A capacidade de ler e escrever plenamente desenvolvida é essencial para o acesso às informações básicas fornecidas pela linguagem escrita. Por meio da alfabetização, ocorre o resgate da autoestima e da própria cidadania de quem não sabia ler ou escrever o próprio nome.
O governo do Estado vem desenvolvendo ações voltadas para o combate ao analfabetismo desde 1999, cujos resultados alcançados em 2010 contabilizaram redução de oito pontos percentuais, indo de 24,5% para 16,5% e contabilizando mais de 80 mil jovens, adultos e idosos alfabetizados, sendo o Estado da Região Norte que obteve mais sucesso na redução de seu índice.
Preocupados com os 16,5% da população acreana ainda analfabeta, a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), através da Coordenação de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da Coordenação do Programa Mova/Alfa 100, coloca em ação o Plano Estadual de Combate ao Analfabetismo e Elevação da Escolaridade de Jovens e Adultos, o Povo Alfabetizado, lançado no dia 9, que irá buscar a redução do índice para percentual de um dígito nos próximos três anos.
Direcionamento estratégico
O Plano de Combate ao Analfabetismo irá priorizar o atendimento para as pessoas na faixa de 15 a 64 anos, onde todas as escolas das redes Estadual e Municipal, urbanas e rurais, deverão apresentar propostas de atendimento para o combate ao analfabetismo das populações residentes em seu entorno, com destaque para pais e mães de alunos ainda não alfabetizados, evitando possíveis evasões escolares.
A direção das ações também busca estimular a população do Estado do Acre em idade laboral a procurar a elevação da escolaridade através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), com foco na inclusão social, econômica e cultural.
Além desses, toda associação, sindicato ou cooperativa que tiver estabelecido parceria com o governo do Estado deverá apresentar plano de atendimento de seus associados, sindicalizados ou cooperados analfabetos, bem como da população residente no entorno de sua área de atuação.
Parcerias no combate ao analfabetismo
Um dos principais pontos do Plano é firmar novas parcerias entre o Governo Estadual e os governos municipais com auxílio do governo federal, bem como contar com o apoio da sociedade civil e dos coparticipantes nos processos educacionais e pedagógicos no Acre para que, até 2014, nenhum município tenha um índice de analfabetismo superior a 15% de sua respectiva população.
Para isso, já acontece a formação inicial dos professores que atuarão no programa, com término previsto para dia 27 deste mês. Até a primeira quinzena de maio, todas as 1.028 turmas da alfabetização de adultos iniciarão suas atividades em todos os municípios do Estado, ajudando a alfabetizar mais de 12 mil alunos, ultrapassando as metas iniciais propostas ao Ministério da Educação (MEC) pelo Governo Estadual, que, inicialmente, previa 9.420 alunos distribuídos em 634 turmas.
Daniel Zen, Secretário Estadual de Educação, explicou que o desafio é imenso, pois planeja-se alfabetizar cerca de 40 mil pessoas, sendo 15 mil em 2012, 13 mil em 2013 e 12 mil em 2014, além de garantir a conclusão do curso de alfabetização de, no mínimo, 75% dos jovens e adultos matriculados no programa. “Alfabetização é uma das condições mais plenas para a garantia da dignidade dos cidadãos, além de ser uma das principais bases para o desenvolvimento humano e sustentável do país”, disse o secretário.
Garantindo a continuidade dos alunos
Além da alfabetização, é preciso que os alunos do programa tenham a chance de dar continuidade aos estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), para evitar a desistência e o aumento do índice de analfabetismo funcional. De acordo com a coordenadora do Alfa 100/Povo Alfabetizado, Maria Augusta, “os alunos que saem do programa precisam ser incentivados a não desistir dos estudos, a sempre almejar mais conhecimento”.
Além dos programas envolvidos, o auxílio de toda a sociedade também garante o alcance dos resultados propostos. “O Governo Federal e o Governo Estadual, juntamente com a SEE, precisa do apoio de qualquer um que queira ajudar, sejam empresários, trabalhadores e figuras políticas ou religiosas. Todos os interessados podem ajudar a mudar muitas vidas, é só entrar em contato”, esclareceu a coordenadora do EJA, Fernanda Alves.
Vidas como a de Hélia Benedita, 46 anos, do município de Sena Madureura. Durante a cerimônia de lançamento do programa, a dona de casa pediu que “os alunos não desistam, que continuem e que vençam a vergonha de ter que aprender a escrever o próprio nome depois de tanto tempo. Não há alegria maior”. Tendo que deixar os estudos muito cedo para ajudar a família, ela só voltou a estudar em 2003, quando buscou o curso de alfabetização e continuou cada etapa depois. Atualmente, cursa Serviço Social na Unip.
Principais objetivos:
– Integrar a política de Alfabetização de Jovens e Adultos à modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA);
– Reconhecer a importância da EJA para alcançar um desenvolvimento social, cultural e econômico sustentável no Estado do Acre;
– Reduzir o índice de pessoas analfabetas no Estado do Acre e elevar a escolaridade da população economicamente ativa;
– Instituir um Fórum de Controle Social para acompanhar e avaliar as ações propostas no plano, bem como as políticas de EJA, estimulando a participação da sociedade civil e das instituições não-governamentais.
Estratégias do Plano de Alfabetização:
– Estabelecer parcerias com os Municípios, sociedade civil organizada e órgãos governamentais para procedimentos de sensibilização, mobilização, matrícula, planejamento e execução das ações com vista à redução dos índices de analfabetismo no Acre;
– Produzir material específico e contextualizado à realidade do Acre para a alfabetização de jovens e adultos residentes em comunidades isoladas;
– Constituir quadro de professores devidamente qualificados para atuar nas turmas de alfabetização de jovens e adultos;
– Garantir infraestrutura e materiais necessários ao processo de acompanhamento e monitoramento das turmas em todo o Estado;
– Articular as ações de alfabetização com os empreendimentos produtivos e com os órgãos do Governo Estadual.