Pilares principais começam a receber o maior volume concentrado de concreto da história da construção civil no Acre, processo tão delicado que é feito por etapa e usando gelo para evitar endurecimento rápido
O rio Juruá alimenta a fome e a esperança de milhares de pessoas, constituindo-se ao mesmo tempo na grande estrada que promove os encontros, os negócios no vaivém de uma via onde a rotina acreana segue tranqüila seu curso. O rio separa os bairros da Lagoa e Miritizal, na zona urbana de Cruzeiro do Sul, que agora serão unidos pela mais bela das grandes pontes que estão em construção no Acre, obra que para Binho Marques vem se transformando no símbolo de seu tempo como governador do Acre. "Vai ser a obra símbolo deste governo", disse Marques durante visita realizada ao canteiro do Consório Juruá, pool de empresas responsável pela execução do projeto.
Por causa da intensificação do inverno, a obra entra em fase crítica, informou Marcos Alexandre, diretor geral do Deracre. A aplicação de concreto nos pilares denominados AP5 e AP6 começa a ser feita esta semana, dividida em cinco etapas. De tão delicado, o processo tem de ser realizado utilizando-se gelo para retardar o endurecimento ao mesmo tempo em que mantém a homogeneidade do concreto. Para se ter uma ideia do gigantismo desse serviço, apenas o bloco principal demandará 1.600 metros cúbicos de concreto, o maior volume de concretagem entre todas as grandes pontes que estão sendo construídas no Acre pelo governador Binho Marques. E provavelmente, segundo Alexandre, é o maior da história das obras acreanas em volume concentrado.
"Além de tudo, temos o aspecto do interesse social porque a ponte está ao mesmo tempo na BR 364 e na cidade de Cruzeiro do Sul", lembrou Binho Marques, que recebeu como lembrança uma minibloquete feito com o mesmo concreto utilizado na obra. A ponte liga uma rodovia federal ao Centro de Cruzeiro através da Avenida Mâncio Lima, urbanizada pelo Governo do Estado. Para encurtar o acesso à BR 364, o Departamento de Estradas de Rodagem, Hidrovias e Infraestrutura Aeroportuária do Acre (Deracre) está asfaltando 11 quilômetros da Variante na BR 307.
É uma obra que com cerca de 40% prontos, encanta pela imponência. São 550 metros de comprimento, o que a torna uma das maiores da Amazônia. Terá estaios em forma de arco suspenso por cabos de aço e sustentado por 82 estacas. Para garantir a navegação mesmo diante de uma cheia diferenciada, terá 13 metros de altura medido a partir da maior cheia do rio. A obra é mais um desafio do Governo do Acre para melhorar a qualidade de vida dos moradores do Vale do Juruá. Custa mais de R$ 120 milhões, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, e está entre as prioridades do Presidente Lula, que atuou pessoalmente para as pontes da BR 364 se tornassem uma realidade.
Pelo menos 250 trabalhadores e uma dezena de engenheiros, técnicos e fiscais atuam para garantir que ela seja concluída até outubro do ano que vem. O cronograma foi antecipado depois de alterações no sistema de estaiamento, que deixou de ser misto concreto/metal para somente metal, sobressaindo o brilho do projeto. Somando-se as outras obras do Governo do Estado, as obras movimentam sobremaneira a economia do Vale do Juruá: dezenas de empregos foram gerados e o comércio sente o impacto das compras para manutenção dos canteiros.
Após a concretagem dos blocos principais, as obras seguirão em ritmo normal mesmo com as chuvas e o nível do rio subindo. O material necessário está adquirido e montado. "Temos certeza que vamos trabalhar o ano todo", disse Marcos Alexandre. O engenheiro-chefe da obra pelo Consório Juruá, Ronaldo Pereira, reafirma o cronograma atualizado. "Os trabalhos estão em dia e esperamos conseguir antecipar o calendário e entregar a obra antes do previsto", disse Pereira.