Iteracre realiza audiência pública na Colônia Cinco Mil

Os membros contam sua história e anseios para receber apoio do poder público (Foto: Arison Jardim/Secom)
Os membros contam sua história e anseios para receber apoio do poder público (Foto: Arison Jardim/Secom)

O avanço da política pública estadual de regularização fundiária foi marcado por mais um acordo público na manhã deste sábado, 12.  O Instituto de Terras do Acre (Iteracre), junto ao Ministério Público Estadual e a Secretaria de Articulação do município de Rio Branco se reuniram na Colônia Cinco Mil, em Porto Acre, para a audiência pública junto a comunidade da igreja Centro Eclético de Fluente Luz Universal Wilson Carneiro de Sousa e Associação de Moradores da Colônia Cinco Mil.

A igreja faz parte da comunidade ayahuasqueira, mantendo a tradição descendente de Irineu Serra. Além do valor cultural e mais de 40 anos de história, o local é um importante ponto turístico. Hoje mesmo chega um grupo de mais de 100 jovens para aprender mais sobre o conhecimento espiritual vivido pelo colônia daimista. Por isso, a conselheira e moradora, Átila Maria Farias compartilha o sonho da comunidade, que o local seja tombado como patrimônio cultural.

A área da igreja é de 60 hectares e o processo e regularização iniciou em 2005. O presidente da comunidade, Maurílio José Reis, apresentou a documentação do local e junto a outros membros defendeu a necessidade de união “As palavras de padrinho Sebastião era para que nós zelássemos da terra e criássemos filhos e netos, ou seja, era pra gente ter nossa descendência dentro da palavra e em paz”.

O grupo convive diariamente em comunidade, tendo contato além da religião (Foto: Arison Jardim/Secom)
O grupo convive diariamente em comunidade, tendo contato além da religião (Foto: Arison Jardim/Secom)

A preocupação compartilhada por membros da igreja era sobre venda para terceiros e entrada de fazendeiros na área da comunidade. O secretário do Iteracre, Glenilson Figueiredo, apresentou o dossiê registrado na instituição, destacando que já foi realizado o levantamento topográfico e a intenção do Estado de regularizar a propriedade. O que evidencia esse processo de facilitação é a presença do promotor da vara conflitos agrários, Vinicius Evangelista e da vara de registros públicos, Felisberto Fernandes, que estavam disponíveis para ouvir e orientar os moradores.

O resultado foi o consenso de regularização de toda a área em nome do centro, não em nome de particulares, preservando os interesses de solidificar a comunidade. E como encaminhamento, no dia 30 deste mês será assinado o Termo de Acordo de Conduta no Ministério Público pelos representantes.

Cinco Mil

Amilton compartilhando sua experiência com os gestores estaduais (Foto: Arison Jardim/Secom)
Amilton compartilhando sua experiência com os gestores estaduais (Foto: Arison Jardim/Secom)

Amilton Alves é mineiro e tinha como sonho conhecer o Machu Picchu. Antes de chegar ao país vizinho, parou por uns dias em um engenho, próximo ao igarapé Redenção. A aventura foi há 34 anos e durante sua estadia conheceu a religiosidade do centro e definiu “é isso que eu quero para minha vida”. Trabalha e colabora com a comunidade e diz “Nunca conheci o Machu Picchu e nem vou!”.

O devoto conta sobre o nome do local “Naquela época, todo terreno custava cinco mil, por isso ficou chamado de Colônia Cinco Mil”.  Com o passar do tempo, muitos moradores doaram suas terras para a igreja e outros partiram para colaborar na missão do Céu do Mapiá, que também foi fundada pelo padrinho Sebastião.

A difusão do daime é uma das vertentes do grupo, o morador explica que há um turismo espiritual específico e a comunidade denominou como ecomístico, pois é a união da ecologia com o misticismo.

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