A cultura e o etnoturismo

Índios Kaxinawa se reúnem em celebração anual e discutem o etnoturismo nas aldeias 

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Secretário Cassiano Marques destaca potencial etnoturístico do povo Kaxinawa (Fotos: Andréa Zílio/Cassiano Marques)

Reunir seu povo para celebrar em cantos, danças e ritos é prática comum entre os índios do Acre, mas potencializar seus costumes, tradição e cultura como um produto turístico é um novo caminho que começa a ser planejado. Depois dos Yawanawa, com o Festival Yawa, agora são os Kaxinawa que enveredam por este caminho.

Para chegar na primeira das 32 aldeias da etnia, saindo de Rio Branco, é preciso voar por duas horas em um avião de pequeno porte até a cidade de Jordão. De lá, mais uma hora de viagem, dessa vez, pelo Rio Jordão e o desembarque é na aldeia São Joaquim. Um percurso no qual é possível apreciar um pouco da floresta amazônica e sua gente. Um grande atrativo para turistas, principalmente de outros estados e regiões. E é apostando nessa riqueza que conhecedores da cultura indígena sabem o valor que ela tem.

O assessor especial de Povos Indígenas, Francisco Pianko, diz que os índios Kaxinawa são de grande riqueza cultural. "o povo Kaxinawa é uma população tradicional, que mantém bem sua cultura, isso é o que o turista procura".

Para os Kaxinawa, o melhor que podem oferecer aos visitantes é mostrar seu conhecimento e alegria, e a festa do Katxatirim, que significa festa do gavião real e do Mariri representa exatamente tudo isso. "Nosso encontro são dois festivais, o Katxa, siginifica festa do Mariri, da colheita do milho, nela temos mais de 200 cantos, e o Tirim, que é o gavião, é uma forma da gente mostrar para os jovens nossa tradição", explica o pajé Inkamuru Kaxinawa.

Por enquanto, a celebração realizada todos os anos reúne os índios de suas aldeias e convidados, inclusive, índios de outras etnias, mas é esta celebração que os Kaxinawa pretendem transformar no principal cartão de visita. E entre os atrativos, a terra sagrada com mais de 500 espécies de plantas medicinais.

Potencial – Pra quem entende do assunto, o potencial turístico existe. O secretário de Estado de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques, ressalta que para criar esse roteiro, algumas coisas precisam ser feitas, desde estruturação das aldeias à elaboração de critérios de visitação, para que realmente o etnoturismo faça valer na região sem prejudicar o modo de vida dos índios. "O turismo acontece onde a população está satisfeita, prosperando. No caso dos Kaxinawa há uma condição importante, que é o resgate da espiritualidade, relação com a natureza e toda sabedoria que pode ser convertida em processo de conhecimento, de compartilhar com o turista. E que seja feito de forma responsável", diz o secretário.

Mas no que depender da força de vontade dos índios kaxinawa, estruturar e colocar essa ideia em prática é um processo que deve acontecer logo. "Recebemos amigos em várias épocas do ano, agora queremos concretizar isso com organização, para receber turistas", diz a liderança Siã Kaxinawa.

Embarcar nessa viagem é mais que uma aventura, é a oportunidade de compartilhar de um outro modo de vida e saberes de quem vive na floresta. Para os Kaxinawa o etnoturismo é a ferramenta que vai impulsionar essa vivência.

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