Da castanha à arte: a história da Usina

Alunos do curso de cinema realizam documentário sobre a Usina de Arte. Binho Marques é um dos entrevistados

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Alunos do curso de cinema da Usina de Arte entrevistaram o governador Binho Marques sobre a história desse importante espaço histórico do Acre (Fotos: Gleilson Miranda/Secom)

Inaugurada em 24 de abril de 2006, a Usina de Arte começou a funcionar regularmente com cursos de teatro, cinema e música, transformando-se em um importante polo irradiador de cultura no Acre. A Usina de Arte abrigou uma usina de beneficiamento de castanha e que vinha servindo como depósitos de materiais inservíveis do Estado e que estava abandonada há mais de uma década, transformando-se em depósito de máquinas obsoletas.

Com base no projeto criado pelo governador Binho Marques na época em que era secretário de Educação, o antigo galpão da usina passou a contar com teatro, salas de aula, salas de exposição, restaurante e biblioteca. As caldeiras da antiga usina de castanha foram mantidas e o espaço transformado em restaurante. Os silos passaram por mudanças. O projeto foi executado com recursos do BNDES e hoje oferece formação técnica em comunicação e artes.

Alunos do curso de cinema estão fazendo o documentário "Da castanha à arte: a história da Usina", com duração de cerca de trinta minutos que pretende resgatar a trajetória do maior projeto artístico-cultural do Acre, enfocando o início do empreendimento e destacando a greve das quebradoras de castanha, movimento que contou com apoio de um grupo de estudantes de História da Universidade Federal do Acre (Ufac). Além de militantes como Júlia Feitosa e Marina Silva, o governador Binho Marques participou do movimento. Esse período foi relatado pelo próprio Binho em entrevista concedida ao grupo de alunos-documentaristas na Secretaria de Educação nesta quinta-feira, 2. "Para quem fazia greve por centavos no restaurante da universidade, participar de um greve de operárias era o máximo. A gente tinha uma visão colonizada da militância e ficamos sabendo que estava acontecendo a greve das quebradoras de castanha", relatou o governador. "As condições eram difíceis. Viviam num regime de trabalho árduo. Havia misto de sofrimento com pessoas que compartilhavam suas vidas umas com as outras", completou, lembrando que os militantes estudantis não foram bem-recebidos pelo movimento. "Aquelas mulheres fizeram um movimento espontâneo. Só depois chegaram os ‘militantes profissionais’".

Tempos depois, numa ação para potencializar o movimento do rock, Binho sugeriu ao então presidente da Fundação Elias Mansour, Jorge Henrique, que fossem avaliar a velha usina de castanha para fazer dali um espaço musical. "Parecia um filme de ficção científica. Tudo estava como havia parado. A gente foi andando e de repente abriu aquele silo enorme", contou o governador acerca da surpresa que teve quando caminhou pelo interior da usina. Durante a greve das quebradoras, os estudantes tiveram de ficar do lado de fora. A partir daquela visita, Binho decidiu que o local não seria apenas um ambiente roqueiro, mas de todas as artes. Remoção de paredes e outras medidas foram adotadas para realçar elementos emblemáticos e esteticamente interessantes, como os silos. "A Usina continua sendo realmente uma usina. O nome é para fazer uma ‘usinagem’ nessa turma que está a fim de fazer muita coisa mas teve pouca oportunidade", disse o governador.  Em sua época, várias eram as oportunidades para aprender e manfestar-se com arte e cultura. Mas os tempos mudaram e a Usina surgiu para suprir determinados vazios nesse segmento. "Um Acre melhor precisa de pessoas usinadas", finalizou o governador.

Trabalham no documentário Maíra Menezes (produção e direção), Daniela Andrade (produção e direção), Carina Cordeiro (fotografia e produção), e Ítalo Rocha (monitor). "Escolhemos o governador porque ele esteve na greve das quebradoras de castanha e porque é dele a ideia da Usina de Arte", explicou Maíra. O documentário integrará mostra de curtas que os alunos realizarão nos próximos meses.

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