Investimento tem valor histórico para as populações da floresta, garantindo renda e preservando o meio ambiente
A castanha é o principal produto de exportação do Acre e vai continuar se consolidando como um importante item no desenvolvimento econômico do Estado. Nesta sexta-feira, 27, o governador Tião Viana inaugurou a nova Usina de Beneficiamento de Castanha-do-Brasil, em Brasileia. A obra, que custou R$ 4 milhões, beneficia 1.111 famílias extrativistas, gera 160 empregos diretos e 40 indiretos e permite a produção de cinco mil quilos por dia e 1,21 milhão de quilos por ano.
Esse foi um passo ousado no processo de industrialização da castanha, que garante geração de renda para os moradores da floresta – que coletam as amêndoas – e para quem vive na cidade, que trabalha nas fábricas. A castanha beneficiada nas usinas acreanas, que terá certificação mundial, já é vendida para a indústria alimentícia Nutrimental, que fabrica, entre outros produtos, barrinhas de cereais. Agora a Nestlé será a próxima cliente.
"O Acre entrou na era da industrialização. Essa usina é um empreendimento que gera R$ 20 milhões por ano, é administrada por trabalhadores que pagam as contas dos empréstimos antes do vencimento das parcelas e conseguem ser a melhor administração empresarial do Estado. É uma indústria que tem valor social, histórico e econômico. Temos no Acre a usina mais moderna do mundo, com tudo de mais avançado nessa área. Nós conseguimos gerar aqui R$ 20 milhões a partir de um produto que nos foi dado por Deus, que é a castanha, que está na floresta, que ninguém precisou plantar ou cultivar. Nós temos que valorizar isso", disse o governador Tião Viana.
A usina beneficia coletores de castanha dos municípios do Alto Acre (Brasileia, Xapuri, Epitaciolândia e Assis Brasil). "Tenham certeza de que, mesmo a usina estando localizada em Brasileia, nós, de Assis Brasil, seremos tão beneficiados quantos os extrativistas daqui. Essa é uma obra de grande alcance econômico e social", acrescentou a prefeita Eliane Gadelha.
Nova usina vai garantir produção de 1,2 milhão de quilos de castanha beneficiada por ano
Com a reforma da estrutura antiga da usina e a chegada dos novos equipamentos – que utilizam a tecnologia mais avançada do mundo -, a usina passou de uma produção de 290 mil quilos para mais de 1,2 milhão de quilos beneficiados por ano. O faturamento também deu um salto importante, saindo de R$ 5,8 milhões para R$ 24,2 milhões – um aumento de 76% no faturamento.
"Essa é a usina mais moderna da Amazônia e com a tecnologia mais moderna do mundo. São 300 mil latas de castanha por ano sendo beneficiadas em três turnos. A fábrica não vai parar. Juntando com a usina de Xapuri, são mais de dois mil extrativistas beneficiados, mas ainda assim não conseguimos beneficiar toda a nossa castanha. Por isso já temos em caixa R$ 10 milhões para uma nova indústria de castanha dentro da ZPE [Zona de Processamento de Exportação], que será administrada pela Cooperacre, a empresa melhor administrada no Acre, além de duas novas usinas privadas. E aí, sim, vamos poder pegar toda a nossa castanha e beneficiar aqui, sem precisar vender nenhuma lata para a Bolívia", disse o secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães.
O deputado Astério Moreira lembrou que um investimento como esse não tem apenas valor econômico, mas histórico. "Essa é uma mensagem clara que os nossos antepassados, numa história não muito distante, nos deixaram. Eles morreram nos seringais cortando seringa e colhendo castanha, lutando para que a nossa floresta ficasse de pé. Uma fábrica como essa, que beneficia as populações tradicionais, tem valor histórico, valor imaterial", afirmou.
A luta dos personagens que fizeram da História do Acre um caminho de desenvolvimento sustentável, tentando mostrar que é possível ganhar dinheiro preservando a floresta, também foi lembrada por Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão. "Este é um momento histórico. Porque chegamos a um ponto em que a geração de empregos a partir da floresta não é mais apenas para quem vive na floresta, mas também para os jovens que vivem nas cidades. Agora, que fique claro que isso aqui não caiu do céu. É fruto de muita luta, de muito esforço e de um projeto político que precisamos continuar apoiando."
A Cooperacre, cooperativa de trabalhadores que administra as usinas de beneficiamento de castanha, conseguiu, graças à organização, crédito junto ao Banco da Amazônia de R$ 5 milhões para capital de giro e compra de produção no ano passado. Manoel Monteiro, um dos coordenadores da Cooperacre, explica que, sem garantia de compra, os trabalhadores da floresta sofriam numa relação injusta com o mercado que esperava pela sua produção. O crédito concedido às cooperativas mudou essa relação, valorizou o produto e tornou mais justa a distribuição da riqueza gerada pela castanha. "Esse é um passo muito importante que damos para consolidar essa economia sustentável, que reúne mais de dois mil coletores de castanha e garante renda para as famílias", comentou.
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