Socioeducandos atingem boas notas no Enem

Adolescente conseguiu fazer 570 pontos na nota do Enem (Foto: Assessoria ISE)
Adolescente conseguiu fazer 570 pontos na nota do Enem (Foto: Assessoria ISE)

O Exame Nacional do Ensino Médio para adolescentes que cumprem medidas socioeducativas foi realizado em dezembro do ano passado. Com a divulgação do resultado, constatou-se que oito candidatos do sistema no Acre atingiram a média e poderão concorrer a uma vaga em universidades particulares pelo ProUni.

No Centro de Apoio à Semiliberdade, ao Egresso e Família (Casef) três adolescentes se saíram bem no exame, sendo que a maior nota foi a de João Ricardo (nome fictício), 18, com 517,9 pontos. “Fiquei bastante feliz. Lembro-me de ter feito uma boa prova, mas não esperava. Na época eu estava cirurgiado. Os professores e assistentes sociais me deram um norte. Fiz o Pré-Enem na unidade e tive aulas de redação. Serei a primeira pessoa lá de casa a ter a chance de fazer faculdade”, afirma.

Para a coordenadora pedagógica do Casef, Vângela de Souza, o maior desafio é superar o baixo nível de escolaridade dos adolescentes que chegam ao local. “Esse é um resultado conquistado aqui, pois boa parte deles já estava sem estudar há muito tempo. Vê-los sendo aprovados silencia as pessoas que dizem que os nossos métodos de ensino não funcionam”, declara.

O Centro Socioeducativo Aquiry foi o maior destaque do Enem. Cinco internos atingiram a média, sendo que a maior nota foi de 570 pontos. Segundo a coordenadora pedagógica da unidade, Lúcia Oliveira, a estratégia da equipe foi reforçar a prática da leitura. “Eles têm muita dificuldade com a língua portuguesa. Por isso, elaborei um projeto de biblioteca itinerante no ano passado, que conquistou a maioria do público. Vale lembrar que as notas deles também poderão ser usadas para conseguir o certificado do ensino médio”, afirma.

De acordo com o presidente do Instituto Socioeducativo (ISE), Henrique Corinto, apesar de poucos adolescentes terem alcançado a média, o avanço na área da educação já é notável. “O déficit de aprendizagem deles ainda é um desafio. Se o aluno não tem uma boa base no ensino fundamental, consequentemente chegará ao nível médio com problemas para resolver assuntos mais avançados”, explica.

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