Um tipo de cultura pouco conhecido no Estado é a do café. No interior do Acre, famílias estão sendo beneficiadas nesse ramo de produção, e o governo tem feito investimentos para ampliar o número de lavouras e aumentar a renda dos produtores.
Em Manoel Urbano, 18 famílias fazem atualmente a colheita de café. Recentemente, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Pequenos Negócios e em parceria com a Embrapa, fez a entrega de R$ 160 mil em maquinário para viabilizar o aumento da produção e comercialização do produto. Com a aquisição do material, os produtores tiveram um aumento significativo na renda, se comparada com o ano passado. A saca do café era vendida em coco por R$ 85, ao passo que hoje já vai pilada para o mercado por R$ 210.
Tanto as máquinas de secar e pilar café como a melhoria dos ramais têm refletido em conquistas para a comunidade, desde o pequeno ao maior produtor. Relmar Ferreira é um exemplo de que os investimentos chegaram em boa hora. Ele iniciou o cultivo de café há pouco tempo, no quilômetro 9 do Ramal São João, e já cria expectativa para o próximo ano. “O governo achou a gente aqui. Ano passado eu vendia o quilo do café em coco a dois reais. Este ano já pude vender a saca por 210 e eu estou muito satisfeito. Para mim foi uma vantagem muito grande colher 25 sacas de café. Já estou me preparando para colher umas 40 sacas ano que vem e fazer uns 40 mil reais”, afirma.
As sementes utilizadas para o plantio são da espécie “conilon”. Para diversificar a produção, a Embrapa Acre entregou 130 quilos de novas sementes de “conilon” de seleção massal, trazidas da cidade de Ouro Preto, em Rondônia. Elas foram recolhidas das melhores plantas, por serem resistentes às pragas. A expectativa para a próxima produção é de 75 mil sacas por hectare. Para isso, a Embrapa faz a verificação das áreas e reconhecimento do melhor solo para o plantio. “A gente não conhecia uma terra tão produtiva como aqui, onde tudo que se planta dá, e tendo um apoio muito grande da parte do nosso governo”, disse o produtor José Aparecido Costa.
Segundo o secretário de Pequenos Negócios, José Carlos Reis, a próxima fase será conseguir linha de crédito aos produtores. “Os investimentos no secador e descascador de café estão possibilitando o aumento do poder aquisitivo desses produtores, e isso tem nos deixado muito recompensados. Queremos nessa próxima fase conseguir a parceria dos bancos para garantir o acesso deles aos créditos e facilitar ainda mais a vida do produtor”, diz.
Além de Manoel Urbano, existem plantios de café também em Feijó, Brasileia, Xapuri e Acrelândia. Os avanços nas áreas de produção configuram o surgimento de uma nova classe média rural, destaca Reis. “A agricultura familiar tem trazido frutos muito positivos para a nossa economia, e o melhor é que os pequenos produtores estão sabendo aproveitar a mão amiga que o governo está estendendo para aumentar a renda e oferecer melhores condições de vida às suas famílias”, declarou.
Pensando em como fortalecer esse ramo da produção no local, a Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) está oficializando a criação da Cooperativa de Produção do Município de Manoel Urbano, a Cooprol. De acordo com o presidente da entidade, Rafael dos Santos Alves, o papel dela é reunir as famílias produtoras para que todos aprendam a trabalhar coletivamente.
“A criação da cooperativa já tem ajudado bastante a gente. Só pelo fato de o governo ter olhado para a gente e ter dado esse maquinário, as portas já se abriram. Antes todo nosso trabalho aqui era braçal, e hoje podemos dizer que já temos quase tudo mecanizado. Depois que passamos a comercializar, tudo ficou mais fácil. Já conseguimos uma moto nova e um tratorzinho. Com a produção por ano, dá para se manter todo mês, e com o ramal em boas condições, com certeza vai melhorar ainda”, salienta o produtor Edmar Santos, que mora há 10 anos no local e possui 30 hectares de plantação de café.
Para a colheita deste ano, eles realizam um mutirão e todos ajudam na retirada do café nas lavouras desde o fim do mês de abril. Até o momento, foram colhidas 18 toneladas e estima-se que ainda sejam apanhadas mais 20 até o término da colheita. Derli Delmoneque já retirou toda sua produção e agora, satisfeito, ajuda os demais produtores. “Eu moro aqui há quatro anos, desde que vim de Rondônia, e nunca vi um governo ajudar tanto as pessoas como aqui. Só este ano eu pude recolher 115 sacas de café, que vão me render R$ 25 mil. Já estou muito satisfeito e espero que melhore mais ainda aqui para nós”, diz.
Após a retirada da safra, os produtores passarão por uma capacitação oferecida pela SEPN para ensinar as técnicas de manejo. “A poda tem o objetivo de aumentar o rendimento da lavoura e é feita com a eliminação dos ramos improdutivos. O manejo é importante, por ser inclusive um controle sanitário da planta”, explica a engenheira agrônoma Michelma Lima.
Você sabia?
– O café é tradicionalmente servido quente, mas também pode ser consumido gelado.
– É um estimulante e pode conter de 80 a 140 mg de cafeína para cada 207 ml de café preparado.
– Em alguns períodos da década de 1980, o café era a segunda mercadoria mais negociada no mundo por valor monetário, ficando atrás apenas do petróleo.
– A história do café começou no século IX. Ele é originário das terras altas da Etiópía, mas foi difundido pelo Egito e países da Europa.
– A palavra café tem origem do árabe qahwa, que significa “vinho”.
– O consumo de três a quatro xícaras de café por dia ajuda a previnir diversas doenças, como o mal de Parkinson, depressão, diabetes, cálculos biliares e câncer. Além disso, melhora a atenção e, consequentemente, o desempenho escolar e a produtividade no trabalho.
– O café contém vitamina B, lipídios, aminoácidos, açúcares e uma grande variedade de minerais, como potássio e cálcio, além da cafeína. Tem propriedades antioxidantes, combatendo os radicais livres e melhorando o desempenho na prática de esportes.
– O Brasil é o maior produtor de café do mundo, com 35% da produção mundial. Minas Gerais é o Estado que lidera a produção nacional.
Brasileia: avanços e expectativas
Assim como o que já acontece em Manoel Urbano, os produtores de Brasileia devem receber equipamentos para aumentar a produção e dar mais qualidade ao produto, além de treinamentos e visitas técnicas periódicas.
O cultivo ainda acontece de forma muito artesanal, mas isso deve mudar com a instalação do descascador e secador de café na localidade. Os produtores vão economizar tempo e dinheiro
O cultivo ainda é feito de forma artesanal. “Mas isso deve mudar”, garantiu o secretário José Carlos dos Reis. “Nós estamos com a previsão para instalar o descascador e o secador de café aqui na localidade. Isso deve fazer com que os produtores economizem tempo e dinheiro no transporte e comercialização do produto. É mais qualidade e renda no bolso do produtor.”
O próximo passo para os técnicos da SEPN é estabelecer o plantio de mudas melhoradas geneticamente, aumentando a produção e garantindo um produto mais competitivo. Marcos Rodrigues mantém o plantio de café há mais de 15 anos e vive exclusivamente dessa renda. Ele fala dos investimentos que o governo do Estado pretende fazer e como isso deve beneficiar os produtores. “Eu sempre vivi aqui, sempre plantei, colhi e vendi meu café de forma muito simples. Mesmo assim, tenho garantido minha renda. Acho que esses investimentos vão nos ajudar bastante, eu não pretendo parar de produzir. Hoje vivemos de outra maneira. Temos que preservar a floresta, e o plantio do café é uma ótima alternativa”, declarou.
O café acreano tem uma cadeia produtiva muito forte. Os produtores já vendiam a produção há muito tempo, mas sem o devido incentivo e certificação por parte dos governos. Alonso Rodrigues, 52, mora no local há 20 anos e tem três hectares de terra plantados com café “conilon”. “Hoje eu ganho mais do que quando plantava arroz, feijão e milho. Nunca me sobrou dinheiro para comprar sequer uma telha de ‘brasilit’ a fim de cobrir minha casa. Agora construí uma casa boa para morar com meus filhos, minha casa com telhado de ‘covaco’ não existe mais. Dizer que o café não dá dinheiro é coisa de quem não tem coragem para trabalhar”, declarou.
O café “conilon” é o foco dos produtores acreanos, adapta-se completamente ao clima amazônico e as árvores produzem muitos grãos. Depois da colheita, realizada geralmente pelos próprios familiares dos produtores, as sementes passam pelo processo de secagem ao sol e são ensacadas e levadas ao descascador. Depois de todo esse processo, o produto é transportado em caminhões até Rio Branco e vendido para uma indústria.
“O governo do Estado está consolidando os investimentos destinados à criação dos pequenos negócios, contemplando tanto a zona urbana quanto a rural. É assim que a Secretaria de Pequenos Negócios quer ver a população: feliz e com dinheiro no bolso”, enfatizou Reis.
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