O segundo festival do povo Huni Kui, realizado de 15 a 21 de maio, em Jordão, reuniu este ano mais de 200 pessoas. Organizado pela Associação dos Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ), com apoio do governo do Estado, a festa contou com a participação de 35 turistas de vários locais do Brasil e também de países como Estados Unidos, França, Bélgica e Noruega.
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O Festival ‘XynaBena’ – ou “novo tempo”, em português – reúne mostras dos costumes e tradições Huni Kui, a maior etnia do Estado, como a beleza e os significados do kene (pintura corporal), as rodas de Mariri, as histórias contadas à beira da fogueira e as caminhadas até a samaúma, árvore considerada por eles a “rainha da floresta”.
Os festejos ocorreram na aldeia Lago Lindo, no Seringal Independência, às margens do Rio Tarauacá. Na abertura do evento, o governador Tião Viana, acompanhado da secretária de Turismo e Lazer, Ilmara Lima, e do deputado estadual Moisés Diniz, expressou o orgulho de estar presente na celebração de um povo tão importante para o Estado. “Aqui nós temos a identidade do povo Huni Kui, a maneira de ser, de viver, de nos mostrar que é possível viver sem o egoísmo. Eles nos mostram como é possível viver numa relação de amor ao ambiente que a gente vive, como é possível cuidar desse jardim de Deus”, afirmou o governador.
Regulamentação do Etnoturismo
O Festival XynaBena foi o primeiro exercício das atividades do GT de etnoturismo, ação da Setul juntamente com a Funai, Instituto Dom Moacyr e Sebrae, responsável por uma série de oficinas com os Huni Kui, uma semana antes do festival.
Eles participaram de oficinas de Higiene e Manipulação de Alimentos, com o apoio da Secretaria de Saúde do Jordão, além de Planejamento Estratégico, Sensibilização Turística, Condução em Trilha, Primeiros Socorros (com os pilotos das embarcações) e Consultoria em Ecoturismo e Turismo de Base Comunitária.
Os resultados foram identificados durante o festival. Além de maior organização na apresentação dos artesanatos, os turistas fizeram passeios conduzidos pelos próprios indígenas, evitando que os visitantes saíssem por conta própria e prevenindo acidentes.
O objetivo da regulamentação de Turismo em Terras Indígenas é de que o interesse das pessoas aumente, fomentando os festivais e atraindo maior número de visitantes, mas de maneira ordenada e sem impactos ambientais e culturais.
O anseio da Funai em regulamentar essa atividade até 2015 foi acelerado graças à iniciativa do governo do Estado, através da Setul, que criou esse grupo, tornando o Acre pioneiro e um parâmetro nacional dos estudos acerca do etnoturismo.
A secretária Ilmara Lima afirmou na abertura do evento que esse é apenas o começo dos esforços do governo e outras instituições em desenvolver os festivais indígenas. “Desenvolver o turismo e incluir socialmente os povos indígenas é um dos princípios do Turismo de Base Comunitária que o governo do Estado vem desenvolvendo, e buscaremos cada vez mais recursos, tornando nossos festivais indígenas mais completos a cada ano”, disse.
Marianna Holanda, da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento da Funai, disse que é importante que os povos indígenas tenham autonomia, por isso a regulamentação está complementando o que os Huni Kui precisam para evitar danos à sua integridade cultural, consolidando o turismo nesses locais de maneira não danosa.
“Os povos indígenas precisam ter autonomia tanto na autorização da entrada de visitantes quanto nas suas próprias regras internas, contanto que não firam as leis nacionais”, afirmou Marianna. A representante da Funai também disse estar surpresa com a organização do II XynaBena, destacando a hospitalidade dos Hui Kui.
Atualmente, há três grandes festivais indígenas no Acre. E com o incentivo do governo do Estado, outras etnias podem iniciar o mesmo processo de desenvolvimento e preservação de suas tradições, tornando o Estado referência no Ecoturismo e Turismo de Base Comunitária.
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