Até 2014 mais de 10 mil famílias que necessitem de mecanização para recuperação de áreas alteradas serão beneficiadas
Uma das prioridades do governo do Acre é a mecanização agrícola com base no desenvolvimento sustentável da agricultura familiar. As atividades desenvolvidas pelos diversos programas como o Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Acre (Proacre) e o Fundo Amazônia, bem como através do acesso ao credito – que permite ao produtor adquirir tratores e implementos agrícolas – os produtores estão sendo beneficiados pela mecanização com destoca e gradagem de quase 4 mil hectares (ha) de áreas alteradas para produção de grãos (milho, feijão, arroz mandioca e outros) e 5 mil açudes. Até o final de 2014 mais de 10 mil famílias serão atendidas.
O secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Lourival Marques explica que a mecanização agrícola tem como objetivo incentivar a produção de grãos e mandioca; preservar as matas; reutilizar as áreas degradadas; aumentar as áreas de produção e a produtividade agrícola; manter o pequeno produtor na atividade rural; incentivar a diversificação da produção agrícola com a abertura de açudes para a criação de peixes.
Lourival Marques dá um exemplo da necessidade da mecanização que são as casas de farinha implantadas no Estado através de emenda do então senador Tião Viana. Segundo ele, cada casa de farinha consome cerca de 40 ha de plantio de mandioca para funcionar dentro de suas capacidades. "Uma de nossas metas é justamente a mecanização de dois hectares para cada produtor com a destoca e gradagem para plantio de macaxeira", explica. Adianta ainda que os trabalhos de gradagem e destoca seguem o cronograma previamente elaborado, baseado nas necessidades dos produtores, apresentadas em reuniões pelas associações, sindicatos e cooperativas de produtores rurais do Estado.
"O governo Tião Viana está investindo na aquisição de máquinas e implementos agrícolas. São R$ 50 milhões para a compra de tratores, caminhões e implementos. A ação de mecanizar a terra tem como meta levar à zona rural, novas tecnologias, mais adequadas à produção familiar, aumentando a produtividade e reduzindo os danos ambientais", afirma o Secretário.
A partir de 2012, o governo do Estado já deverá ter ultrapassado o processo licitatório para compra dos equipamentos e diferentemente deste ano não contratará mais horas/máquina. Os trabalhos prosseguem com planejamento feito com entidades representativas dos trabalhadores rurais.
Durante três dias Lourival Marques percorreu municípios do Baixo e Alto Acre acompanhando os trabalhos que vem sendo desenvolvidos entre o Governo do Estado e os produtores. Ouviu dos produtores o que está bom e o que precisa melhorar. Manoel Barbosa Juvêncio da Colônia Fortaleza, quilômetro 33 da BR-364, município do Bujari, recebeu 40 horas/máquina para construção de açudes. Ele está inserido no Programa de Desenvolvimento da Piscicultura.
"Em 2009 vendi um caminhão velho que tinha para comprar óleo e pagar o dono do trator para construir um açude e quase não conseguia. Hoje estou aqui olhando os tratores roncando e vendo meu açude ir surgindo. E sabe quanto eu gastei? Praticamente nada porque comprei só o óleo diesel e os canos", comemora Manoel Barbosa Juvêncio. O produtor assegura que no açude que acaba de ser construído vai criar mil peixes que pretende vender e ter um resultado financeiro de cerca de R$ 12 mil. "Se na despesca eles estiverem com 2,5 quilos e vender a R$ 6 vai dar um bom dinheiro né?", avalia.
Mecanização para segurança alimentar
Através do Fundo Amazônia o governo do Estado vai investir R$ 60 mi para fortalecimento das ações ambientais no Estado. Desse total, R$ 1,2 milhão será investido para beneficiar 2.080 famílias que necessitem de mecanização para recuperação de áreas alteradas. A atividade faz parte do segundo componente do projeto, que prevê ações de fomento às cadeias produtivas florestais e agroflorestais, com intuito de reduzir o desmatamento e valorizar os serviços ambientais.
As áreas escolhidas sofrem influência direta das obras da rodovia BR-364 – que liga a capital, Rio Branco, à cidade de Cruzeiro do Sul- e envolvem 10 cooperativas de manejadores florestais e de produtores familiares, além de três associações indígenas. Aproximadamente 12 mil pessoas serão beneficiadas.
As ações de fomento que já iniciaram, segundo o secretário da Seaprof, Lourival Marques, serão realizadas por meio de serviços da rede ATER (Apoio a Projetos de Assistência Técnica e Extensão Rural) e da implantação de sistemas agroflorestais e de planos para uso das florestas de produção certificada.
Um dos beneficiários é o produtor Manoel da Conceição, proprietário de 26 hectares de terra no Ramal do Cedro, no Linha Nova, município do Bujari. Manoel cuida da terra com a ajuda do único filho. Apesar de doente, acometido por uma hérnia de disco que acredita ser resultado do trabalho árduo na terra, não saiu do local acompanhando todo o processo. "Nem dá pra acreditar. Meu Deus! Agora vou poder plantar não só pra comer", concluiu.
Macaxeira gera renda e dignidade
Quando ainda era senador, o governador Tião Viana foi o idealizador do programa "102 Casas de Farinhas", financiado pela Fundação Banco do Brasil e o governo do Acre. Com as casas de farinha vem também a assistência técnica, que preconiza ensinar as boas práticas de produção, perpassando pelo rigor na higienização desde a colheita, torragem até a embalagem para comercializar produtos de alta qualidade.
Bernardo Nunes Pereira, do Ramal Linha 3, Projeto de Assentamento Orion, município de Acrelândia, mostra, alegre, o resultado do investimento do governo em mecanização. O plantio de macaxeira está bem adiantado. Recebeu a mecanização com destoca e gradagem em 1,8 hectare. "Agora tenho certeza que vamos pra frente. É muito difícil arrancar na enxada o sustento da família", desabafa.
O objetivo das "102 Casas de Farinha" é estimular os pequenos empreendimentos e projetar importantes impactos na economia comunitária. "Esta casa de farinha é um empreendimento que traz qualidade de vida para as famílias rurais", afirmou Lourival Marques, acrescentando que também é necessário aumentar a produtividade com a introdução de tecnologia através da mecanização da produção.
Acesso ao crédito traz modernidade ao campo
Claudemir Silva de Matos, do município de Acrelândia, adquiriu um trator com os implementos agrícolas através do Programa Mais Alimentos em 2009. De lá pra cá a execução das atividades cotidianas de sua propriedade mudou completamente. Até a aquisição do equipamento, o produtor realizava as atividades de preparo do solo, plantio e colheita de forma manual ou pagava aluguel de outras máquinas para que conseguisse colher no melhor tempo, aproveitando o máximo das culturas.
"Antes em plantava e colhia em média 50 sacos de milho, por exemplo. Hoje na mesma área em colhi 1.500 sacos de milho", garante Claudemir. Com o equipamento além da preparação da terra para o plantio de milho, melancia e reforma de pastagem, Claudemir também aluga o trator o que gera também uma renda.
O Mais Alimentos, linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), foi criado pelo MDA em 2008, como estratégia para estimular a modernização produtiva das unidades familiares.
O programa atende projetos individuais (até R$ 130 mil) e coletivos (até R$ 500 mil), com juros de 2% ao ano, até três anos de carência e prazo de pagamento do empréstimo de até dez anos. Além de tratores são financiados máquinas, implementos agrícolas, colheitadeiras, veículos de transporte de carga, projetos para construção de armazéns e silos, cerca elétrica para isolamento do rebanho, melhoramento genético, correção de solo, formação de pomares e melhoria da logística administrativa das propriedades rurais, como a informatização dos estoques, entre outras ações.
Casas de vegetação aumentam produção de hortaliças
Até o final deste ano o governo do Estado prevê a construção, em regime de mutirão, de cem casas de vegetação. O material é doado para que os produtores familiares iniciem o plantio de hortaliças. O programa prevê a entrega também de equipamentos e insumos.
Na casa de vegetação ao se cultivar, por exemplo, alface, cada colheita produz 1.500 pés multiplicado por seis plantios anuais, o produtor consegue colher nove mil pés. Ao preço médio de R$ 0,95, valor praticado no principal supermercado da capital, o produtor terá uma renda bruta de R$ 8.550, apenas com o alface.
Regina Rodrigues de Freitas, produtora do Projeto de Assentamento Quixadá, Colônia São Francisco, município de Brasiléia, está otimista com os resultados da casa de vegetação que recebeu. Já plantou alface, coentro e couve. "É um incentivo muito grande para o produtor. Dizer que nós não temos produção é falso. Nós tínhamos dificuldades para plantar e mesmo assim produzia. Era angustiante. Hoje temos apoio tanto para plantar como para vender. Você é tirando do roçado e botando num caminhão e recebendo os recursos", assegura.
Com apoio do governo do Estado a expectativa é de que os investimentos sejam revestidos em fartura na mesa de toda a sociedade acreana e que a vida dos produtores atinja maiores indicadores de desenvolvimento social e econômico.
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