Um novo momento para o cinema acreano

Produções audiovisuais começam a surgir como bom produto cultural para competirem em festivais

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Ney Ricardo recebeu o trófeu de "Melhor Produção Amazônica" das mãos de Afonso Gallindo da ABDeC/PA (Foto: Beethoven Delano)

O cinema acreano aos poucos vem retomando seu espaço como arte que traz em sua essência um olhar contestador sem ser panfletário, de uma realidade e identidade amazônica com sua pluralidade cultural. Todo esse processo é o reflexo do que vem acontecendo nos últimos seis anos, graças ao esforço de grupos de realizadores independentes e entidades como a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Acre (ABDeC/AC), Samaúma Cinema e Vídeo e Asacine, que vêm realizando projetos de exibição, com a criação de cineclubes, fóruns e outros, objetivando fomentar uma política para o audiovisual no Acre.

É evidente que é preciso muito mais, mas é importante pontuar que alguns resultados estão surgindo como bons produtos culturais. Aos Trancos e Barrancos (22 min), documentário do diretor acreano Ney Ricardo é um desses produtos. O filme foi vencedor da Premiação Especial do Júri, o Troféu Cidade de Porto Velho, do 1º Festival de Cinema Curta Amazônia, Prêmio "Melhor Produção Amazônica". O diretor participou da entrega da premiação no último final de semana em Porto Velho (RO).

Para Ney Ricardo o audiovisual acreano vive um momento de construção coletiva, mas é preciso muito mais para solidificar tal processo de política cultural para a área. Ele aponta como uma das ações, a realização do Festival Internacional de Cinema do Acre, único estado do Brasil que não possui esse tipo de mecanismo de fomento à produção audiovisual.

"Os festivais são um dos principais mecanismos de fomento à produção audiovisual, isso possibilita a circulação de bens e serviços culturais. Infelizmente, ainda não conseguimos realizar o projeto para a realização do festival acreano aprovado na Lei Rouanet, que se encontra na fase de captação de recurso. As empresas deveriam investir em cultura no Acre, entre elas, as de telefonia celular, os bancos, as de construção, empreiteiras e outras. Rondônia, por exemplo, já possui dois grandes festivais, e nós precisamos atentar para a importância desse processo. Acredito que como movimento, iremos conseguir implementar essa política e realizar o festival, além da construção do Plano Setorial", comenta Ney Ricardo.

Entre as ações apontadas pelos realizadores independentes para a construção do Plano figuram a realização do II Fórum Setorial do Audiovisual, que servirá para  a construção do Plano Setorial do Audiovisual e o Fórum Audiovisual da Amazônia Legal (FAAL), previsto para acontecer em Belém em agosto deste ano. O FAAL debaterá assuntos concernentes ao fomento a produção audiovisual, organizados a partir de cinco eixos temáticos: Integração Regional; Regionalização das Políticas Públicas; Cadeia Produtiva na Amazônia Legal (formação, produção, difusão e distribuição); Acesso, pesquisa, preservação e memória e Povos e comunidades tradicionais.

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