Baixa umidade, pouca chuva e ventos podem gerar incêndios fora de controle no Acre. Na região leste, previsão é de alto risco a crítica. Autoridades pedem apoio da população
Instituições ligadas à defesa do meio ambiente estão fazendo um alerta: as condições climáticas, possibilidade de ventos fortes, falta de chuva e baixa umidade do ar podem tornar fora de controle qualquer queimada urbana ou rural. Em reunião realizada nesta quinta-feira, 22, no auditório do Ministério Público Estadual, representantes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Secretaria de Meio Ambiente de Rio Branco (Semeia), Coordenadoria de Meio Ambiente do MPE e Corpo de Bombeiros pediram ajuda da população para evitar as queimadas.
O número de focos de calor, de acordo com estudo do pesquisador Irving Foster Brown, da Universidade Federal do Acre (Ufac), faz do leste do Estado uma região enquadrada como de alto risco e crítica para incêndios que podem sair do controle. Foster Brown utiliza dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Pelas condições climáticas, de pouca chuva, vegetação seca, baixa umidade e ventos, há um ambiente propício para repetir o que aconteceu em 2005, e isso é o que não queremos", disse Cleísa Cartaxo, diretora-presidente do Imac, ao deixar claro que grandes problemas podem ocorrer se a população não colaborar e parar com as queimadas.
A situação é realmente preocupante. "Na semana passada atendemos 42 chamadas de queimadas na cidade de Rio Branco e na zona rural", informou o coronel Flávio Pires, comandante-geral do Corpo de Bombeiros. O grande número de ocorrências, além de todos os complicadores, gera demora no atendimento de novos casos. O impacto ambiental das queimadas envolve a fertilidade dos solos, a destruição da biodiversidade, a fragilização de agroecossistemas, a destruição de linhas de transmissão (recentemente, Rio Branco ficou sem eletricidade por algum tempo em virtude de o fogo ter atingido o cabo de transmissão) e outras formas de patrimônio público e privado, a produção de gases nocivos à saúde humana, a diminuição da visibilidade atmosférica, o aumento de acidentes em estradas e a limitação do tráfego aéreo, entre outros.
As queimadas prejudicam o solo e destroem o habitat dos animais. As queimadas agrícolas não são sinônimo de incêndios florestais. A Semeia percebeu a mudança no horário das queimadas urbanas, que diminuíram no período da manhã e da tarde, mas aumentaram substancialmente à noite. "A comunidade deve colaborar e ajudar na fiscalização", disse Arthur Leite, titular da Semeia. O órgão já efetuou 170 autuações desde o início das queimadas, em maio.
"A previsão é assustadora", declarou a promotora Mery Cristina do Amaral, da Coordenadoria de Meio Ambiente do MPE. "Pedimos que cada cidadão seja um fiscal da sua rua."