Quatro pessoas acusadas de comprar gado, cavalos e burros com cheques furtados, pré-datados e sem fundos foram presas pela Polícia Civil em Acrelândia, na última sexta-feira, 20. Segundo o delegado Fabrizzio Sobreira, responsável pela investigação, a quadrilha vinha sendo procurada desde novembro do ano passado depois de lesar dezenas de criadores em Rio Branco, Porto Acre, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Capixaba, Bujari, Acrelândia e Sena Madureira. A polícia acredita que o prejuízo seja superior a R$ 1 milhão.
Estão presos pelo crime de estelionato os irmãos Francisco José Teixeira e Franklei José Teixeira, Jamilson Mendes, Júnior Boiadeiro e Devanir de Oliveira – este último já se encontra recluso no presídio do Estado. Ocilmar Leandro, também integrante do bando, está foragido, mas de acordo com o delegado Fabrizzio, que preside o inquérito policial, ele pode ser preso a qualquer momento.
Consta no inquérito que apurou o crime de estelionato que os criminosos compraram com cheques furtados e pré-datados no valor de R$ 40 mil, de uma das vítimas, 42 bois em uma única transação. Após a concretização do negócio os animais foram transportados para Rio Branco. A Justiça decretou a prisão de cinco dos envolvidos – quatro já estão na cadeia.
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A quadrilha tinha base em várias cidades para confundir a polícia. Os criminosos utilizavam a técnica de Devanir de Oliveira, que tinha a missão de angariar os animais a serem comprados de colonos e pequenos fazendeiros, que propunham vender boi, cavalo ou burro. Devanir se passava por representante de fazendeiros e de donos de frigoríficos.
Feito o primeiro contato entrava em cena Jamilson Mendes, o Júnior Boiadeiro, que para impressionar as vítimas sempre usava um carro de luxo nas abordagens, dizia ser fazendeiro e negociava valores, tendo como auxiliar Ocilmar Leandro, que se intitulava fazendeiro. A quadrilha agia de forma bem articulada. Após a compra dos animais, os irmãos Francisco José Teixeira e Franklei José Teixeira ficavam incumbidos de conseguirem os documentos Guia de Trânsito Animal (GTA) para “esquentar” o negócio e entrarem em outras fazendas e abatedouros sem levantar suspeitas.
“Quem negociava os animais nos abatedouros e fazendas era Ocilmar Leandro, que ainda está foragido, explica o delegado Fabrizzio. Devanir foi o primeiro integrante da quadrilha preso pela Polícia Civil e recolhido ao presídio estadual. Os demais foram presos numa ação integrada da delegacia geral de Acrelândia com investigadores da 5ª Regional (Rio Branco).
Ainda segundo o delegado consta que a quadrilha praticou aproximadamente 15 crimes da mesma natureza em todo o Estado. “Aonde tivesse animais a venda eles negociavam. Os relatos já foram transformados em notícia crime”, observa o delegado Fabrizzio.
Depois de cinco meses de investigação a polícia juntou as peças do quebra-cabeça, para alcançar parte dos animais angariados pela quadrilha, bem como os bens adquiridos pelos criminosos.
“Trata-se de um trabalho complexo. Os bandidos lançaram a mão de artifícios diversos, para validarem o golpe. Eles perpassavam os animais tomados das vítimas para fazendas e abatedouros com documentação em nome de outras pessoas que não eram os donos, assim, ninguém poderia reclamar. Era como se num passe de mágica o rebanho sumisse”, revelou a autoridade policial.