Expectativa é de que o volume das águas comece a baixar nos próximos dias
As águas do Rio Juruá subiram no final de dezembro do ano passado e desalojaram dez famílias que continuam abrigadas no Ginásio Poliesportivo Alailton Negreiros. Outras, que também tiveram as casas atingidas, resolveram permanecer em suas casas, enfrentando a força do rio. Mas a expectativa, segundo o Corpo de Bombeiros, é que as águas comecem a baixar nos próximos dias. Nesta terça-feira, 10, o nível registrado foi de 13,28 metros. A cota de transbordamento é de 13 metros.
Na cidade, os bairros atingidos foram Miritizal, Lagoa, Várzea, São Salvador e Olivença. A energia no bairro Miritizal foi suspensa hoje. Já no bairro da Lagoa as famílias estão sem rede elétrica desde o dia 21. “Passamos o Natal no escuro. Todo ano é a mesma coisa, o rio enche, a gente fica aqui. Se encher mais, vou pra casa da minha filha. Já levantamos todos os móveis. O problema maior é o banzeiro que só falta derrubar a casa. Ficam uns desocupados andando de voadeira aqui, dia e noite, ninguém pode dormir sossegado. Eu vejo na televisão as tragédias que acontecem e tenho medo que aconteça o mesmo. Os bombeiros precisam fazer alguma coisa”, disse Osmarina Lopes de Souza, moradora do bairro da Lagoa.
Quintal alagado apagou o fogo do carvão
A cheia do Rio Juruá não prejudica apenas o conforto das famílias que têm as casas atingidas pela cheia, os quintais alagados e passam a depender de canoas para se locomover. O Rio Moa, que deságua no Juruá, também está com o nível elevado e as famílias estão ilhadas.
Na casa de Maria Fernandes da Silva, 42, e Altemir Oliveira, 41, a situação é difícil. Com quatro filhos para criar, o casal sustenta a casa com a venda de carvão, atividade que está parada por causa da enchente. “Eu também pesco. Faço ‘cambadas’ de R$ 10 com pintandinha ou mandi, e vendo. Vem um marreteiro buscar aqui. Mas não tem dado pra pescar porque tem tido tempestades, muitas chuvas, não dá pra pescar à noite. É um dinheiro que sempre ajuda, garante pelo menos o combustível pra ninguém ficar no escuro”, disse Altemir.
A família mora na margem do Moa. Os vizinhos ficam distantes. A energia está cortada e os filhos passam o dia dentro da casinha 6×3 de madeira. Todos estudam e são beneficiários do Bolsa Família. “Nossa, a gente faz de tudo pra eles estudarem. Porque eu não sei ler nem escrever, meu marido também não. Se a gente tivesse algum saber talvez conseguisse um trabalho”, disse Maria Fernandes.
Sem poder fazer carvão e com as pescarias prejudicadas, o casal tenta sobreviver. “A gente vai se virando como pode. Tá difícil. Mas vai vivendo como Deus quer”. O sacolão que a família recebeu no Natal, uma doação voluntária de um grupo de amigos, acabou ontem.
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