Estado é apresentado como líder nas políticas públicas de manejo florestal na 4ª Feira Brasil Certificado
A 4ª Feira Brasil Certificado começou nesta quarta-feira, 6, no Centro de Convenções São Luiz, em São Paulo, aberta pelas principais autoridades da certificação nacional e internacional – os presidentes do FSC, uma das mais importantes certificadoras do mundo, Roberto Waack; Roberto Smeraldi, de Amigos da Terra; Sergio Esteves (Imaflora); e Denis Freire (Instituto do Homem e do Meio Ambiente) – no Centro de Convenções São Luiz, em São Paulo. O Acre é destaque, segundo os organizadores: "O Acre é líder disparado em políticas de manejo florestal certificado", afirmou o diretor-executivo do Imaflora, Luiz Fernando Guedes, outro parceiro na realização da FBC.
A Secretaria de Florestas mantém um estande de 156 metros quadrados, todo montado com madeira certificada das espécies jatobá, tauari, jaracatiara e cumaru-ferro. O Acre tem um dos maiores espaços da mostra com produtos madeireiros e não madeireiros. Indústrias como Ouro Verde, Triunfo, Fábrica de Pisos de Xapuri, e atividades como mostra da coleção de móveis de Casa & Construção produzidos pelo Pólo Moveleiro do Acre, artesanato e exposição de 98 comunitários de todo o Acre, estão presentes no stand que chama a atenção para a nova economia do Estado, esta baseada em baixo carbono e alta inclusão social.
Participam desta edição da Brasil Certificado 35 empresas. Ainda nesta quarta-feira começou a série de atividades paralelas a feira, como a realização de fóruns de discussão sobre o mercado da certificação no Brasil e no mundo. A ideia é mostrar como é possível transformar matéria-prima oriunda de florestas certificadas em produtos de consumo consciente. A 4ª feira traz como novidade a presença de produtos agrícolas certificados.
Atualmente o selo pode ser encontrado em uma variedade cada vez maior de produtos: desde madeira para construção civil, móveis e objetos de decoração, até instrumentos musicais, revistas, papéis para impressão e embalagens para produtos diversos, como cosméticos e alimentos. A feira está na agenda da certificação mundial e é promovida pelo FSC, um dos mais importantes selos do mundo. Através dos contatos realizados em feiras anteriores, empresas como a Precious Wood e Mil Madeiras passaram a se interessar em se estabelecer no Acre. A cadeia de produção se fortalece e as áreas de manejo crescem: de acordo com a SEF, projeta-se aumento de 300% em áreas certificadas em florestas públicas para este ano. O stand divulga o Programa de Qualidade Florestal lançado em Rio Branco no ano passado e que tem como objetivo ampliar o número de empresas certificadas no Acre.
Os objetivos da presença do Acre na feira são, segundo a SEF, fomentar a melhoria dos produtos regionais; divulgar os resultados até então obtidos pela Política de Valorização do Ativo Ambiental Florestal para o País e o mundo, e promover a atração de investimentos para o Acre. "Os resultados tem sido extremamente positivos", disse Marilda Brasileiro, coordenadora da participação acreana na feira.
Manejo identifica e protege novas espécies de plantas
Plantas epífitas (as que vivem no alto das árvores) estão sendo identificadas e protegidas no manejamento florestal no Acre. Muitas orquídeas, bromélias e cactus têm sido registrados como novos para a ciência. Na Fazenda São Jorge I, de propriedade da Laminados Triunfo, foram resgatados 300 unidades de 58 espécies, as quais representam novidade e compõem a primeira coleção fora do habitat organizada pelo Governo do Acre em parceira com a Universidade Federal do Acre (Ufac). No grupo de totalmente novos para os pesquisadores, estão um gênero de cactus e sete de orquídea.
"Considerando as novidades encontradas e o grande potencial de uso de algumas epífitas, iniciativas empresariais, governamentais e comunitárias que visem o resgate e o uso desse componente da flora ainda pouco conhecido certamente redundarão na ampliação do conhecimento, no desenvolvimento de tecnologias, benefícios sociais e em políticas ambientais que vão ao encontro dos anseios da certificação florestal e da busca pela sustentabilidade", dizem Flávio Obermuller e Marcos Silveira, pesquisadores do Laboratório de Botânica e Ecologia Vegetal do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Ufac em artigo publicado na revista Acre Certificado.
Mostra reafirma Nova Economia do Acre
A certificação é, na opinião de Roberto Smeraldi, uma tendência irreversível e a quarta edição da FBC significa a evolução em seu próprio pioneirismo. Para Roberto Waack, a feira reafirma sua capacidade de articular a sociedade civil, os movimentos sociais e ambientais com o mundo econômico. "É o único meio de pavimentar o caminho de uma economia de baixo carbono e sustentabilidade", disse Waack. São esperados 6.000 visitantes – o dobro que a edição 2008 – com a presença de 60 expositores.
A certificação cresce entre 30% e 40% ao ano no Brasil. Pela questão fundiária, a certificação de florestas ainda é pequena no País, que tem 4 milhões de hectares certificados, sendo que 3 milhões foram certificados com o selo FSC pelo Imaflora. O mundo possui 127 milhões de hectares de florestas certificadas com mais 1.000 empreendimentos em 82 países. O Acre possui a Floresta Estadual do Antimary, a única floresta pública certificado do Brasil.
Comunitários do Acre são destaque na mídia nacional
A edição desta quarta-feira, 6, do jornal O Estado de S. Paulo, um dos maiores do país, traz texto assinado pela jornalista Andrea Vialli sobre o trabalho que o Governo do Estado e as comunidades realizam na busca pela certificação florestal. "A Cooperfloresta, cooperativa de produtores extrativistas do Acre, é uma das associações que reúne comunidades tradicionais e que conseguiu ampliar seu espaço no mercado graças à certificação florestal. O grupo, com sede em Rio Branco, agrupa e comercializa a produção de 88 famílias de produtores de madeira, organizados em 4 comunidades", informa o texto.
{xtypo_rounded2}Leia a matéria na íntegra:
Extrativistas buscam certificação florestal
Com selo verde que atesta origem do produto, eles querem atrair o consumidor
Andrea Vialli – O Estado de S.Paulo
Comunidades tradicionais da Amazônia que trabalham com madeira de áreas de manejo controlado e produtos como óleos, castanhas e artesanato estão buscando a certificação florestal para conquistar consumidores. No País já há oito comunidades que usam em seus produtos a certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês), o selo verde mais conhecido no exterior.
No caso dos produtos amazônicos, especialmente a madeira, a certificação funciona como uma garantia de origem. "É uma maneira de mostrar para o consumidor que o produto foi feito sem promover o desmatamento ilegal, respeitando o conhecimento das comunidades tradicionais", diz Patrícia Cota Gomes, coordenadora de certificação comunitária do Imaflora, entidade que realiza a certificação FSC no Brasil.
Segundo ela, embora o número de comunidades certificadas ainda seja pequeno, o interesse é crescente. O Brasil hoje possui a maior floresta certificada do mundo, com cerca de 4,7 milhões de hectares – sendo 2,5 milhões de hectares na Amazônia.
Um dos termômetros do crescimento do mercado para produtos com certificação florestal é a feira de negócios Brasil Certificado, que começa hoje, em São Paulo, e é aberta ao público. Realizada desde 2004, a feira apresenta produtores de madeira, celulose e papel, produtos não madeireiros (alimentos, cosméticos e essências) e este ano deverá trazer empresas do setor agroindustrial que possuem o selo Rainforest Alliance, para práticas agrícolas com menor impacto ambiental. A última edição do evento, em 2008, atraiu 3 mil visitantes e 39 expositores. Este ano serão 60 expositores.
Estratégia. A Cooperfloresta, cooperativa de produtores extrativistas do Acre, é uma das associações que reúne comunidades tradicionais e que conseguiu ampliar seu espaço no mercado graças à certificação florestal. O grupo, com sede em Rio Branco, agrupa e comercializa a produção de 88 famílias de produtores de madeira, organizados em 4 comunidades.
A madeira vem de planos de manejo, que, no Acre, são delimitados pelo governo do Estado. As propriedades passam por um zoneamento econômico e ecológico e por um plano de manejo, que determina a quantidade de madeira que poderá ser extraída sem prejuízo à regeneração da floresta. Depois, é feito o licenciamento ambiental.
"Atualmente, o manejo florestal é importante para a sobrevivência econômica das comunidades. E também para a manutenção da floresta em pé", explica Evandro Araújo, superintendente da Cooperfloresta. Sua trajetória é semelhante à de muitos acreanos. Filho de seringueiros, Araújo desistiu da atividade por causa da falta de rentabilidade. Fez um curso de técnico florestal e hoje cuida da administração da Cooperfloresta. "Os desafios para uma comunidade que se certifica é ter acesso a mercados que paguem mais pela madeira explorada de forma sustentável. No Brasil, ainda são pequenos nichos que valorizam a origem do produto", diz Araújo.
Apesar das dificuldades, os negócios vão bem. No ano passado, a Cooperfloresta conseguiu fechar contrato com uma empresa de Xapuri (AC) que produz e exporta pisos de madeira e aceitou pagar 75% a mais pela madeira certificada. A parceria permitiu à cooperativa produzir 6.340 metros cúbicos de madeira com selo verde, 165% a mais do que em 2008, quando a produção foi de 2.500 m³. "Cada cooperado recebeu R$ 5,2 mil de renda líquida, o que fez mais comunidades se interessarem pela certificação. Hoje a exploração controlada de madeira já representa 43% da renda das famílias, atrás apenas da castanha."
Este ano, a Cooperfloresta pretende incluir 136 famílias de extrativistas no manejo florestal, o que, na prática, significa a extração de 13 mil m³ de madeira. Com isso, o faturamento da cooperativa deve triplicar.
Artesanato. No Pará, a certificação FSC também mudou a rotina da TucumArte, cooperativa de mulheres que trabalham com artesanato de tucumã, palmeira nativa da Amazônia. A comunidade de Urucureá, distante quatro horas de barco de Santarém, hoje consegue vender as cestas de tucumã para grandes lojas de decoração de São Paulo e do Rio.
"A certificação valorizou o produto e trouxe mais organização para a comunidade", conta Rosângela Tapajós, gerente de vendas da TucumArte. As 30 mulheres que trabalham na cooperativa produzem 600 peças por mês, o que garante uma renda mensal média de R$ 300.
PARA ENTENDER
1.O que é manejo?
Conjunto de técnicas que permite a exploração controlada da floresta, com redução de desperdício e escolha de árvores adultas, por exemplo.
2.O que significa FSC?
Sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal. É a certificação de origem florestal mais conhecida no mercado internacional. A sede fica em Bonn, na Alemanha.
3.Que produtos levam o selo verde?
Madeira, móveis, papel, celulose, castanhas, óleos essenciais, artesanato.{/xtypo_rounded2}
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