Acre é destaque pelo trabalho de combate à malária

Medidas simples, mas muito eficazes, tiraram o Estado de uma epidemia

acoes_combate_malaria_angela_peres_2-987676d7f.jpg
acoes_combate_malaria_angela_peres_7.jpg
acoes_combate_malaria_angela_peres_9.jpg

A borrifação residual nas residências é uma das ações de prevenção realizadas diariamente que contribuem para o controle da doença (Foto: Angela Peres/Secom)

Em 2006 foram 93.863 casos de malária no Acre, uma epidemia que obrigou o Estado a buscar alternativas mais resolutivas. Em 2007, o governo conseguiu um controle mais efetivo e hoje apresenta uma redução anual de 48%. Em 2010, o Estado apresentou 36.682 casos, o que representa uma redução de 60% se comparada a 2006.

Segundo o Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), mesmo com a redução, o Juruá ainda é considerado um local de alto risco, por isso, uma superestrutura foi montada pelo governo do Estado. Foram disponibilizados 370 profissionais, entre agentes de saúde, microscopistas, motoristas e supervisores de campo, para Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves. Aproximadamente 43 mil exames para diagnóstico foram feitos por mês em 2011, e durante todo o ano de 2010 foram 508 mil.

Além disso, todas as ações de prevenção realizadas diariamente contribuem para essa queda: borrifação residual nas residências (dedetização), busca ativa de casos casa a casa (os agentes colhem amostras de sangue do dedo dos moradores para posterior exame), monitoramento do uso dos mosquiteiros impregnados com inseticida que não prejudicam a saúde humana e afastam o mosquito e a entrega de medicamento para tratamento nas residências.

“Em 2006, na crise da malária, nós gastamos muito com compra de equipamento, aluguel de carro, combustível, equipamento de proteção individual (EPI), e isso onerou muito o controle da doença. Nós gastávamos cerca de 10 milhões de reais por ano, agora, com essa nova rotina, baixamos o custo para cerca de sete milhões, e isso não pode parar porque é importante manter esse controle, ressalta a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo.

Ações como essas chamaram a atenção de consultores da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), de Washington, que estiveram na última semana no Estado para verificar "in loco" o trabalho de controle da doença realizado em Cruzeiro do Sul, local que concentra a maior parte dos casos no Acre. O Estado foi escolhido por ser reconhecido pela excelência na execução das atividades de controle do vetor, diagnóstico precoce e tratamento da doença, além das ações de educação em saúde e mobilização social.

Os especialistas em estratégia de controle da malária estiveram no Brasil de 18 a 26 de julho para uma avaliação externa das atividades desempenhadas dentro da Rede Amazônica de Vigilância da Resistência aos Antimaláricos no Brasil. O objetivo foi avaliar as ações desenvolvidas para o controle da malária nos Estados brasileiros que têm grandes índices da doença.
grafico_junho.jpg
Depois de se reunirem em Rio Branco com a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, e a gerente de Vigilância em Saúde, Izanelda Magalhães, os consultores José Antônio Najera, Gabriel Schmunis e Mayira Sojo, e o técnico do Ministério da Saúde Oscar Mesones Lapouble visitaram Cruzeiro do Sul, acompanhados pela gerente estadual de endemias, Thayna Holanda, e a gerente municipal, Simone Daniel da Silva.

Passaram pela Colônia Alemanha, Santa Luzia do Pentecostes, Santa Rosa, São Pedro e Ramal da Buritirana, na zona rural. Na zona urbana foram visitados os bairros Cruzeirinho e São Salvador, onde se desenvolve um trabalho pioneiro de utilização de mosquiteiros impregnados.

“Nós encontramos muitos pontos positivos no desenvolvimento das ações aqui em Cruzeiro do Sul. Tem muita disciplina e muito controle administrativo e técnico das ações, e isso é muito positivo. Chamou nossa atenção. O trabalho no Acre é, sem dúvida, um exemplo a ser seguido”, disse a consultora Mayira Sojo.

Fazendo a diferença

Em 2007, a Opas fez uma doação de sete mil unidades de mosquiteiros impregnados de longa duração que foram utilizados em treze comunidades, localizadas nos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves. A doação foi realizada com recursos da United States Agency for International Development (USAID).

acoes_combate_malaria_angela_peres_9879765867df.jpg

Os mosquiteiros impregnados ajudaram o Acre a baixar o número de casos de malária (Foto: Angela Peres/Secom)

Com a avaliação positiva de adesão dos mosquiteiros pela comunidade, o governo do Estado adquiriu em 2010, por meio de emenda parlamentar do então senador e hoje governador Tião Viana, mais 70 mil unidades, que foram distribuídas em todos os municípios acreanos, levando em consideração as áreas de alta, média e baixa transmissão da doença.

“Nos últimos anos, nossos governos vêm investindo muito nas ações de combate à malária aqui no Acre. A aquisição de mosquiteiros impregnados é uma dessas ações que integram o controle da doença. A implantação dessa ferramenta foi, decisivamente, uma forma simples e eficiente”, destaca Izanelda Magalhães.

“Outro grande diferencial são as parcerias que fizemos para mudança do medicamento que têm efeitos colaterais mínimos, se comparados com o anterior. O DNDi [Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, organização fundada por sete países], o Programa Nacional e a FioCruz compraram a ideia junto com a gente”, acrescenta.

“Estamos tendo bons resultados no que diz respeito ao combate e controle da malária em nosso Estado. É importante ressaltar que esse controle é fruto do trabalho conjunto entre os governos federal, estadual e municipal, em parceria com a comunidade”, ressalta Suely Melo.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter