Estágio na floresta

Alunos da Escola da Floresta realizam estágio na ZAP-BR como prática de final de curso

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Alunos da Escola da Floresta fazem estágio prático nas comunidades da ZAP-BR (Fotos: Luiz Felipe/Sismat)

Capacitação de qualidade para as novas gerações significa melhoria de vida no campo. Essa verdade tem guiado grande parte da mudança na perspectiva de vida de milhares de colonos no estado do Acre. Os cursos e capacitações oferecidos aos filhos de produtores rurais ajudam a difundir as novas tecnologias e práticas de manejo de plantas e animais, sem falar na valorização do meio ambiente como um todo.

Durante um mês, 27 alunos do curso de técnico agroflorestal oferecido pelo Instituto Dom Moacyr, através da Escola da Floresta, têm a oportunidade de estagiar na Zona de Atendimento Prioritário da BR-364. O trabalho juto aos produtores rurais da região é uma das últimas tarefas antes de receberem o diploma. Durante os 15 dias que cada metade da turma passa na ZAP-BR, os alunos aperfeiçoam o uso dos equipamentos, como o GPS, e aprendem a traduzir as necessidades e sonhos dos produtores em informações para o diagnóstico detalhado de cada propriedade.

O programa de atendimento da BR-364 foi criado com a intenção de valorizar a região e as famílias que há gerações enfrentam o isolamento, que diminui a cada metro asfaltado. A pavimentação é a realização de vários sonhos das famílias, como escoamento da produção, aporte de assistência técnica, acesso à saúde e educação. Isso sem falar no direito mais básico de qualquer cidadão, o de ir e vir.

O investimento do Governo do Estado na região gira em torno de R$ 55 milhões e as frentes prioritárias são a assistência social, saúde, educação e produção sustentável. O desenvolvimento da região é uma das formas de mitigar os impactos ambientais gerados pela construção da estrada, além de ser um mecanismo para evitar a pressão fundiária na floresta quando a estrada estiver aberta e garantir que os benefícios do asfalto sejam colhidos por quem de direito: as famílias que resistiram anos e anos no isolamento.

A coordenação do trabalho realizado na ZAP-BR é do Instituto de Terras do Acre – ITERACRE, que mantêm técnicos e engenheiros agroflorestais, de inverno a verão, sediados na UGAI do Jurupari. É a parceria entre o ITERACRE e o Instituto Dom Moacyr que possibilita o estágio dos jovens na região. Além de aprender com os profissionais, eles dão uma valorosa ajuda no trabalho de apoio e diagnóstico das propriedades.

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São 27 alunos que concluem o curso de técnico agroflorestal oferecido pelo Governo do Estado, por meio do Instituto Dom Moacyr (Foto: Luiz Felipe/Sismat)

Sonhos que se transformam em realidade

 

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Odilon Silva e família comemoram desenvolvimento da região (Foto: Luiz Felipe/Sismat)

"Eu sempre esperei essa estrada, e agora ela vai sair. Eu quero ficar mesmo, porque agora vai acabar a lama". O serviço de drenagem e terraplanagem já está avançado em frente à propriedade do senhor Odilon Silva e sua esposa Maria do Carmo Silva. O casal olha com esperança o final da estrada no horizonte e enxerga, principalmente, um futuro melhor para os sete filhos. Todos moram na ZAP-BR com os pais e o mais novo tem apenas 5 anos de idade. "Eu fico com o coração apertado de ver eles estudando tão longe, na casa da professora. Mas com a ajuda do governo, agora, isso vai mudar", completa dona Maria do Carmo.

 

A família mora há 11 anos na região e já enfrentou muitas dificuldades. O senhor Odilon conta que "logo que a estrada foi aberta, eram 3 a 4 dias em lombo de animal até Manoel Urbano. E quando alagava tudo mesmo ninguém ia nem vinha", explica. Com o asfalto, os 38 quilômetros que separam a propriedade do município poderão ser vencidos em meia hora de automóvel. O que para ele vai ajudar bastante na hora de escoar a sua produção.

Tanto os jovens da Escola da Floresta, quanto os engenheiros responsáveis do ITERACRE, ficaram impressionados com o zelo do senhor Odilon com sua propriedade. A área desmatada é pequena e mesmo assim ele planta banana, milho, mamão, macaxeira, café e tem várias fruteiras (tangerina, goiaba, caju). Ainda conta com uma estrada de seringa que lhe rende cerca de R$ 300 por mês.

O trabalho de diagnóstico da região realizado pelo Instituto tenta transformar os sonhos dos moradores em realidades apoiadas por iniciativas do governo, como o Programa de Certificação da Propriedade Rural Sustentável. O senhor Odilon sonha com uma casa de farinha para a comunidade e com açudes na sua propriedade. A senhora Maria do Carmo, com uma escola mais próxima para os filhos estudarem. E o pequeno Tiago, filho do casal, sonha com os aviões que cruzam o céu acima da ZAP-BR.

Amadurecimento profissional

A presença dos estagiários deixa o clima da UGAI do Jurupari mais descontraído. Em todos os jovens estão sempre presentes o sorriso nos lábios e os olhos cheios de expectativas para o futuro. Não lhes afeta a responsabilidade que assumem com tanta garra: a de contribuir com uma profunda mudança na cultura rural e florestal do Acre. O Estado tem investido forte na transformação da cultura de exploração indiscriminada dos recursos da natureza em uma cultura de desenvolvimento sustentável. E estes jovens desempenham um papel fundamental neste processo.

Entre as últimas obrigações do curso antes da formatura, assim como o estágio, está a organização de um curso nas comunidades de cada aluno. O professor do curso é o próprio aluno, que foi escolhido pela sua comunidade para assumir uma vaga na Escola da Floresta. O curso que ele oferece agora, antes de se formar, é uma forma de agradecimento pelo voto de confiança na comunidade. "Achamos que amadurecemos muito na escola e aqui na ZAP-BR. A prática ensina muito. Hoje a nossa comunidade já olha diferente pra gente", explica o estagiário Juscelino Rufo.

A jovem Anúbia Ormonde conta que também mudou muito, depois das últimas experiências. Antes não tinha o menor interesse pela terra e as coisas da família. Hoje sonha em ajudar a recuperar a propriedade do pai e dos vizinhos. "Eu penso em trabalhar com avicultura, piscicultura, fazer piquetes, SAFs, e usar a Mucuna para recuperar algumas áreas. Vou trabalhar para ajudar a pagar o financiamento que fizemos. Tenho certeza que podemos melhorar muito", conta Anúbia.

De acordo com o responsável pela UGAI, Erivelton Lima, os alunos aprendem muito com a prática. E a experiência do estágio os credencia na hora de batalhar pelo primeiro emprego. "Eles manusearam os equipamentos, aprenderam a abordar os produtores rurais e conheceram uma realidade totalmente diferente deles, já que eles vêm de regiões mais desenvolvidas. E aprendem também uma coisa fundamental: a trabalhar em equipe", finaliza Erivelton.

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