Inaugurado no último domingo pelo governador Binho Marques, é mais uma homenagem ao povo do Vale do Envira com a identidade da região
Pela via rodoviária, a cidade de Feijó está localizada a meio caminho de Cruzeiro do Sul e Rio Branco, tornando-se cada vez mais parada obrigatória para os visitantes que desejam conhecer melhor a vida sócio-cultural e econômica dos vales do Envira/Tarauacá. Neste domingo, 14, a cidade ganhou o Parque do Buritizal, um complexo ambiental, de lazer e conhecimento implantado em uma área de 6,7 hectares ao entorno da antiga pista de avião no centro de Feijó. A primeira fase do parque foi inaugurada pelo governador Binho Marques ao custo de R$ 2.623.439,13. O custo total é de mais de R$ 22 milhões e seus impactos se assemelham aos do Parque da Maternidade, que elevou a qualidade de vida dos moradores de Rio Branco.
Os recursos para esta etapa são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES III) e do Tesouro Municipal. O Estado investiu R$ 2.107.934,52 e a Prefeitura, R$ 515.504,61. Foram construídos vários equipamentos de lazer, como playground, praças namoradeiras, quiosques, sombreadores, pórtico, área de ginástica e quadras esportivas. Nesta fase a Prefeitura implanta a área de esportes. Trata-se de um local onde o trabalhador terá oportunidade não apenas de lazer como de conhecimento e crescimento. Um grande show com o cantor Léo Magalhães abrilhantou a noite de Feijó para marcar a chegada do Parque Buritizal.
A cerimônia de inauguração marcou também a implantação do programa Floresta Digital em Feijó, que agora passa a ser também uma Cidade Digital assim como são Rio Branco, Xapuri e Brasileia, por exemplo. Estiveram presentes ao ato de entrega o secretário de Obras Públicas, Eduardo Vieira, o presidente da Assembleia Legislativa, Edvaldo Magalhães, o líder do Governo na Aleac, Moisés Diniz; o prefeito Raimundo Dindim, a deputada federal Perpétua Almeida, além de lideranças polícias e comunitárias. O governador demonstrou todo seu carinho pelo município de Feijó, apresentou os grandes investimentos que foram ou estão em andamento na região (como as pontes do rio Envira e igarapé Diabinho, a BR 365, o anel viário e muito mais), afirmando que a participação da comunidade foi fundamental para a consolidação do projeto. "Esta é uma obra de todos, pertence a toda sociedade de Feijó", disse.
O Parque do Buritizal está sendo implantado numa região rica em árvores de buriti e açaizais, tendo como outros equipamentos área para circulação de ciclistas e pedestres, iluminação diferenciada e paisagismo que privilegia espécies regionais.
O Parque Ambiental do Buritizal é um projeto que começou a ser desenhado ainda no mandato do ex-governador Jorge Viana, mas a concretização só foi possível a partir da ação política das lideranças de Feijó, como os ex-prefeitos Francimar Fernandes e Juarez Leitão, que trabalharam pela criação do Plano Diretor do Município. Devido à beleza do local, deu-se início a uma ocupação desordenada, que gerou mais de 500 casas no buritizal. O esgoto produzido nas residências gerou um problema ambiental e de saúde pública. O Plano Diretor transformou a região em área de proteção e limitou a ocupação. Esse aspecto da atuação política dos últimos prefeitos foi destacado pelo presidente da Aleac: "Elogio a prefeitura que não permitiu que este espaço fosse tomado por alguns", disse Edvaldo Magalhães, afirmando que o Parque Buritizal "é o mais bonito dos municípios". Feijó foi a primeira cidade do Acre a ser orientada por um Plano Diretor debatido com a sociedade e orientado pelo Estatuto das Cidades.
Pista levou Feijó à modernidade: monumento com rolo compressor puxado a boi resgata história
Aos 72 anos, e mesmo aposentado, o ex-servidor público federal Francisco de Souza Braga leva uma vida muito produtiva. Há três anos, por exemplo, está escrevendo o livro que já tem o título de "Era um pequeno vilarejo", um relato da história de Feijó. Os trechos marcantes da vida feijoense invariavelmente passam pelos acontecimentos envolvendo a velha pista de avião no centro da cidade, hoje o Parque do Buritizal.
A pista teve sua construção iniciada em 1937 por determinação do governo estadual, que designou Raimundo Augusto de Araújo para a execução do projeto. A pista foi concluída em 1940 com cerca de 700 metros de extensão. Na época, a compactação do solo foi feita por dois rolos compressores montados com uma mistura de ferro e concreto. De tão pesado, nada menos que quatro juntas de bois (oito animais). Feijó chamava-se vila Vista Alegre e Augusto Araújo tinha também a missão de organizar institucionalmente o lugar, preparando-o para a emancipação política e administrativa. A pista foi inaugurada em 1940 com a apresentação de um avião cujas asas eram de lona. A aeronave viajou do Rio de Janeiro ao interior do Acre para a festa de entrega da obra que, na opinião de Francisco de Souza Braga, simbolizou o ingresso de Feijó na modernidade. "O aeroplano pousou e em seguida fez nova decolagem. Ao tentar pousar, teve problemas e quebrou as asas, que eram frágeis", contou o escritor, que já foi vereador por quatro mandatos.
Anos depois a pista teve sua extensão ampliada para 900 metros. Em 1968, o prefeito Alcimar Leitão mandou pavimentá-la com tijolos. O trabalho ficou muito bem feito, o que deu a Feijó a fama de ter o melhor aeródromo do Acre.
Um dos rolos compressores foi desmanchado para que o concreto fosse usado na construção de uma quadra esportiva. O outro ficou abandonado perto da pista. "Eu vivia falando que o rolo tinha de ser preservado", lembra Souza Braga. O rolo virou símbolo do Parque Buritizal. O Governo do Estado o transformou em um monumento, com uma estátua em fibra de um boi puxando-o como nos idos da década de 1930.
Uma outra concepção
Trata-se de um projeto ambicioso e por isso está sendo implantado por etapa. O parque terá equipamentos baseados na arquitetura das casas de Feijó -única na Amazônia. A Secretaria de Obras Públicas realizou um diagnóstico sobre a arquitetura feijoense, identificando-a como inspirada nos barcos que circulavam no começo do século passado, nos tempos da colonização da região. É arquitetura é ímpar, que traz uma identidade muito própria de Feijó. Os traços das casas são suaves, cheio de curvas e uma combinação de cores raramente vista na arquitetura amazônica. Os quiosques e tendas estão entre os equipamentos que serão construídos com a arquitetura naval.
O QUE ELES DISSERAM
{xtypo_quote}É um espaço de todos. Todos devem cuidar dele.
Eduardo Vieira, secretário de Estado de Obras Públicas{/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Agora temos onde levar as crianças para brincar e se divertir.
Francisco Alberto Duarte, diarista, pai de Luziele, de 4 anos, e Luciano, de 5{/xtypo_quote}