Curso ministrado pela ANDE é promovido pela Setul e SEE e terá aulas teóricas e práticas
Qual a capacidade do ser humano de ultrapassar os seus limites, mesmo tendo que vencer barreiras físicas? Esta pergunta deverá ser respondida pela equipe da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande) responsável por capacitar profissionais da área da saúde e educação para incentivar pessoas com paralisia cerebral a praticar modalidades esportivas. A partir desta quarta-feira até o próximo sábado, 9, o Seminário de Capacitação em Desporto Paraolímpico reúne nas dependências do estádio Arena da Floresta, professores de Educação Física, fisioterapeutas, estudantes, familiares para aulas teóricas e práticas com o objetivo de difundir as tecnologias e conhecimentos disponíveis atualmente na promoção principalmente da modalidade bocha, considerada atividade limítrofe para os paralisados cerebrais.
"Se não conseguirem praticar a bocha essas pessoas dificilmente conseguirão realizar outra modalidade desportiva", explica um dos diretores da Ande, Artur Cruz, que integra a equipe que viaja todo o mundo para levar informação e apreender as novas tecnologias usadas em favor da difusão da bocha. Trazida ao Brasil com esta finalidade em 1996, o esporte teve uma rápida ascensão chegando em dez anos a apresentar atletas medalhistas em competições internacionais. "Queremos que pessoas excluídas por suas famílias, pela escola, pela sociedade tenham uma chance de inclusão com a prática desportiva. Nossa intenção é formar profissionais com os mesmos conhecimentos que têm Europa e EUA. Ao sair daqui eles estarão capacitados pra fazer aqui no Acre o que se faz lá fora", garante o presidente da Ande, professor Ivaldo Brandão.
No Acre, 17 jovens praticam a bocha às terças e quintas-feiras na Escola Dom Bosco que possui uma pista própria. Quatro deles participaram dos Jogos Escolares Paraolímpicos e tiveram um desempenho importante apesar de não conseguirem trazer medalhas. "Foram estes resultados apresentados pelo Acre que chamaram a atenção da Ande. O estímulo à prática esportiva merece cada vez mais a atenção do poder público e a criação de políticas voltadas para essas pessoas. Esse curso vai identificar quais as necessidades que o Estado tem nesse sentido e quais medidas deve-ser tomar para supri-las para implantar definitivamente a bocha no Acre", diz o secretário de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques.
O foco, segundo o fisioterapeuta Geison Lopes, é localizar pessoas com paralisia cerebral que estão no ensino regular que tenham potencial para praticar o esporte, cujos maiores benefícios são desenvolver a capacidade psicomotora e a disciplina. Ele esclarece que há quatro níveis de graduação da bocha dependendo do nível do atleta. "Todos os jovens que estudam na Escola Dom Bosco jogam bocha. Queremos alcançar os que estão na escola regular. É emocionante ver que pessoas que nunca sequer saíram de casa porque os pais tinham vergonha, agora praticam a bocha".
O seminário servirá também para implantar o projeto no Acre que tem o apoio da Secretaria de Estado de Educação. A coordenadora do departamento de Ensino Especial da SEE, Cláudia de Paoli, lembra que entre os paralisados cerebrais há muitas pessoas com grandes habilidades. "Precisamos ampliar a oferta e dar uma oportunidade para que as pessoas possam realizar seus sonhos para mostrar a si mesmos e aos outros que têm condições de ultrapassar seus limites".