Moradores recebem mais duas ruas completamente pavimentadas
Dona Francélia Oliveira, de 24 anos, é dona de casa e mãe de três filhos. Há dois anos ela mora no bairro da Praia, no município de Tarauacá e há dois anos também ela não sabia o que era ter alegria. Seu maior sofrimento foi quando precisou de uma ambulância para dar a luz ao filho caçula, mas a viatura simplesmente não conseguia chegar à sua casa.
“Lembro que eram aproximadamente sete e meia da noite e fui obrigada a andar até lá na frente, no meio da lama, morrendo de dor, até chegar ao asfalto e pagar um táxi para chegar ao hospital”, recorda dona Francélia que agora não esconde a alegria pela nova rua que está recebendo do governo do Estado.
Ela, que já chegou a oferecer a casa onde mora com os filhos por R$ 5 mil “e ninguém queria dar”, não pretende mais deixar o local. “Esses dias mesmo veio um homem e ofereceu R$ 9 mil, mas recusei. Não vou mais vender minha casa graças a essa pavimentação que está sendo feita”, relata.
A rua em que dona Francélia mora é a Benjamin Constant (220 metros), que juntamente com a rua José Higino (450 metros) estão sendo entregues pelo governador Tião Viana aos moradores. Em Tarauacá, o governo realizou a entrega de oito ruas no bairro Corcovado e ainda vai entregar mais quatro ruas até o final de outubro, quando deverá concluir a primeira etapa do programa Ruas do Povo, no município.
No bairro da Praia, além da pavimentação da rua, o governo do Estado através do Depasa também está entregando uma rede de abastecimento de água, que não existia. Os moradores eram obrigados a consumir a água do rio sem qualquer tratamento, o que causava muitas doenças.
Outro morador que conhece como poucos o sofrimento que era a rua Benjamin Constant no inverno é Seu Raimundo Ferreira, de 57 anos. Quando chegou há pouco mais de 15 anos, lembra que a rua era apenas “um caminho” e onde morava não passava de “igapó”. “Isso aqui tudo era alagado de inverno a verão e a gente costumava pegar até peixe”, recorda.
Seu Raimundo não era o único que sofria. Seu filho, Valdo Ferreira, hoje com 22 anos, lembra do tempo em que estudava e não conseguia chegar na escola sem se sujar. “A gente chegava todo melado de lama e muitas vezes a professora não deixava a gente entrar em sala e era obrigado a voltar para casa”, diz.
Não tinha como comprar comida
A falta de condições de trafegabilidade de uma rua traz problemas do cotidiano que as vezes é difícil de acreditar para quem não viveu a realidade de uma rua completamente enlameada. Dona Francisca Rodrigues de Farias, de 64 anos, conta, por exemplo, que pela precariedade da rua não tinha como sair de casa para comprar comida.
Ela mora há cinco anos na rua Benjamin Constant e o governador Tião Viana esteve em sua casa quando foi fazer o lançamento do programa Ruas do Povo em Tarauacá. “Eu fiquei muito feliz e disse a ele que agora eu acreditava que a rua ia ficar pronta”, afirma Dona Francisca.
Como é “doente da vista”, como ela mesmo diz, não foram poucas as vezes que caiu no meio da rua (que era completamente enlameada), tendo que ser socorrida pelos vizinhos. Além da rua, ela também está feliz com a água encanada e de boa qualidade que chega em sua casa. “Antes faltava água, agora falta é bóia para dar conta de tanta água”, conta.
Trabalho para todos
O programa Ruas do Povo não realiza apenas obras de pavimentação. Dá oportunidade para muitos trabalhadores, gera emprego e aumenta a renda de muitas famílias. Como as empresas são obrigadas a contratar mão-de-obra local, isso faz com que os recursos aplicados no Programa permaneçam no município e movimente a economia.
O caso de Tarauacá não é diferente. Adriel Cabral tem 26 anos e trabalha como encarregado na pavimentação das ruas. “O pessoal aqui está animado porque, além da rua nova aos moradores, é uma oportunidade de trabalho para todos eles”, faz questão de dizer.
Para pavimentar a rua Benjamin Constant, por exemplo, foram gerados em torno de 25 empregos diretos. Contabilizados os indiretos, que inclui a distribuição de insumos, transporte, alimentação, são em torno de 100 empregos criados com a pavimentação de ruas, o que é suficiente para movimentar parte da economia de um município do porte de Tarauacá.
“Aqui na [rua] Benjamin Constant estamos trabalhando com duas turmas de sete trabalhadores, mais uma outra turma somente para fazer meio-fio e a sarjeta. Na rua José Higino, que é maior, tivemos que colocar três turmas de trabalhadores para realizar o trabalho”, explica Adriel.
Investindo nas pessoas
Quem também comemora o trabalho de pavimentação de ruas realizada através do programa Ruas do Povo, gerenciado pelo Depasa, é o presidente da associação dos moradores do bairro da Praia, Raimundo Ferreira da Costa. Ele diz que faz questão de agradecer pessoalmente ao governador Tião Viana por tudo o que está sendo feito.
A satisfação do representante faz todo o sentido. A pavimentação da rua Benjamin Constant e a instalação de hidrômetros para levar água tratada são os dois primeiros benefícios que os moradores estão recebendo do poder público, apesar da rua ter mais de vinte anos de existência.
“A intervenção do governo do Estado aqui no bairro da Praia através do Programa Ruas do Povo é essencial porque aqui até hoje nunca tivemos nenhum investimento e o governador Tião Viana está tendo essa preocupação e esperamos que ele possa continuar fazendo outros investimentos”, diz Raimundo.
Infraestrutura e saneamento são principais sonhos da comunidade
Segundo Gildo César, diretor do Depasa, até o final de outubro, dependendo do bom tempo, Tarauacá estará encerrando o lote de onze ruas que fazem parte da primeira fase. “Oito ruas já foram entregues, espero que o tempo nos ajude, para que a gente possa entregar ao povo, com antecedência, as quatro ruas que faltam para completar a primeira fase. Concluindo a primeira fase, após a licitação, daremos início às obras de pavimentação em mais 27 ruas”, avisa.
Filha da terra do abacaxi grande, dona Darci Marinho, moradora de uma das ruas de Tarauacá, contempladas pelo programa Ruas do Povo, entregues pelo governador Tião Viana, ela conta que a rua Benjamim Constant (220 m), localizada no bairro Senador Pompeu, mais conhecido por bairro da Praia, possuía muitos buracos e quando chovia as dificuldades para os moradores da região aumentava.
“A gente sofria muito ao ter que sair de casa para comprar algum ingrediente para o almoço do dia. Na verdade, para ir a qualquer lugar era difícil. A minha filha enchia o pé de sacola, mas a sacola rasgava e não tinha jeito, a lama entrava mesmo”, afirma.
Mas o problema de dona Darci é semelhante ao de muitas outras guerreiras espalhadas de norte a sul do Acre, que passam pela mesma luta. Estas dificuldades enfrentadas não se resumem somente ao levar um tombo ou melar os pés com a lama, mas sim nas batalhas diárias com os filhos no acesso à escola.
“Durante anos, carreguei meus filhos pequenos no ombro, um a um até a beira do asfalto para que eles pudessem chegar até a escola. Eu ficava com a lama até a canela, mas não deixava de jeito nenhum eles se sujarem”, comenta Darci, mãe de oito filhos.
Lembrar das dificuldades, assistir a brincadeira das crianças e passear com as amigas pela nova rua, realizada pelo governo, por meio do Depasa, com apoio da prefeitura e comunidade, faz a mãe de família ter bons motivos para nunca mais desistir de lutar e acreditar num futuro melhor.
Benefício alegra até moradores das ruas que ainda não foram contempladas
Entrar e sair de casa sem se preocupar com a lama, nos dias de chuva, ainda é o sonho de muitos moradores que enfrentam isto de inverno a inverno. Mesmo com a sua rua na lista de espera dos lotes de pavimentação, dona Terezinha Farias, moradora do beco do Calongo, e dona Virgulina Rodrigues, da travessa Madeira, ambas vizinhas da nova rua Benjamim Constant, compartilham da felicidade das amigas, Maria da liberdade e Maria Rosimar, e dizem estar animadas com a pavimentação da maior rua do bairro, que beneficia não só os moradores da Benjamim, mas também das ruas interligadas. “A minha casa, infelizmente, não fica na beira desta rua, mas sinto que também fiz parte desta nova conquista, pois se eu quisesse ir a qualquer lugar eu tinha que passar por esta rua, que era a pior de todas deste bairro”, destaca.
Com característica de cidade pequena, onde tudo se torna perto, o município de Tarauacá, assim como outros municípios do interior do Acre, concentra uma grande número de ciclistas. A maioria dos moradores possui bicicletas. Mas um meio que foi criado para facilitar a locomoção da população, já chegou atrapalhar a vida de alguns.
Devido ao estado crítico em que as ruas se encontravam, era quase impossível pedalar, ainda mais no inverno. A alternativa era carregar a bicicleta nas costas. “Quando eu saia de bicicleta ao invés da bicicleta me levar, eu que levava ela. Graças a Deus e ao governador Tião Viana, esta rua está pronta e já melhorou por demais a vida da comunidade Senador Pompeu e da Praia. Agora estou esperando, sonhando com a minha rua tijolada. Enquanto isso, passo feliz e tranqüila de bicicleta e não deixo de visitar, nem um dia, as minhas amigas”, diz Virgulina, entusiasmada.
“Se a gente quisesse água, tinha que pegar no rio”
Ter uma casa com a rua pavimentada, esgoto tratado e água todo dia na torneira faz parte das necessidades primordiais de qualquer comunidade. Foi pensando assim e sempre lutando por melhorias na qualidade de vida que a dona de casa, mãe de quatro filhos, Maria Rosimar da Silva, viu mais um sonho se concretizar. Ela se alegra ao receber a rua tão sonhada, e esquecer de vez da lama e da poeira intensa. Mas a felicidade dela não se limita à pavimentação da rua com tijolos, vai além…
“Ter as caixas d’água sempre cheias é também uma grande conquista. No inverno o nosso trabalho era dobrado, por conta da rua com lama escorregadia e poças d’água. A falta de água neste bairro sempre foi o nosso maior problema, se não fosse o rio Tarauacá aqui do lado, a gente não tinha conseguido viver esse tempo todo. Se a gente quisesse água tinha que pegar no rio. Toda água que a gente precisava para usar no dia-a-dia era de lá. Eu até hoje tenho os dedos calejados de carregar baldes cheios com água do rio para abastecer a casa, e quando chovia a gente dava um jeito de ‘aparar’ a água da chuva para amenizar a situação. A gente sempre se virou, mas também padecemos muito. Agora todos os moradores têm água encanada regularmente. Graças a Deus e a nossa Senhora, o governo teve compaixão de nós e mudou, não só a minha, mas a vida do povo de Tarauacá todinho”.
A hora da mudança
Casada com seu Antônio Sampaio da Silva, operador de esteira do Deracre, Chagas Melo, 49, teve filhos, construiu sua casa e sua vida na rua José Higino (450 m), situada no bairro Cohab . Ela conta que foi uma das primeiras moradoras do local. A rua praticamente não existia.
“Essa rua, a José Higino, acabava um pouco depois da minha casa, o resto era só mato e gapó. E a rua que tinha, antes, não era chamada de rua, somente de beco ou varadouro. Eu deixei muitas vezes de sair de casa. Minha irmã me convidava para ir a igreja, mas nos dias que chovia não tinha condições sair de casa. Hoje tudo mudou e graças a Deus mudou para melhor”, disse.
Dona Chagas ainda revela que tem reparado mais no trabalho realizado pelo governo, e diz que a obra aparenta ter mais qualidade em relação a outras que não são do Ruas do Povo. “Eu não entendo muito bem de obra, mas pelo trabalho que eu venho acompanhando, a qualidade parece ser muito boa. Nunca vi tanta máquina e preparação em uma só rua. Além do mais, eles se preocupam com tudo, com o sistema de água e esgoto, antes expostos no meio da rua. Eu me assustei quando vi a extensão desta rua. Ficou muito grande. É uma maravilha, mudança total”, salienta, sorridente.
É impactante o resultado envolvente desta ação governamental que beneficia diretamente seu Antônio e Dona Chagas. Estas pessoas protagonistas deste programa encontram-se, hoje, cheios de histórias para contar de suas lutas, conquistas e vitórias. Seu Antônio e Dona Chagas, podem ser a Darci e a Virgulina de outro bairro de Tarauacá, ou até mesmo seu Elpidio e o Raimundo Nonato de Vila Campinas. As histórias de cada um deles não se repetem. As histórias, simplesmente, compõem uma só, numa unificada harmonia, que reflete mudança, expressa benfeitoria, mexe não apenas com as estruturas de um bairro, mas também com o sentimento de uma comunidade, de uma cidade inteira.
Tirar a Sueli da poeira, a Maria do Carmo da lama, gerar oportunidade de trabalho para o José e ascender a economia do Kinô, comerciante, faz parte deste processo de desenvolvimento. A mudança está acontecendo, o povo está reconhecendo e o Acre está crescendo.