Após 47 anos de serviços para a integração do Acre, Fernando Moutinho se aposenta

Em visita ao governador Tião Viana, Fernando (C) relembrou o primeiro dia em que a BR-364 ficou totalmente trafegável, e segue até hoje (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Em visita ao governador Tião Viana, Fernando (C) relembrou o primeiro dia em que a BR-364 ficou totalmente trafegável, e segue até hoje (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

“Muitas vezes abandonamos a família, deixamos tudo da vida pessoal para abrir estradas e dar condições de trafegabilidade às rodovias”, afirma o engenheiro civil Fernando Moutinho, servidor do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre).

O engenheiro dedicou dias e noites para que o Acre pudesse ver concretizada a integração entre a capital e a região do Juruá por meio da BR-364.

Desde 1969, um ano após chegar ao Acre, Moutinho participou de perto da construção de novos caminhos para o estado. Passados 47 anos contribuindo com as obras de ramais e das principais rodovias, como as BRs 317 e 364, o português, já acreano de coração, aposentou-se neste mês.

Em visita ao governador Tião Viana nesta quarta-feira, 6, na Casa Civil, Fernando relembrou o que chamou de “momento histórico”: o primeiro dia em que a 364 ficou totalmente trafegável, e segue até hoje. “Isso foi uma grande data, 28 de outubro de 2011. Foi um momento de muito orgulho para toda a equipe ver que, a partir de então, a estrada não teve mais interrupção”.

Uma história para a integração

Fernando Moutinho foi um dos responsáveis pelas obras da BR-364 até Cruzeiro do Sul (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Fernando Moutinho foi um dos responsáveis pelas obras da BR-364 até Cruzeiro do Sul (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

No início das obras da BR-364, na década de 1960, as dificuldades eram tantas que os bueiros eram feitos de paxiúba amarradas com palha de envira. Por quase 40 anos, a integração que a rodovia traria para o Acre era apenas um sonho para todos. “Nesses últimos 13 anos, trabalhamos de forma mais intensa nas BRs 317 e 364”, reitera.

Todos os fatores conspiraram para dificultar a construção: baixa oferta de materiais na região que a estrada cruza, ausência de brita e asfalto – que precisou ser trazido de Manaus. O aço veio do Rio Grande do Sul e o seixo, de Letícia, na fronteira colombiana.

Não bastasse tudo isso, a obra precisou vencer outro desafio gigante: o solo de tabatinga, muito barrento. Foram movimentados 36 milhões de metros cúbicos de terra.

Personagem de outras matérias que contam a história da luta pela estrada, Moutinho explica as dificuldades da época: “No início era horroroso. Tivemos que arrancar todo esse material ruim. Houve local em que tiramos 12 metros de profundidade e tivemos que preencher tudo. E os lençóis freáticos? Tínhamos que drenar a água toda e ainda lidar com a instabilidade do solo”.

Esses são os primeiros quatro anos de tráfego intenso na BR-364, entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul. O sentimento nas cidades de Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e em toda a região do Juruá é de que o isolamento de quase um século se acabou.

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