Filme narra a história de quatro seringueiros de diversas origens para mostrar a trajetória de luta
O filme “Soldados da Borracha”, do diretor acreano Cesar Garcia Lima, será exibido em Rio Branco, nesta terça-feira, 13, no Cine Recreio, às 19 horas. A sessão aberta ao público, que contará com a presença do diretor do dicumentário tem o apoio do governo do Estado, através da Fundação de Cultura Elias Mansour. O filme foi exibido nos festivais Cine Las Americas (Estados Unidos), Brésil em Mouvements (França) e nas mostras Cine Mube-Vitrine (São Paulo) e Etnodoc (Rio de Janeiro).
Cesar Garcia comenta que o documentário, realizado entre as cidades de Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri, aborda o presente, que dá novo sentido à História: “É a partir da vida atual dos soldados da borracha que essa saga faz sentido para as novas gerações e dignifica os que dela participaram. Tem sido muito gratificante enviar o filme para outros países e estados e saber que mais e mais pessoas estão conhecendo essa saga.”
Realizado em 2010 a partir de prêmio recebido pelo edital Etnodoc, com produção da Modo Operante, do Rio de Janeiro, o filme narra a história de quatro seringueiros de diversas origens para mostrar a trajetória de luta dos soldados da borracha convocados para ajudar os aliados na Segunda Guerra Mundial.
O diretor também cumpre uma agenda de atividades de apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 556/02), que reivindica os mesmos direitos de combatentes de guerra aos soldados da borracha. Essa questão voltou à ordem do dia com a inclusão dos soldados da borracha no livro e panteão de heróis da pátria, que terá solenidade em novembro, em Brasília. Ele participou do encontro de soldados da borracha e autoridades no Ginásio do Sesi, no último dia 10.
“Chegou a hora de unirmos esforços para reparar essa injustiça que perdura há décadas. A maior parte dos soldados da borracha ainda vive no Acre e é importante que cada seringueiro ou seus descendentes estejam unidos para mobilizar todo o Brasil na melhoria de suas condições de vida”, diz.
Personagens do filme
Antonio Tomé Dias é um cearense que veio para a Amazônia durante a guerra com atestado de conduta, porque tinha apenas 16 anos, lutando pela própria contratação nos seringais do Acre. Ainda hoje, aos 82 anos, maneja com habilidade as ferramentas de seringueiro. Com pouca instrução, ele conseguiu incentivar o estudo dos filhos, que se orgulham da formação recebida.
Elias Dias de Souza mora a poucos metros da casa do ex-companheiro de luta Chico Mendes, tendo ajudado a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Nascido nos seringais do Acre, descendente de nordestinos, ele participou ativamente da luta sindical que se desenvolveu no Acre a partir dos anos 1970. Aos 77 anos, ele diz no filme: “Eu ainda hoje tenho honra e se pudesse ainda cortava seringa.”
Justino Antônio de Souza, 82 anos, vive em Plácido de Castro, uma cidadezinha a 1h30 de Rio Branco, capital do Acre. Ele mora no estado desde a convocação como soldado da borracha durante a Segunda Guerra Mundial e foi um dos cerca de 55 mil alistados para fazer borracha na Amazônia, junto com dois irmãos. Além de trabalhar como seringueiro durante muitos anos, Justino conviveu com os índios e exerceu várias atividades ligadas à saúde, tendo chegado, entre outros episódios narrados no filme, a amputar a perna de um trabalhador com um serrote, para salvar a vida dele após uma mordida de cobra.
Walter Nunes de Castro, 77 anos, trabalhou 30 deles cortando seringa. Nascido no seringal, ele recorda como os acreanos ensinaram os nordestinos a cortar borracha e comenta também as precárias condições de saúde da floresta, onde pegar malária era bastante comum. Um remédio usado na época para tratar a doença fazia com que urinassem azul. Ele tem sempre em mente que a aposentadoria dos soldados da borracha pode melhorar. Para se divertir, ele frequenta um forró no qual outros companheiros dos seringais não deixam dúvida que a disposição é uma marca do grupo.
Diretor e Roteirista: Cesar Garcia (Rio Branco, Acre, 1964) – Jornalista, poeta e professor-convidado do curso de Especialização em Jornalismo Cultural da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), onde também cursa o doutorado em Literatura Comparada. Trabalhou como crítico de cinema em diversas publicações de São Paulo, incluindo Folha da Tarde, Folha de S. Paulo e SET. Escreveu sobre televisão nas revistas ISTOÉ e Contigo!, da qual foi editor- chefe. Em TV a cabo, foi roteirista do Telecine e editor-chefe do Canal Brasil, no qual dirigiu documentários em Minas Gerais, Ceará e Mato Grosso, tendo criado o programa “Coisas de Cinema”. Vive no Rio de Janeiro desde 1995.
Serviço
O que? Filme Soldados da Borracha
Quando? Terça-feira, 13, 19 horas
Onde? Cine Recreio – Calçadão da Gameleira – Segundo Distrito
Entrada franca
Patrocínio: Petrobras/ Lei Rouanet/ Minc/ Governo Federal
Realização: Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro/Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN
Apoio: Banco da Amazônia, Governo do Estado do Acre e Prefeituras Municipais de Xapuri e Plácido de Castro.