Coordenador nacional de controle da malária diz que a região do Juruá tem uma das melhores estruturas do mundo no enfrentamento à malária
A Gerência de Endemias da Secretaria de Estado de Saúde promoveu reunião em Cruzeiro do Sul com todos os servidores do setor para avaliação das ações e controle da malária. Mais de 400 pessoas – de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves – participaram da reunião, entre agentes, microscopistas, digitadores e motoristas, que teve ainda a presença da coordenadora estadual da Gerência de Endemias, Isanelda Magalhães, e do coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Malária do Ministério da Saúde, José Lázaro de Brito Ladislau.
Segundo Isanelda, a reunião, além de divulgação e análise dos dados, buscou também a interação entre os profissionais que trabalham no ramo, visando insuflar ânimo nos trabalhos. A região de Cruzeiro do Sul foi escolhida para local da reunião – explica Isanelda – devido à sua importância epidemiológica, com o maior número de notificações de casos de malária, sendo os três municípios prioritários para o governo no controle da malária.
O coordenador nacional Ladislau participa de reuniões semelhantes em todo o país e para ele o Acre, em especial a região do Juruá, tem uma das melhores estruturas de controle da malária do mundo. Ele destaca que embora seja região de difícil acesso, a dinâmica do trabalho é excelente de forma que se tem as informações relacionadas à malária atualizada diretamente no pela internet. Ele considerou que para criar essa estrutura o grande avanço foi o Estado ter realizado o concurso para os agentes fazendo com que a política dos recursos humanos seja mais estável. "Um dos problemas que temos hoje no controle da malária de modo geral na Amazônia é a alta rotatividade de pessoas em serviço. E o governo do Acre tomou providências no sentido de efetivar os servidores, por intermédio do concurso público. Espera-se que daqui para frente se tenha um controle mais sustentável da malária no Estado", disse.
Malária em declínio
Considerando o período sazonal que ocorre de novembro a abril (muitas chuvas) houve um ligeiro acréscimo em 2009/2010 em relação ao mesmo período em 2008/2009, o que é explicado pela mudança na equipe. No entanto, no período de maio a julho aponta para uma redução de 30% nos casos. Até o final do ano, segundo Isanelda, o Estado do Acre vai obter resultados satisfatórios no controle da malária; ainda mais com o aporte desta nova arma que são os mosquiteiros impregnados. A Gerência de Endemias distribuiu 70 mil desses mosquiteiros nos três municípios e está fazendo o levantamento de sua eficácia. As primeiras amostragens apontam que a os mosquiteiros contribuíram decisivamente para a diminuição dos casos. O Acre é o primeiro estado da federação a utilizar os mosquiteiros impregnados no controle da malária. Os bons resultados obtidos fizeram com que o Ministério da Saúde decidisse ampliar a experiência levando os mosquiteiros a outros estados da Federação. Segundo Ladislau, o Ministério vai adquirir um milhão e cem mil mosquiteiros.
Para Isanelda, os números estão começando a mostrar o resultado dos investimentos que o Ministério da Saúde e o Governo do Estado vem fazendo nesta região desde 2006, devido a uma epidemia que ocorreu em 2006, quando foram notificados no Acre 94 mil casos de malária, sendo que 91% do total na micro região de Cruzeiro do Sul. Somente em contrapartida aos recursos provenientes do Governo Federal, o Governo do Acre investe cerca de R$ 7 milhões por ano nas ações de controle da malária. Só na região do Juruá existem 70 postos de atendimento aos atingidos pela malária.
Número de casos despenca no Brasil
Segundo Ladislau, a estratégia para enfrentamento à malária é o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e adequado, no sentido de interromper a cadeia de transmissão e tratar as pessoas o mais rapidamente possível evitando o agravamento da doença. Ele conta que no ano 2000 havia mais de 20 mil internações por ano devido à malária enquanto no ano passado o número caiu para 04 mil internações. Em 2000 houve 1.245mortos por malária; em 2009 morreram 70 por malária. Para ele, a gravidade da doença diminuiu e isto se deve à ampla rede de serviços fomentada na Amazônia, onde acontecem 99,7% dos casos de malária no país. Em 2000, havia 1.180 pontos de laboratório, atualmente existem mais de três mil pontos. "Isto faz com que o acesso seja mais oportuno e as pessoas tenham um tratamento mais adequado", assevera Ladislau.