Mãe: uma instituição que resiste às intempéries

Mãe e filho na enchente, em foto de Angela Peres

Mãe e filho na enchente, em foto de Angela Peres

Rio Branco, 16 de fevereiro de 2012. Mais uma vez, o Rio Acre sobe e desaloja milhares de pessoas.

Sofrimento. Transtorno no cotidiano. Prejuízos. Incertezas. Crianças, adultos e velhos pra cá e pra lá.

Mas ali estão elas, firmes: as mães.

Repare no semblante desta. Parece estar a centenas de quilômetros de um sorriso. Pudera, nessa situação! Está frustrada, desapontada, contrariada diante da circunstância hostil. É possível que o choro esteja em vias de imitar o rio, e transborde.

Onde mora? Tem marido, outros filhos? Ou cria sua prole sozinha, como tantas no mundo? A enchente se juntou a que problemas? Em que altura estará a água em sua casa? Os móveis estragaram? Será que ela se mudou para a casa de parentes? Será que vai para o abrigo público?

Não importa quão difícil seja este momento. Ela está ali. Fazendo o melhor que pode, apesar da dor em seu peito. Levando o filho ao colo. Porque mãe tem braços fortes. Mãe tem coração resistente. Mãe suporta. E luta. Pelo filho, faz o que, às vezes, não faria nem por si.

Em geral, não são as mães que decretam guerras. Em geral, não são elas que veem um bom negócio na derrubada da floresta, salvo (salvo?) desastrosas exceções. Porque mãe de verdade protege a vida. Mãe é uma das mais fortes instituições da existência.

É verdade que tem sofrido abalos e que ora ou outra se tem notícia de aberrações, mas esse sentimento de afeto e defesa dos seus que habita nas entranhas das mães segue sendo soberano. E, algumas vezes, alcança a sublimação: quando supera a noção de parentesco consanguíneo e abraça a família humana. O amor de mãe rompe limites e avança com pernas valentes em plena corrente, como a nossa moça.

Ô, filho! Não se esqueça disso não, viu? Você vai crescer e ver que ela não é perfeita do jeito que você imaginou que era. Certamente ela já errou. Certamente, vai errar mais vezes. Você vai perceber. E vai ter vontade de acusá-la por isso.

Então, se precisar de um bom motivo para perdoá-la, lembre com que garra ela te carregou pra escola naquela manhã e em outras épocas chuvosas da tua vida.

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