Agricultores iniciam plantio de 30 mil seringueiras em Xapuri

Estratégia faz parte da Política de Valorização do Ativo e segue as diretrizes do Zoneamento Ecológico Econômico do Acre

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Programa Floresta Plantadas atende demanda de látex da fábrica de camisinhas e de outras duas que estão em fase de instalação: a de bolas ecológicas e a de Granulado Escuro Brasileiro (Foto: Embrapa/AC)

Agricultores e extrativistas de Xapuri (AC) iniciaram, este mês, o plantio de mudas de seringueiras, como parte do Programa Florestas Plantadas, lançado recentemente pelo Governo do Estado, coordenado pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), com apoio da Secretaria de Floresta (SEF). Na última sexta-feira, o pesquisador da Embrapa Acre, Rivadalve Gonçalves, visitou áreas de produção para acompanhar as atividades e avaliar o aspecto técnico da implantação dos plantios.

As mudas que estão sendo utilizadas foram indicadas pela Embrapa. Em 2009, Gonçalves realizou visitas técnicas a viveiros e plantios de seringueiras de diversos locais do país, com o objetivo trocar experiências com pesquisadores e empresários de diferentes instituições. O plantio de seringueiras representa um momento histórico para o Estado do Acre, considerando que nos últimos 25 anos não houve uma política pública com essa finalidade.

"Os plantios existentes foram realizados no início da década de 1980”, explica. Em Xapuri, Gonçalves visitou a área do produtor de mudas Nilberto de Meneses e a propriedade do agricultor Assis Monteiro, no Seringal Cachoeira, para verificar as condições das mudas que estão sendo distribuídas. Monteiro associou a lavoura de milho com parte do plantio de seis mil mudas de seringueiras. “É um investimento para o nosso futuro, essa floresta será minha aposentadoria", disse.

O objetivo do Programa Floresta Plantadas é atender a demanda de látex de seringueira da fábrica de camisinhas e de outras duas que estão em fase de instalação: a de bolas ecológicas e a de Granulado Escuro Brasileiro (GEB), matéria-prima para produção de pneu. “Além desta finalidade, os plantios visam atender a legislação ambiental quanto à presença de árvores em até 90% das propriedades na Amazônia”, afirma Gonçalves. Na parceria, o Estado oferece o preparo da terra e assistência técnica e o agricultor entra com a manutenção das áreas e compra das mudas, financiadas pelo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), por meio do Banco da Amazônia. Nesta primeira fase serão plantadas 30 mil mudas e 20 agricultores de Xapuri já conseguiram financiamento pelo Pronaf.

A estratégia faz parte da Política de Valorização do Ativo e segue as diretrizes do Zoneamento Ecológico Econômico do Acre. Realizada na Embrapa Acre, as pesquisas com seringueira tiveram início na década de 70, utilizando plantas bi-compostas com o objetivo de identificar as mais adaptadas às condições climáticas do Estado e mais resistentes a doenças. Desde 2008, a Unidade retomou pesquisas com seringueiras bicompostas, a partir de clones melhorados pela indústria de pneus Michelin, pelo Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), instituição com sede na França, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “A ideia é embasar cientificamente um programa de fomento florestal no Acre”, explica o pesquisador Rivadalve Gonçalves, responsável pelos estudos com seringueira na Embrapa Acre. O Brasil importa cerca de 60% do látex utilizado na fabricação de borracha. No Acre, a produção é predominantemente de seringais nativos. “Em 2008, a importação foi de 221 mil toneladas de borracha. Os plantios são importantes para reduzir esta dependênica e cada hectare pode abrigar 500 árvores e ter uma produção de 2,2 mil litros por ano”, afirma o pesquisador.

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