Presidente da Associação Comercial de Cruzeiro: conclusão da BR-364 significa liberdade para o Juruá

Marcos Venício falou sobres os impactos da obra para a região

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“O ex-governador Jorge Viana iniciou a BR-364 por aqui e integrou o Vale do Juruá. Ele deu tempo para os empresários se prepararem. Tivemos cinco anos para isso. Não vejo uma possível concorrência de fora como empecilho para o empresariado cruzeirense." (Foto: Onofre Brito)

O empresário Marcos Venício Alencar de Souza é cruzeirense. O pai era funcionário do 7º BEC. Durante muitos anos foi bancário, desistiu da carreira e iniciou um pequeno ponto comercial na entrada do mercado em Cruzeiro do Sul. A Frutty Frios inovou e fez sucesso, passou a comercializar produtos como tomate fora das "touquinhas" e começou a oferecer vários produtos, do bacalhau à fruta cristalizada.

Como no local era impossível crescer, Marcos procurou uma alternativa e no ano 2000 inaugurou em Cruzeiro do Sul o primeiro comércio de bairro completo, com açougue e padaria: o Mercantil Modelo, na subida da Avenida 25 de Agosto. O negócio, que começou com cinco funcionários, cresceu e hoje conta com 38. Até  dezembro, o empresário vai ampliar o espaço físico do estabelecimento, que chegará a 900 metros quadrados de área construída, alcançando a estrutura de um supermercado.

Ele também dirige a Associação Comercial do Alto Juruá (Acaj), entidade fundada em junho de 1909. Com 84 associados, a Acaj emprega muitos cruzeirenses. O comércio como um todo é o segundo maior empregador na cidade, somente suplantado pelo governo do Estado e à frente da prefeitura municipal. Marcos é um defensor da Acaj. “Defendemos nossa cidade e procuramos fazer o melhor para a população. Não queremos ser vistos como exploradores, mas fazer um trabalho digno pela população”, afirma.

Marcos Venício participou da primeira travessia sobre a Ponte do Juruá e entende que sua conclusão, bem com a conclusão do asfaltamento da BR-364, vai transformar Cruzeiro do Sul.

Ligação definitiva do Acre

Marcos Venício: “A conclusão da BR-364 trará a libertação para nosso povo. O verão é o período em que todo mundo ganha. A população come melhor, há produtos novos no mercado, com validade mais nova. O empresário consegue respirar porque tem a mercadoria chegando mais rápido ao seu estabelecimento. No inverno não é fácil para carregarmos a balsa, às vezes falta dinheiro para comprar mercadorias. Corremos para o banco, para obter capital de giro, pagamos juros altíssimos. Então a gente tem um sacrifício imenso no período de chuvas para manter um bom serviço para a comunidade. Sempre fomos defensores da BR, fico até constrangido quando vejo alguém dizer que existe um empresário que é contra, porque na minha concepção se o cidadão é contra a abertura é contra o desenvolvimento. Do jeito como trabalhamos aqui, a única saída para o povo e os empresários é a abertura definitiva da BR-364”.

Ponte do Juruá

Marcos Venício:
“Nada melhor do que ter uma ponte dessa magnitude [a maior do Acre] em Cruzeiro do Sul, ela é o novo cartão-postal da cidade. Sempre tivemos a catedral como referência, e agora a ponte será um novo símbolo, vai embelezar a cidade e principalmente trazer muito favorecimento para o nosso povo. Vai facilitar a vida em Rodrigues Alves. O povo do bairro Miritizal, que vive na exclusão total, vai ter a vida transformada. Com a ponte o desenvolvimento vai chegar”.

Concorrência

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"Temos a 200 quilômetros daqui uma cidade [Pucallpa] de 400 mil habitantes. Aqui pertinho temos cimento barato, alumínio e muitos outros produtos. O Peru compra muita coisa de São Paulo, e de São Paulo ao Peru de navio dá uns 15 dias, enquanto por terra de São Paulo até aqui [Cruzeiro do Sul] se gasta cinco dias. Podemos virar um polo distribuidor para o Peru, que é um mercado fantástico." (Foto: Onofre Brito)

Marcos Venício: “O ex-governador Jorge Viana iniciou a BR-364 por aqui e integrou o Vale do Juruá. Ele deu tempo para os empresários se prepararem. Tivemos aí cinco anos para isso. Não vejo uma possível concorrência de fora como empecilho para o empresariado cruzeirense, porque o empresário que tem medo da concorrência, infelizmente, tem que sair do mercado. A concorrência sempre foi saudável para todo mundo, porque o cliente tem a liberdade de escolher o que é melhor. Então quem for melhor vai ficar no mercado, isso é uma regra. Temos apenas que estar preparados para prestar um bom serviço à coletividade, porque nosso maior patrimônio é o cliente. Eu particularmente não tenho medo. Empresários estão se preparando, melhorando suas estruturas. A cidade acaba de inaugurar um hotel belíssimo. Já há outros empresários pensando em investir em novos hotéis. Temos três supermercados fazendo novas estruturas. Nós também estamos planejando aumentar o espaço físico. Então tudo isso é preparação para quando a estrada abrir. Nós já estamos radicados aqui em Cruzeiro do Sul. Os concorrentes vão chegar aqui e fazer sua clientela, nós já temos nossa clientela. Se a concorrência fosse assim um problema, em Rio Branco os empresários teriam sumido, mas vemos que muita gente prosperou e é gente de lá mesmo. Ademais, a população de Cruzeiro do Sul vai aumentar; a cidade vai dar um salto muito grande, vai ter mais gente consumindo e acho que tem espaço para todos”.

Transporte por balsa

Marcos Venício:
“Algumas pessoas pensam que não, mas eu acho que vai ficar muito restrito o transporte de mercadorias via fluvial. Algumas mercadorias como cimento, talvez o refrigerante e o gás, que vêm de Manaus, vão continuar, mas, no restante, pouca coisa vai ser transportada por balsa. Será que alguém vai esperar 45 dias para a balsa chegar, quando pode ter essa mercadoria em três ou quatro dias por caminhão? Não faz sentido. Acho que apenas 30% do que é transportado hoje por balsa continuará com abertura definitiva BR-364”.

Voos

Marcos Venício: “Com a abertura da BR não sei se vai continuar a ter três voos diários para a cidade, mas vai melhorar na questão de preços de passagens, porque daí a concorrência vai se acirrar. Hoje a Gol cobra até 500 reais pelo trecho até Rio Branco. Mesmo com a abertura da BR, a empresa vai querer manter seus dois voos diários, mas se verá obrigada a estabelecer um novo patamar de preço para as passagens, se quiser concorrer com os ônibus”.

Intercâmbio com o Peru

Marcos Venício: “Sou um dos que participou desse processo todo desde o começo e sempre defendi. Às vezes você vê as pessoas falando, mas não tem noção do negócio. O comércio não se limita a frutas e verduras. Temos a 200 quilômetros daqui uma cidade [Pucallpa] de 400 mil habitantes. Aqui pertinho temos cimento barato, alumínio e muitos outros produtos. O Peru compra muita coisa de São Paulo, e de São Paulo ao Peru de navio dá uns 15 dias, enquanto por terra de São Paulo até aqui [Cruzeiro do Sul] se gasta cinco dias. Podemos virar um polo distribuidor para o Peru, que é um mercado fantástico”.

Rodovia ou ferrovia?

Marcos Venício: “A gente sabe que uma rodovia causa um impacto ambiental muito grande, e acho que a ferrovia, mesmo que seja mais cara, tem impacto menor. O que é muito bom para a nossa região. Você vê que na Europa é só trem. Então, o governador Tião Viana está no caminho certo”.

Política

Marcos Venício: “Agradeço ao presidente Lula, eu sou um dos seus fãs, pelo que fez por nossa região. Tenho muito apreço pelo governador Tião Viana, desde quando era senador, e muita gratidão ao ex-governador Jorge Viana por tudo o que fez pelo Juruá. Acredito que o propósito deles é sempre o melhor para o Acre”.

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