Acre é hoje proporcionalmente o terceiro em transplantes no Brasil, com 11,7 operações por 1.000.000 de habitantes
O Governo do Acre iniciou nesta quinta-feira, 10, o curso de formação de coordenadores hospitalares de transplantes de órgãos, ação tida como a mais importante para aumentar o número de doadores. Reunidos na Filmoteca da Biblioteca Pública do Estado, cerca de 45 profissionais em saúde (médicos, enfermeiros e auxiliares) estão sendo capacitados na identificação com objetividade e rapidez do potencial doador e a entrevista com a família, fator preponderante na questão.
"O importante é que todos no hospital estejam conhecendo como funciona esse trabalho", disse Osvaldo Leal, secretário de Estado da Saúde. O profissional que atuará diretamente com o procedimento deve saber fazer a identificação, manter ideais as condições de doação e conduzir eficientemente uma entrevista com familiares.
O curso dura até este sábado, 12, e conta com palestras de especialistas em política de transplantes, como o coordenador nacional da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Joel de Andrade, que apresentará a experiência de seu Estado, Santa Catarina, que ocupa a primeira colocação no ranking nacional de transplantes. "A palavra-chave é empatia, a relação do profissional com todos os procedimentos e envolvidos", disse Andrade.
Proporcionalmente a sua população, o Acre é o terceiro no país em transplantes, com 11,7 procedimentos por grupo de 1.000.000 de habitantes. Santa Catarina registra 34/1.000.000. A média brasileira é de 9/1.000.000.
A situação do Acre é privilegiada na Região Norte. "Em Rondônia, Amazonas, Amapá e Tocantins, por exemplo, não há registros", disse Thadeu Moura, da unidade local da Central Nacional de Doação e Transplantes de Órgãos. Em todo o Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 18.989 transplantes de diversas modalidades em 2008, 9% a mais que em 2007. Esse crescimento foi impulsionado justamente pela habilitação de novos centros, ao lado da quantidade maior de doadores vivos. Atualmente, há 529 centros e 1.366 equipes autorizadas a realizar transplantes em todo o território nacional.
Envolvido com essa política em nível nacional, o senador Tião Viana fez nesta quarta-feira, 9, um pronunciamento em defesa da doação de órgãos, ao mesmo tempo em que criticou a pequena participação do sistema privado de saúde nos procedimentos de transplantes. Para Moura, os custos de se manter um paciente em tratamento é bem maior que o de levá-lo a um transplante. Por isso, a necessidade de o profissional em saúde conhecer e estar envolvido com a atividade.
Em agosto passado, Santa Catarina, São Paulo e Acre tiveram unidades hospitalares autorizadas a realizar transplante de córneas, rim e pele, além de busca ativa e retirada de múltiplos órgãos e tecidos. O Acre quer avançar nessa política e, segundo Joel de Andrade, reúne boas condições para isso. "A vantagem é que a concentração populacional se dá em poucos lugares."