Agricultores apostam na diversificação da produção

Produtores acreanos encontram alternativas para aumentar a renda e melhorar o uso de suas propriedades

joo_dias_explica_que_diversificar_a_produo__ter_renda_o_ano_inteiro.jpg

João Dias também é morador do Polo Agroflorestal Dom Moacyr e tem como atividade principal o cultivo de laranja, tangerina, banana, hortaliças e macaxeira (Foto: Assessoria Seaprof)

Cultivar feijão, laranja, tangerina, banana, abacaxi, alface, couve, coentro, cheiro-verde e jambu, criar galinha caipira e peixe foram alternativas que os agricultores familiares do Acre encontraram para aumentar a renda e tornar a propriedade ainda mais produtiva. Seus produtos são comercializados nos mercados locais e vendidos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Roberto Gomes de Oliveira Filho está se organizando para plantar na próxima safra 60 hectares de milho. A partir de agora, o trabalho será mecanizado porque ele acabou de adquirir um trator através de financiamento do Pronaf Mais Alimentos, uma política pública que, por meio de linhas de crédito do Pronaf, financia investimentos para a modernização da propriedade rural familiar.

A produção agrícola de Roberto Gomes era principalmente de gerimum, melancia e pepino, mas já acrescentou a criação de peixe, já que foi beneficiado com o Programa de Desenvolvimento da Piscicultura do governo do Estado com a construção de açudes e agora vai ampliar para o cultivo de milho.

“A diferença de ter várias culturas é que a gente tem produção para vender o ano inteiro”, explica Oliveira Filho. Para a extensionista da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) Francisca da Silva Torres, a diversificação da produção apresenta várias vantagens e diminui os riscos de o produtor ter prejuízos com ataques de pragas e doenças e oscilação no mercado durante o ano. “O cultivo diversificado permite o uso mais intenso da área, eleva a produção de alimentos sem a necessidade de grandes investimentos e garante renda durante todos os meses no ano.”

dsc_0689.jpg

Para o secretário da Seaprof, Lourival Marques, é fato que a necessidade de produzir para suprir a própria família levou à diversificação da produção de alimentos. Mas, o que antes era uma necessidade, hoje é o grande trunfo da agricultura familiar no Acre

Para o secretário da Seaprof, Lourival Marques, é fato que a necessidade de produzir para suprir a própria família levou à diversificação da produção de alimentos. Mas, o que antes era uma necessidade, hoje é o grande trunfo da agricultura familiar no Acre, pois a diversificação é o que possibilita que um produtor com uma área de apenas oito hectares, por exemplo, produza o suficiente para obter uma renda mensal de R$ 2 mil. “A diversificação na produção é um fator importante para obtenção de resultados de produtividade e para o retorno do investimento”, diz.

Um exemplo é o do casal Maria Salete Souza e Antônio César da Silva, que possuem um lote no Polo Agroflorestal Dom Moacyr, em Bujari. Além de produzir hortaliças, eles também criam galinhas e estão iniciando a criação de peixes. Um dos sonhos está se realizando, que é a construção em alvenaria da residência da família. Para Silva, adquirir um veículo utilitário para transportar a produção foi uma “mão na roda”.

“A nossa vida mudou muito nos últimos anos. Antes a gente até produzia alguma coisa, mas nem tinha para quem vender. Há quatro anos vendo para esse programa do governo”, explica Maria Salete, acrescentando que este ano iniciou a criação de galinhas, inclusive com financiamento do Pronaf para construção de galinheiros e também criação de peixes. “Com a nossa renda hoje já dá para sonhar com a casa nova”, diz, apontando para a construção.

João Dias também é morador do Polo Agroflorestal Dom Moacyr e tem como atividade principal o cultivo de laranja, tangerina, banana, hortaliças e macaxeira. Ele está iniciando a criação de peixes. Dias colheu este ano 100 sacas de 50 quilos de laranja e tangerina e vendeu a R$ 1 o quilo para o Programa de Aquisição de Alimento e nos mercados da região, alcançando um rendimento de R$ 5 mil.

Paralelamente tem a hortaliça, cuja produção é o ano todo. Otimista, o produtor informa que toda a produção de hortaliças já está comercializada. “É só colher e entregar. A gente já tem comprador garantido”, diz.

No açude já construído pelo Programa de Desenvolvimento da Piscicultura, o produtor informa que tem 400 peixes do tipo piau, com cerca de dois quilos, prontos para serem comercializados a R$ 8 o quilo, o que deve render mais R$ 6,4 mil. “Aqui no Polo há produtores que chegam a alcançar até R$ 100 mil anuais”, garante o engenheiro agrônomo da Seaprof Diogo Sobreira.

a_criao_de_galinhas__mais_uma_atividade_na_propriedade.jpg

“A nossa vida mudou muito nos últimos anos. Antes a gente até produzia alguma coisa, mas nem tinha para quem vender. Há quatro anos vendo para esse programa do governo”, explica Maria Salete, acrescentando que este ano iniciou a criação de galinhas (Foto: Assessoria Seaprof)

O que é o Pronaf

Mais Alimentos Pronaf Mais Alimentos destina recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural e, assim, cria as condições necessárias para o aumento da produção e da produtividade da agricultura familiar. O limite de crédito é de R$ 130 mil, que podem ser pagos em até dez anos, com até três anos de carência e juro de 2% ao ano.

O que é o Programa de Desenvolvimento da Piscicultura

O programa tem como objetivo desenvolver a atividade no Acre, tornando-o referência na região amazônica. O governo do Estado vai construir toda a infraestrutura necessária. Rio Branco será contemplado com um centro tecnológico avançado de alevinagem, uma fábrica de ração para peixe e um frigorífico, que fará a limpeza, resfriamento, congelamento e filetagem do peixe.

O Vale do Juruá também será beneficiado com a implantação de um núcleo de piscicultura em Cruzeiro do Sul, com alevinagem e frigorífico. Os empreendimentos representarão polos de atração, beneficiando produtores de municípios circunvizinhos.

Com investimentos de R$ 53 milhões, o programa tem como meta produzir 20 toneladas de peixes por ano. Serão priorizadas as principais espécies de peixes do Estado – tambaqui, pintado e pirarucu -, além de espécies secundárias.

Com a meta atingida, serão criados dois mil empregos diretos e cerca de dez mil indiretos, com a implantação de quatro mil hectares de lâmina d’água.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter