Precursor de políticas públicas que promovem o desenvolvimento sustentável, o governo do Acre tem apostado na economia criativa (artesanato, gastronomia e design) e turismo de base comunitária como forma de gerar renda, inclusão social e fortalecer a identidade cultural da região.
Em visita ao estado, para acompanhar a execução do Programa Global REM (REDD Early Movers – pioneiros na conservação), representantes do Banco Alemão KfW e do governo do Reino Unido visitaram a Casa do Artesão, em Cruzeiro do Sul, a fim de conhecer as ações apoiadas, metas e resultados do segmento.
Situado na Região Norte, o Estado do Acre ocupa altos indicadores de desempenho no cenário nacional, devido aos investimentos em capacitações, promoção de feiras de comercialização e demais políticas públicas de fomento e incentivo ao artesão.
Os resultados do segmento chamaram atenção da comitiva internacional que propôs replicar a experiência em outros lugares do mundo, destacou Wanderson Lopes, coordenador de Artesanato da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN).
“Os investimentos no artesanato visam à promoção do cadastramento dos artesãos do interior do Acre, além de oportunizar acesso ao mercado. Já começamos a atividade de cadastramento na próxima semana, em especial, no Vale do Juruá, onde se encontram grande parte dos artesãos indígenas e de áreas rurais”, frisou Lopes.
A partir da identificação dos produtores de artesanato, o Estado identifica demandas e realiza as devidas capacitações. A economia criativa tem sido impulsionada pela arquiteta e primeira-dama do Estado, Marlúcia Cândida, que aposta em um formato econômico inovador, que agrega sustentabilidade, criatividade e tecnologia.
Promovendo o turismo
Rica em biodiversidade e com alto potencial turístico, a comunidade do Croa também é assistida pelos investimentos, que viabilizaram a construção do Plano de Turismo de Base Comunitária. Para a atividade econômica do turismo no Acre, a segunda fase do REM destina R$ 3 milhões em investimentos para iniciativas de base comunitária. No primeiro momento do programa, foram aplicados R$ 80 mil na região.
No local, a comitiva internacional, acompanhada por gestores acreanos, pôde conhecer as peculiaridades socioculturais, ambientais e econômicas da comunidade do Croa. Além de constatar a importância de se alocar recursos na atividade de turismo, geradora de emprego e renda e mantenedora da conservação e uso racional dos recursos naturais.
“Do total de recursos, R$ 790 mil serão executados, neste ano, na elaboração de planos de turismo de base comunitária e capacitação na Serra do Divisor, Trilha Chico Mendes, Resex Cazumbá-Iracema e comunidade Santa Raimunda, bem como capacitações em Terras Indígenas que já promovem festivais. A partir disso, poderemos desenhar os produtos que devem ser adquiridos no segundo momento para fomentar ainda mais o turismo”, destacou a secretária de Estado de Turismo e Lazer, Rachel Moreira.
A agenda em Cruzeiro do Sul também incluiu uma visita a uma unidade demonstrativa de produção de bioenergia, por meio de um biodigestor – projeto desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), em parceria com o agricultor Rosendo Magalhães, em comunidades rurais.
O biogás, uma mistura de gases produzida pela decomposição biológica da matéria orgânica em ausência de oxigênio, é uma alternativa de geração de energia elétrica e em substituição ao gás natural, que também pode ser produzido de forma artificial, por meio de equipamento.
Programa REM
A primeira fase do Programa REM no Acre reuniu o investimento de R$ 85 milhões. A iniciativa consiste na bonificação por resultados de emissões de carbono reduzidas, geradas pela redução do desmatamento.
Esse modelo de desenvolvimento sustentável, pautado na conservação da natureza e melhoria dos indicadores da miséria, saúde, educação e saneamento integral, entre outros, assegurou a continuidade do programa no Acre – primeiro a desenvolver a política.
Segundo dados sobre desmatamento na Amazônia, nos últimos 12 anos, o estado reduziu o desmatamento em 66%, evitando assim a degradação ambiental de novas áreas. Enquanto isso, entre 1999 e 2017 o Produto Interno Bruto (PIB) do Acre cresceu em 400%.
A seriedade como governo do Acre promove uma política de desenvolvimento sustentável ganhou o reconhecimento do governo do Reino Unido, que juntamente com o Banco Alemão KfW, financia a segunda fase do REM – R$ 115 milhões.
“Essa segunda fase está baseada em dois resultados importantes, o primeiro é que o Acre continua reduzindo o desmatamento, portanto ele segue elegível para receber investimentos por sua performance positiva. A outra é que os resultados da fase 1, superaram as expectativas e compromisso, principalmente, no que se refere ao número de beneficiários alcançados”, salientou Dande Tavares, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais (CDSA).