maiores taxas de homicídios femininos (4,8 por cem mil habitantes).
Dulce Helena Franco, promotora de Justiça e titular da 13ª Promotoria de Justiça Criminal Especializada no Combate aos Crimes de Violência Doméstica e Familiar, destaca que “não existe uma fórmula mágica para acabar com a violência”.
Segundo ela, a violência doméstica é fruto do machismo, do patriarcado e de preconceitos como o racismo. “Em Rio Branco, temos promovido a reflexão ampla sobre essas questões e estamos trabalhando ativamente na construção da equidade entre os gêneros, do respeito e da tolerância. Precisamos desconstruir essa forma equivocada da nossa sociedade”, alertou.
O Ministério Público do Estado do Acre realizou recentemente um mutirão e analisou mais de quatro mil inquéritos policiais envolvendo delitos no contexto de violência doméstica e familiar.
“O Poder Judiciário está sempre realizando mutirões, a fim de julgar os processos de crimes no contexto de violência doméstica e familiar para dar uma resposta rápida às vítimas”, esclareceu a promotora.
O perigo dorme ao lado
Apesar das ações e das políticas públicas, a violência segue fazendo vítimas: a cada hora e meia uma mulher morre vítima de violência no Brasil. No Acre, por pouco Marlene (nome fictício) não integrou essa estatística. No fim do ano passado, seu marido tentou matá-la asfixiada.
Com medo, Marlene se viu obrigada a sair de sua cidade natal, teve que abrir mão do convívio com a família e de uma vida confortável.
Foi na Casa Abrigo Mãe da Mata, em Rio Branco, que ela encontrou forças para recomeçar. “Quando se vive uma situação inesperada e trágica, é de suma importância o carinho e o acolhimento que nos são dispensados no abrigo”, conta.
De responsabilidade do governo do Estado, a Casa Abrigo Mãe da Mata foi planejada para acolher mulheres vítimas de violência com risco de morte. O secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Gabriel Gelpke, disse ter uma atenção especial pela instituição e pelas mulheres vítimas de violência.
Mulheres lutam para quebrar ciclo da violência no Acre
A violência contra mulheres é uma grave violação dos direitos humanos. Geralmente começa com o sonho de um casamento feliz. Mas, para 43% das brasileiras, o sonho se transforma em tristeza e dor. Apesar de ser um crime, as agressões seguem vitimando milhares de cidadãs diariamente.
Aline (nome fictício) foi vítima da violência do companheiro durante 15 anos. No último ataque, teve um braço quebrado, um corte profundo na cabeça e vários hematomas na barriga. Mas o que mais doeu foi ver o marido agredindo sua filha de 13 anos: “Essa dor até hoje não passou”.
Seu impacto tem consequências físicas e emocionais. A ação não tem consequências negativas somente para as mulheres, mas também para suas famílias, para a comunidade e para o país em geral.
De acordo com a coordenadora da Casa Abrigo Mãe da Mata, Juraci Duarte, o primeiro passo para o rompimento com essa realidade precisa ser dado pela vítima.
“Elas tentam quebrar o ciclo de violência, mas a falta do apoio da família e de formação profissional é fator preponderante para a manutenção da situação”, destacou.