A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) começou a avançar no Governo do Estado ainda no início da década de 2000, durante o mandato do governador Jorge Viana, funcionando, a princípio, dentro da Secretaria de Estado de Educação (SEE), vinculada ao Departamento de Ensino Médio e depois como gerência específica, a GEPRO (Gerência de Educação Profissional). Até então, toda a oferta de cursos profissionalizantes no Estado era feita pelas instituições do “Sistema S” (Senai, Senac e Senar), com pequena quantidade de vagas gratuitas.
O rápido crescimento do estado e o aparecimento de novas necessidades no campo das profissões, como é o caso das de técnicos em florestas, gestão e enfermagem, dentre outras, fizeram com que aumentasse a procura por cursos profissionalizantes pela população. “Nas primeiras vezes em que abrimos inscrição para os cursos, a proporção era de 10 candidatos para cada vaga. A rapidez com que a educação profissional tinha que se movimentar fez a gente perceber que não dava para continuar dentro da Secretaria de Educação”, diz Irailton Lima. A partir daí viu-se a necessidade da criação de um órgão que fosse responsável pela gestão da EPT no Acre. Assim, em dezembro de 2005, a partir da iniciativa do Governador Jorge Viana, através da Lei 1.695, foi criado o Instituto Dom Moacyr (IDM), autarquia estadual responsável por coordenar toda a política pública de EPT do estado.
“Ficamos muito felizes quando conseguimos criar o IDM, porque a GEPRO já não suportava a demanda. Quando fomos elevados à condição de autarquia adquirimos autonomia administrativa e pedagógica, garantindo maior agilidade e flexibilidade, duas coisas fundamentais na EPT. Fico muito honrado por ter participado desse processo desde seu início, primeiro na criação da GEPRO e depois na fundação do IDM”, diz Irailton Lima.
A oferta de cursos do Instituto Dom Moacyr se dá por meio de suas unidades formadoras, chamadas de centros de educação profissional. Hoje são seis unidades que oferecem cursos técnicos de nível médio e de qualificação básica ou “Formação Inicial e Continuada’, como diz a legislação. O público alvo é formado principalmente por jovens e é majoritariamente feminino. As unidades do IDM estão localizadas nos municípios de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro e Xapuri. Através delas o governo leva cursos aos 22 municípios do estado, incluindo comunidades rurais e comunidades indígenas de difícil acesso.
Transformando vidas e a sociedade
Desde seu início, sob a liderança de Irailton Lima, o Governo do Estado já profissionalizou mais de 50 mil cidadãos acreanos, dando a eles uma qualificação que os aproxima das exigências do mercado de trabalho ou da oportunidade de gerar seu próprio negócio. As histórias de algumas dessas pessoas ilustram o valor dos cursos ofertados pelo governo.
Thocycléa de Souza Araújo é uma delas. Thocycléa já trabalhava como cabelereira e manicure quando concorreu a uma vaga no IDM e iniciou o curso Técnico de Gestão de Negócios pelo Centro de Educação Profissional em Serviços Campos Pereira. Após concluir o curso técnico ela ingressou em um curso de qualificação profissional em cabelereiro, também no Campos Pereira, e unindo os dois aprendizados, ela está hoje terminando a construção de seu próprio salão de beleza.
“O curso foi muito bom, tive mediadores ótimos, que me ensinaram muito. Quando eu iniciei o curso no Instituto eu já trabalhava como cabelereira e manicure, primeiro fazia unha na casa das clientes, depois montei um pequeno salão na sala da minha casa, e hoje estou terminando a construção de um salão próprio. Só está faltando a cobertura. Logo, logo eu começo a atender lá”, afirmou ela. Thocycléa, além de seu próprio negócio, trabalha também como manicure e ajudante no Salão de Ana de Fátima Barbosa, sua mediadora no curso de cabelereira do IDM.
Ana de Fátima media espaços de ensino-aprendizagem pelo Instituto desde 2008 e conta que são muitas as histórias de sucesso que conhece. “Praticamente todas as educandas que tive estão empregadas. Converso com a maioria delas pela internet e é muito bom saber que elas estão bem, com uma profissão”, afirmou Ana.
Outro exemplo de sucesso é o da microempresária Meida Lima. Ela, profissional certificada no Curso Técnico de Secretariado Executivo pelo IDM, montou seu próprio escritório de contabilidade juntamente com uma sócia, no início do ano passado.
Meida nos contou que quando ficou sabendo da oferta do curso estava procurando uma oportunidade no mercado de trabalho, e enxergou aí uma nova perspectiva para sua vida. Ela resolveu participar do processo seletivo, foi selecionada e com muito esforço concluiu o curso em 2009.
Ao terminar as aulas, Meida ingressou no estágio curricular em um escritório de contabilidade, onde aprendeu muito. “O escritório estava bagunçado e eu estava ali para ajudar com os conhecimentos que tinha adquirido no curso de secretária. Depois de terminar, o patrão pediu minha carteira de trabalho e me contratou, o que já foi uma vitória. Fiquei no emprego por um ano e dois meses, até sair e montar aqui”, conta Meida.
No estágio, promovido pelo IDM, Meida conheceu sua sócia, que é graduada em Secretariado Executivo e também estagiava no escritório. Juntas elas aprimoraram seus conhecimentos, mas foi de Meida a ideia de montarem o próprio negócio. “Eu vi que já sabia bastante, que juntas sabíamos fazer tudo na área de contabilidade, aí tive a ideia abrir um negócio próprio”, afirma Meida.
As histórias de Meida e Thocycléa ilustram a importância do ensino profissional para o Estado do Acre, que têm avançado muito na área de serviços nos últimos anos. Porém, a educação profissional vai muito além da área de serviços. Em um estado coberto pela floresta amazônica, os cursos ofertados pela Escola da Floresta Roberval Cardoso, são de extrema importância. Estes cursos, além de transformar vidas e o modo de produção de comunidades inteiras, contribuem para preservação do meio-ambiente. Neste sentido podemos citar os Cursos Técnicos em Agroecologia, Técnico em Florestas e o Curso de Formação Inicial e Continuada de Identificador Florestal – Parabotânico (também conhecido como Formação de Mateiros).
No Estado do Acre os profissionais certificados como técnicos em agroecologia e técnicos florestais têm sido muito solicitados para trabalhar na rede de assistência técnica, que envolve órgãos públicos e também empresas privadas. Para o senador Aníbal Diniz “Não faltará trabalho para os técnicos formados na Escola da Floresta, os diplomas do IDM são de muita qualidade. Além disso, esse curso atende aos anseios do governo, que é o desenvolvimento sustentável. São grandes os investimentos do Governo do Acre, e com certeza vamos aproveitar os diplomados do IDM”, disse o senador.
“Já formamos muitos técnicos em agroecologia e mesmo assim o mercado continua carente deste profissional. Eles estão sendo chamados para trabalhar em órgãos públicos e empresas, e por onde passam fazem bonito, graças à qualidade da formação que receberam. Como a demanda ainda é alta, IDM está em processo de seleção para compor mais duas turmas, que iniciarão ainda este mês”, afirmou Irailton Lima, Diretor-Presidente do IDM.
Para Flávia Santos de Melo, técnica em agroecologia pela Escola da Floresta formada na última turma “o curso foi uma oportunidade muito grande que tive para poder ajudar minha comunidade e para me desenvolver mais e melhor. Vou poder ajudar outras comunidades também, ajudar levando políticas novas, novas experiências, novas ideias e novos projetos. Vou poder trabalhar com o que gosto, e melhor, sem destruir a natureza e gerando renda para minha comunidade”.
Balanços e perspectivas
No ano de 2011 o Instituto Dom Moacyr atendeu 10.713 pessoas por meio de cursos técnicos e de qualificação básica. Na sua maioria, vidas que foram modificadas a partir de uma oportunidade no mercado de trabalho.
A Educação Profissional no Acre tem formado jovens e adultos de baixa renda do meio urbano, rural e florestal. Tem procurado gerar profissionais aptos a trabalhar em um novo modelo de produção, que não privilegia os grandes negócios, mas sim a produção familiar e as microempresas. Segundo a gerente pedagógica do IDM, Marília Macedo, “a intenção não é somente formar para o mercado de trabalho, mas também para uma sociedade mais justa e igualitária. Por isso, no fazer pedagógico privilegiamos processos de aprendizagem que levem à autonomia e a um pensamento crítico e criativo por parte do educando”. Dentro desta perspectiva, o IDM tem como meta atingir a oferta de 13 mil vagas no ano de 2012.
“O Acre deve orgulhar-se de ter uma das melhores experiências de educação profissional pública do Brasil. A ação do governo no campo da educação profissional é um trabalho comprometido com a população mais humilde. A determinação do governador Tião Viana é que, este ano, os projetos sejam intensificados ainda mais, chegando a todos os municípios do Estado e a um número maior ainda de pessoas”, diz Irailton Lima.