Comunidades rumo à Nova Economia

Manejadores madeireiros comunitários se preparam para o mercado de carbono e são destaque na Feira Brasil Certificado

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Acre está com estande na Feira Brasil Certificado e chama a atenção dos visitantes (Fotos: Sérgio Vale/Secom)

Os comunitários do Acre alcançaram um novo nível de organização. Em 2009, depois de vários anos no vermelho, a Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) obteve lucro de R$ 503 mil em 2009 graças à parceria estabelecida com a Fábrica de Pisos de Xapuri e à nova dinâmica de gestão. O ativo ainda é baixo (R$ 100 mil), porém, melhor que o de outros exercícios.

O superintendente da cooperativa é um jovem técnico agroflorestal nascido no interior de Assis Brasil, mais precisamente na Reserva Extrativista Chico Mendes, e formado na primeira turma da Escola da Floresta, em 2002. Evandro Araújo, 29, fez a palestra de abertura da 4ª Feira Brasil Certificado, que começou nesta última quarta-feira, 7,  em São Paulo, e ampliou a atenção dos grandes empreendedores e organizações da sociedade civil para as políticas de valorização ambiental do Acre, que se volta para a Nova Economia, baseada no baixo carbono e alta inclusão social.

A Cooperfloresta reúne hoje 136 filiados em sete comunidades dos projetos de assentamento extrativistas (PAE) São Luiz do Remanso, Porto Dias, Santa Quitéria (onde se trabalha com produtos não-madeireiros), Chico Mendes e Equador, todas no Vale do Acre. Das sete, quatro são certificadas e três estão passando pelo rigoroso processo de certificação FSC.

"O mais importante é a inclusão social com divisão de benefícios para todos", diz o superintendente da Cooperfloresta. Conheça o pensamento do líder comunitário:

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Superintendente da cooperativa, Evando Araújo (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Como está sendo a 4ª Feira Brasil Certificado para os comunitários?
Evandro:
Muito boa. Temos a oportunidade de manter contato com grandes empresas como a Tramontina, Orsa e outras. A possibilidade de ter contato com esses empreendimentos é algo muito bom. A Tramontina tem interesse em resíduo de madeira, com os quais produzem cabos de talher e outros. Chegam a pagar R$ 2,8 mil por metro cúbico de resíduo. É um nicho que se abre.

No que ajuda a imagem do Acre para o mercado?
Evandro:
Por ser o Estado que mais evoluiu em política florestal, a proposta casa com o componente comunitário e agrega apelo social ao produto…

…Por isso, as comunidades estão propondo um selo de certificação diferenciado?
Evandro:
Queremos que o FSC conceda o Selo Certificado e Comunitário. Não temos escala para competir com as grandes empresas e, se houver um nicho específico, para nós é bem melhor. O que acontece é que há toda uma luta, um movimento social e um uso consciente da floresta entre os comunitários, mas nossa escala de produção é pequena e precisamos de um selo diferenciado.

Além disso, as comunidades querem reduzir o custo de certificação…
Evandro:
Sim. Há anos em que o custo de certificação e re-certificação pode chegar a R$ 20 mil, valor que em certos casos equivale ao faturamento da comunidade no período. É um desafio para nós e uma bandeira de luta reduzir esses custos.

Como as comunidades estão se preparando para a Nova Economia do Acre?
Evandro:
O mais importante é a inclusão social com divisão de benefícios. Só o manejo do componente madeira não dá para o comunitário. O certo é diversificar o leque de produção. Portanto, qualificar o produtor é fundamental. Acho que a gente está conseguindo alcançar o status de produtor florestal, mas é muito importante contar com o trabalhador florestal também como beneficiário dos serviços ambientais. Se for falar hoje de seqüestro de carbono tem de ser o básico do básico  mas estamos avançando

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Stand lança revista e catálogo de produtos certificados do Acre

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O mais visitado stand da 4ª Feira Brasil Certificado é o do Acre. De acordo com o secretário de Florestas, Carlos Resende, cerca de 400 pessoas passaram pelo stand no primeiro dia de evento. O espaço é de 156 metros quadrados, tem designer que a qualquer visão lembra o Acre e seus produtos madeireiros e não madeiros. Centenas de tubetes com mudas de espécies cultivadas no Viveiro da Floresta compõem um jardim vertical na lateral do stand, cujo piso é taco ou parquet certificado produzido na Fábrica de Pisos Xapuri. Além de produtos madeireiros e a Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal, o artesão Daniel Jarina expõe anéis, brincos, correntes e outros produtos à base de semente, especialmente a da palmeira jarina.

"O stand está muito bonito e bem organizado. Os empresários e técnicos estão recebendo muitas pessoas para apresentar os produtos do Acre, cuja política é de valorização ambiental e uma economia com base na floresta. Esta feira certamente traz resultados importantes para o Estado, com mais inclusão social, trabalho e renda para a população", disse o deputado Thaumaturgo Lima, que representa a Assembleia Legislativa do Acre na 4ª FBC.

O stand traz várias publicações sobre o Acre e seus produtos, como o Catálogo de Produtos Acre Certificado 2010, com móveis projetados pelo núcleo de design do Pólo Moveleiro e a revista Acre Certificado Florestas Manejadas, que traz como reportagem de capa "A sociedade construindo uma economia sustentável". A publicação traz matérias sobre o Acre como líder nas políticas de sustentabilidade na Amazônia.


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