Ministério da Cultura implantará no Acre piloto do projeto Criativa Birô

Ideia é criar espaço para estimular, financiar e promover os empreendimentos culturais, com o objetivo de garantir infraestrutura para os negócios criativos, da produção ao consumo

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O Acre está entre os cinco escolhidos para iniciar o projeto piloto, juntamente com Goiás, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul (Foto:Val Fernandes)

Em encontro que reuniu representantes de várias instituições ligadas à cultura, no início desta semana na Biblioteca da Floresta, foi anunciado pela representante da Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura (Minc), Luciana Guilherme, diretora de empreendedorismo, gestão e inovação do órgão, a implementação do projeto Criativa Birô no Acre.  O estado está entre os cinco escolhidos para iniciar o projeto piloto, juntamente com Goiás, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul.  A ideia é que até 2014, todos os estados tenham seu Criativa Birô.

Para compreender o Criativa Birô, segundo Luciana Guilherme, é necessário contextualizar  o processo de criação da Secretaria da Economia Criativa, que traz como ação trabalhar com o foco no pilar econômico da cultura. “No Plano Nacional de Cultura tivemos todo um processo de debate e discussão sobre a cultura na sua dimensão simbólica, cidadã e econômica. Essa dimensão econômica ficou um pouco defasada, a simbólica e cidadã foi muito bem trabalhada nas últimas gestões do Minc. O reflexo disso é o próprio Plano que virou lei, e o próprio Sistema Nacional de Cultura. Hoje percebemos um debate sobre cultura muito mais qualificado. Mas, a dimensão econômica ficou a desejar. Foi nesse foco que a ministra Ana de Holanda optou pela criação da Secretaria da Economia Criativa, tendo como produto carro-chefe o Criativa Birô”.

O valor dos recursos para implantação do projeto, que serão repassados ao governo do Estado, por meio de convênio entre o Ministério da Cultura e a Fundação de Cultura Elias Mansour será de R$ 1,2 milhão, com contrapartida do estado de R$ 300 mil. “A ideia é de que nos anos subsequentes os recursos continuem sendo repassados para programação e desenvolvimento de conteúdos. Fechamos um acordo de cooperação técnica, guarda-chuva com o Sebrae Nacional,  inclusive para produção de conteúdo, e iremos desenvolver uma plataforma digital. Essa ação não está dentro desses recursos, mas integrada o projeto”, explica Luciana.

A escolha do Acre como estado piloto da região norte para implantar o projeto, segundo o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Dircinei Souza, que participou do encontro, foi devido nos últimos tempos o Estado ter desenvolvido um alinhamento maior com as politicas do Minc. “O governo do Estado tem trabalhado nos últimos dez anos uma politica cultural em consonância com o governo Federal. E mais, tem buscado um diálogo com a sociedade civil organizada, os fazedores de cultura, para a construção coletiva da política cultural, por meio do Conselho Estadual de Cultura. O Acre se desenvolveu muito no campo da cultura e hoje está em fase de implementação do Sistema Estadual de Cultura e outros programas e ações, isso é muito importante para o Minc”, comenta.

Como funcionará  o Criativa Birô

O Criativa Birô será  um espaço para estimular, financiar e promover os empreendimentos culturais, com o objetivo de garantir infraestrutura para os negócios criativos, que vão desde a produção até o consumo. Como espaço multiuso, no Criativa Birô os próprios profissionais poderão desenvolver reuniões e apresentarem seus projetos, “Queremos trabalhar uma cultura empreendedora desses profissionais e ampliar a captação de recursos que hoje no Brasil se restringe aos editais, mas existem outras alternativas. Se somarmos todos os editais existentes e os recursos de uma lei de incentivo nunca será o suficiente para suprir a demanda nacional, o Brasil é muito maior que esses mecanismos”, relata Luciana.

O programa traz outras parcerias, como o Sistema S, os bancos com suas linhas de créditos, entre outras instituições  que desenvolvem ações de consultoria, assessoria,  tanto na área de marketing, financeira, juridíca e tributária. Seria uma espécie de birô de serviços que apoia o profissional criativo. “Essa é uma lacuna que existe quando a gente fala de um mercado criativo de profissionais que são extremamente talentosos, que possuem um produto final maravilhoso, mas que têm sérias dificuldades, até mesmo por questões de qualificação, e uma série de outros aspectos. Todos os ‘criativos’ como temos chamado esses profissionais têm esse déficit. Agora não achamos e nem queremos que o artista seja obrigado a ser tudo: gestor, cantor, compositor, mas ele têm que entender a dinâmica do mercado onde ele atua para saber se relacionar com essa cadeia produtiva”, contextualiza.

Luciana acredita que com o projeto será possível também desenvolver e trabalhar a formação de uma cultura de risco. Nesse aspecto será feito um trabalho paralelo com as instituições financeiras no sentido de adequação das linhas de crédito, “nem todas são adequadas à realidade, umas até poderiam ser, mas há o desconhecimento”, diz. Para ela, o Critiva Birô será um espaço de disponibilização de informação, incluindo as consultorias e assessorias nas áreas meio e transversais que dão apoio ao funcionamento dos empreendimentos; a formação e o fomento; além da articulação de redes. “Sabemos também que o Acre é o berço do Fora do Eixo, acreditamos que modelos de gestão e tecnologia sociais voltadas para organizações associativas são fundamentais. Se dá certo com um grupo porque não replicar experiências exitosas e potencializar essas atividades?”

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