Em três dias, Bolívia e Rondônia produziram mais de 25 mil focos de calor. Há previsão de chuva e friagem no domingo e saúde alerta para cuidados com crianças e idosos
A mudança na direção dos ventos, a elevação da temperatura e a baixa umidade relativa do ar são os responsáveis pelo fumaceiro que toma conta de Rio Branco desde a quinta-feira, 30. Os ventos chegaram a 25 quilômetros por hora e a umidade despencou para 26% entre quarta-feira e a manhã desta sexta-feira, 1. Para complicar, os dias são muito quentes ultimamente: na quarta e quinta-feira, por exemplo, os termômetros marcaram 39º C e 41º C, respectivamente. A sensação térmica chegou a 43 graus.
Na quinta, os ventos se moviam no sentido noroeste-norte, passou para oeste e hoje está de sudeste para noroeste, trazendo a fumaça produzida pelos focos de calor na Bolívia, Amazonas e Rondônia. Soma-se a esses fatores o crescimento dos focos de calor nas regionais do Alto e Baixo Acre.
Entre os dias 27 de setembro e a manhã de 1º de outubro foram registrados 1.072 focos de calor no Estado do Acre contra 7.981 em Rondônia e 18.324 na Bolívia. O Departamento boliviano do Bene concentra o maior número de incêndios.
Criada em agosto passado pelo governador Binho Marques dentro de uma série de medidas para avaliação e enfrentamento às queimadas, a Sala de Situação convocou representantes de órgãos como o Incra, Imac e Ibama para avaliar os dado do sobrevoo realizado na região Leste do Acre nesta última quinta-feira visando priorizar as ações onde ocorrem os incêndios. "A fumaça vem principalmente das regiões de Porto Acre, Sena Madureira e Porto Acre", informou José Rodrigues, coronel do Corpo de Bombeiros responsável pela Sala de Situação. A Sala de Situação indicou como ação emergencial a realização de sobrevoos diários até o próximo dia 3, domingo, quando os sistemas metereológicos prevêem mudança na direção dos ventos, chuva e queda na temperatura. Se confirmada a previsão, nos dias 2 e 3 choverá em boa parte do Acre, sendo que no domingo o Estado será atingido por uma friagem que irá derrubar para 17 graus a temperatura.
As queimadas prejudicam o solo e destroem o habitat dos animais. As queimadas agrícolas não são sinônimos de incêndios florestais. Existe a percepção da mudança no horário das queimadas urbanas, que diminuíram no período da manhã e da tarde, mas aumentaram substancialmente à noite. Em 2005, ano da maior tragédia ambiental do Acre, foram registrados 22.948 focos de calor. Este ano, segundo a Sala de Situação, a incidência é bem menor, mas o alerta está mantido. Os números são distantes um do outro, mas o governo busca todas as formas de prevenção para evitar o pior – e a participação da comunidade é fundamental. O médico Osvaldo Leal, secretário de Estado da Saúde, indica quatro medidas para enfrentar o fumaceiro que toma conta da cidade:
- As pessoas devem respeitar as leis e não fazer nenhum tipo de queimada;
- Em dias quentes como os atuais, não realizar atividades físicas extenuantes;
- Lavar os rostos com água corrente contra irritação nos olhos;
- A qualquer sinal de dificuldade para respirar, especialmente em crianças e idosos, procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima.