Profissão pedreira: mulheres do Caladinho e Montanhês querem espaço na construção civil

Determinada, Sebastiana Dias Chaves, 26, conseguiu uma inscrição no curso com técnicas básicas do ofício, oferecido pela Secretaria de Pequenos Negócios (Foto: Angela Peres/Secom)

Sebastiana Dias Chaves conseguiu uma inscrição no curso com técnicas básicas do ofício de pedreiro, oferecido pela Secretaria de Pequenos Negócios (Foto: Angela Peres/Secom)

A vontade nasceu de um cálculo: se soubesse construir a própria casa, o custo seria bem menor, e ela acabou nutrindo ainda mais interesse pela profissão do marido, que é pedreiro. Além disso, poderia guardar dinheiro para realizar outro sonho: cursar psicologia. Determinada, Sebastiana Dias Chaves, 26, conseguiu uma inscrição no curso com técnicas básicas do ofício, oferecido pela Secretaria de Pequenos Negócios, e ainda convenceu duas amigas a ingressar na área predominantemente masculina.

“Quando eu cheguei em casa, com a novidade, meu marido riu, me ‘alugou’, mas depois me deu forças. Pensei em desistir e ele me apoiou, disse para continuar. Eu deixo as crianças na escola e venho para a aula”, contou.

Ela se divide entre os três filhos e os afazeres da casa, mas não falta às aulas do curso de pedreiro. A ideia é montar uma cooperativa, mas Sebastiana já tem um plano B caso a alternativa não funcione: vai trabalhar como autônoma para comprar o material da casa de alvenaria e deixar para trás o pequeno casebre de madeira em que mora. Terminada essa etapa, ela quer partir para a formação superior com o dinheiro que esperar juntar trabalhando como pedreira.

“O meu marido trabalha e eu vou poder ajudar na renda de casa. Vai melhorar nossa vida porque vamos conseguir construir nossa casinha, dar uma condição melhor aos nossos filhos, e eu não vou precisar desistir do meu sonho de ser psicóloga”, disse.

Planos para o dinheiro que pretende ganhar trabalhando na construção civil não faltam. “A primeira coisa que quero dar aos meus filhos é um computador para eles estudarem. Eles pedem muito e eu não tenho condições de dar esse presente, que eu sei que é necessário”, conta.

Ednéia dos Santos Oliveira, 33, é amiga de Sebastiana e também gosta da profissão de pedreiro (Foto: Angela Peres/Secom)

Ednéia dos Santos Oliveira, 33, é amiga de Sebastiana e também gosta da profissão (Foto: Angela Peres/Secom)

Ednéia dos Santos Oliveira, 33, é amiga de Sebastiana e também gosta da profissão de pedreiro. Para ela, as mulheres vão conquistar espaço principalmente na área de acabamento, mas garante que dá conta de carregar baldes com cimento e assentar tijolos.

O sonho de Ednéia é ser técnica de enfermagem, e o trabalho como pedreira será a ponte para que ela consiga a formação. “Meu marido trabalha e tem mantido as despesas da casa. Então

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eu vou conseguir guardar o meu dinheiro para investir na profissão dos meus sonhos. Esta vai ser a minha prioridade”, explicou.

Curso faz parte do programa Acre sem Miséria

O curso básico de pedreiro é oferecido pela Secretaria de Pequenos Negócios e executado pelo Serviço Nacional da Indústria (Senai). Foram selecionadas 18 pessoas para participar da formação, que dura dez dias e inclui instruções sobre revestimentos cerâmicos, assentamentos de tijolos e outras técnicas da profissão.

O secretário de Pequenos Negócios, José Reis, explica que as ações desenvolvidas pela pasta que coordena estão diretamente inseridas no programa Acre sem Miséria. A estratégia adotada pelo governador Tião Viana é promover inclusão econômica através de atividades que não dependem de patrões, em que o beneficiado passa a ser empreendedor do próprio negócio, após receber treinamento profissional e acompanhamento técnico, além de todos os equipamentos necessários para o início do empreendimento.

Pedreiro, cabeleireiro, manicura, mecânico de bicicletas, motos e motores, padeiro, eletricista, costureira… Vários são os cursos oferecidos pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Pequenos Negócios, com o apoio do Instituto Dom Moacyr. São ofícios em diversas áreas que contemplam sonhos e aptidões diferentes, mas com um fator em comum: atividades que podem ser exercidas em vários municípios de acordo com as demandas locais e movimentam a economia.

“As pessoas precisam de tão pouco para serem felizes, para se emanciparem, ter condições de botar pão na mesa de um filho. Oportunidade de trabalho é dignidade humana, é a honradez de uma família. Este é um programa que está promovendo uma revolução no Acre, e eu me sinto realizado quando escuto uma mãe que sobrevivia do Bolsa Família me contar que agora está tirando uma renda de R$ 2 mil por mês após ter feito o curso de cabeleireiro e montando um salão na própria casa, como eu ouvi em Tarauacá”, disse o governador Tião Viana.

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