Para sempre Chico Pop

Festival Chico Pop encerra suas atividades com duas noites de show homenageando um dos maiores jornalistas do Acre

Francisco Ventura de Menezes foi o primeiro jornalista cultural do Acre. Mais do que um jornalista. Chico Pop, como ficou conhecido, foi um dos maiores agitadores da cena cultural acreana, um marco de uma geração de artistas acreanos que realmente se empenharam em mostrar seu trabalho para a sua terra. E nada mais justo para homenagear a memória de Chico Pop, do que celebrar aquilo que ele tanto valorizou: a cultura acreana. E foi assim, que após uma semana de atividades, o Festival Chico Pop encerrou suas atividades, com um final de semana de shows que valorizaram acima de tudo a diversidade da música acreana.

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Banda O Sonso foi uma das convidadas especiais do Festival Chico Pop
(Foto: Gabriel De Angelis/cedida)

E realmente, a palavra mais correta para definir o encerramento do Festival Chico Pop é "diversidade". Ao longo das duas noites, o público pode prestigiar um pouco de tudo o que nossos artistas trazem, desde o heavy metal da banda Survive, o melhor do grupo Roda de Samba, o rock poético da banda Camundogs e o som inconfundível do Bené do Cavaco, que com tanto tempo de estrada, era um dos mais emocionados.

O Festival também funcionou como um ponto de encontro, celebrando a novidade e aquilo que já é um marco da cultura acreana. De um lado, a banda Degradê, trazendo a juventude que celebra o rock. Do outro, Mapinguari Blues, com já bastante tempo de trabalho, público cativo e mostrando que melhoram e inovam a cada show.

Esse ano, o Chico Pop também contou as participações especiais de da banda cearense, destaque do circuito independente, "O Sonso". E mais que especial, durante sua apresentação, eles contaram com a participação de uma das lendas da música brasileira: Gerson Conrad, ex-guitarrista da banda "Secos & Molhados". Além disso, teve Álamo Kário, Clenilson & Os Lendários, Danah Costa e Cappuccino Jack. André Lima, vocalista da Capuccino Jack, banda que já esteve nas outras edições do festival, aproveitou para agradecer, "é um orgulho estar mais vez no Festival Chico Pop, obrigado Coletivo P&ia por mais um convite, vocês que eu acompanhei o trabalho e vi crescer".

Para o encerramento, o público foi presenteado com um show da banda Los Porongas. Com a irreverência e a musicalidade tão apreciada por uma leva de fãs, os porongueiros, que vivem atualmente em São Paulo, trouxeram novas músicas e convidados que subiram ao palco para participações mais que especiais, sendo eles Daniel Groove, vocalista do O Sonso, Carol Freitas, Pia Vila e Aarão Prado, vocalista da Camundogs.

Muito além da música

Mas nem só de música viveu o Festival Chico Pop. Em sua terceira edição, o Festival tomou novas proporções. A começar por passar de apenas um dia de apresentações musicais para uma semana de atividades culturais, agregando novos projetos e realizando novas parcerias. Tudo isso em eventos totalmente abertos à população, com entrada franca, e contando com participação popular.

O Chico Pop deixou então de ser uma celebração musical e passou a ser um Festival de arte. A programação incluiu a exibição do documentário inédito O Teatro de Betho Rocha, workshop de gravação e produção musical, projeto Sempre um Papo com Fabrício Carpinejar, Encontro de Twitteiros Culturais e painéis de discussão sobre música e cultura, contando com a participação de Gerson Conrad (Ex-Secos e Molhados), Diogo Soares (Vocalista Los Porongas), Jorge Anzol (baterista Los Porongas), Aarão Prado (vocalista Camundogs), Daniel Groove (vocalista O Sonso), Rogério Duarte (Professor e ativista cultural) e Daniel Zen (Secretário de Cultura).

Além disso, esse ano, o Festival Chico Pop contou com total apoio do Sistema Público de Comunicação. A TV Aldeia transmitiu as duas noites de show em sua programação, e a Rádio Aldeia, que chega aos 22 municípios do estado, também transmitiu os shows, levando o Festival para todo o estado do Acre. Jorge Henrique, diretor do Sistema Público de Comunicação, disse que "levar a nossa arte e a nossa cultura para os 22 municípios é uma prioridade. Chico Pop merece toda essa homenagem, que eu acho que vai além, e faz um tributo não só ao Chico Pop, mas a tantos artistas do Acre".

Chico eternamente Pop

"Mais que um ativista cultural, uma antena, que captava tudo ao seu redor e passava para as pessoas", contou Aarão Prado sobre Chico Pop. Chico escrevia uma coluna em um jornal local, utilizando o pseudônimo Chico Pop, nas décadas de 70 e 80. "O Pop" era um jornal produzido em Rio Branco voltado para a cultura e a vida social no início dos anos 70. Daí o porquê do nome escolhido por Francisco.

Ele foi uma das primeiras pessoas no estado a trabalhar com jornalismo cultural. Fã de música e poesia, Chico era um dos maiores agitadores da cena cultural acreana. Inclusive, sendo um dos fundadores do FAMP, o Festival Acreano de Música Popular. Hoje, Chico Pop empresta seu nome para o Festival Chico Pop – A cidade se diverte. "É uma homenagem pelo que ele representa para a cultura acreana, colocava a mão na massa, fez parte do fazer cultural, ia desde carregar caixas a mobilizar o artista", lembra Alexandre Nunes, um dos organizadores do Festival. Esperemos muito mais do pop nos próximos anos.


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