O seringal Cachoeira, em Xapuri, já teve seu nome propagado no mundo por ter sido cenário de “empates” na década de 1980, quando o líder seringueiro Chico Mendes lutava pela preservação da natureza e enfrentou pecuaristas que pretendiam transformar toda a região em pasto.
A luta de Chico Mendes foi levada adiante e o local, preservado. Agora, anos depois, o seringal Cachoeira ganha uma nova referência: é o local onde funciona desde o início deste mês o maior circuito de arvorismo da Amazônia.
Mas o leitor deve estar se perguntando: o que é arvorismo? O arvorismo é um esporte ecológico que consiste na travessia entre árvores por meio de obstáculos de tipos diferentes, como, por exemplo, a ponte pinguela, ponte mista, falsa baiana, entre outros. O esporte trabalha diferentes partes do corpo e ainda garante ao praticante um visual indescritível, porque fica no nível da copa de árvores como seringueiras e castanheiras, a mais de 10 metros de altura.
Desde o dia 2 deste mês, a Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira oferece aos seus visitantes a prática do arvorismo, descidas de tirolesa, passeios em trilhas ecológicas e cicloturismo. O maior circuito de aventura da Amazônia recebeu o nome do líder seringueiro que lutou para que o Cachoeira não fosse tomado por pastos de bois: Chico Mendes.
O circuito possui 16 obstáculos, que totalizam um percurso de 623 metros, sendo 323 metros de arvorismo e 300 de tirolesa. Para produzirmos essa reportagem a equipe da Agência de Notícias (repórter, fotógrafo e cinegrafista) percorreu o circuito. A equipe pode assegurar que a prática do arvorismo é garantia de diversão, adrenalina e contemplação da natureza.
O cinegrafista Pedro Devani e o fotógrafo Gleilson Miranda confirmam que a sensação de caminhar na altura da copa das árvores é muito boa. “Quando a gente se sente um pouco cansado, dá para parar e admirar a natureza”, completa Miranda.
Prática segura
Existem dois estilos de arvorismo: o acrobático e o contemplativo. No acrobático o praticante participa de desafios progressivos de equilíbrio e coordenação motora. O percurso possui obstáculos como redes e pontes que são colocados nas travessias entre as árvores.
No arvorismo contemplativo, o praticante faz um passeio entre as árvores a 25 metros de altura. É uma opção para quem prefere praticar uma atividade tranquila, mas aproveitar as belezas naturais.
Nas práticas realizadas na Pousada do Seringal Cachoeira todo o trajeto e as modalidades são realizadas com total segurança, como explica o monitor Everton Paiva, que trabalha na equipe do circuito de aventura. “Antes de subir na área de arvorismo a pessoa passa por uma triagem para sabermos se ela tem condições de praticar esse esporte. Perguntamos, por exemplo, se ela tem problemas cardíacos”, observa.
Paiva diz que, para praticar o arvorismo, é indicado que o interessado tenha altura igual ou superior a 1,20 metro e, em caso de menores, os pais deverão assinar um termo de responsabilidade.
“A pessoa passa por um treinamento ainda no solo. Nele, nós, monitores, ensinamos como ele vai utilizar os cabos de segurança para se mover entre os obstáculos. É tudo bem seguro porque a pessoa estará presa a dois cabos que estão presos a cadeirinha e ao cabo de segurança”, detalha.
De acordo com Paiva, os nove monitores que trabalham na área de arvorismo da pousada passaram por um curso de 120 horas, com aulas práticas e teóricas de técnicas de segurança, primeiros socorros e resgates.
Opções de hospedagem
A Pousada Ecológica do Seringal Cachoeira tem infraestrutura para receber famílias e grupos de turistas. “Nós temos opções para todos os tipos de turistas. Temos os belichários e os chalés, com capacidade para atender um grupo maior, uma família. Os preços variam de R$ 60 [por pessoa] a R$ 190 [chalé família]. A estadia incluiu café da manhã”, explica a administradora, Fernanda Mendes.
Mas se o turista preferir apenas desfrutar o circuito de aventura, a pousada disponibiliza passaportes que variam de preços de acordo com as modalidades praticadas, e o visitante pode ainda aproveitar um variado buffet regional que é servido no restaurante da pousada.
Os passaportes são:
Verde – Arvorismo acrobático, arvorismo contemplativo e tirolesa – R$ 70/por pessoa
Vermelho – Rapel – R$ 50/por pessoa
Azul – Ascensão, arvorismo contemplativo, tirolesa – R$ 30/por pessoa
Amarelo – Ascensão e descensão – R$ 30/por pessoa
Valorização da comunidade
A pousada é administrada pelo governo do Estado em parceria com a comunidade que vive no Cachoeira. Fernanda Mendes conta que 10% do valor apurado mensalmente pelo empreendimento é repassado à Associação de Produtores do Seringal Cachoeira. “Parte do que é consumido pela pousada, como frutas e verduras, é comprada de produtores daqui mesmo. Isso está estimulando a comunidade”, revela a administradora.
Mas a comunidade também está presente no carro-chefe da pousada, que é o circuito de aventura. Os nove monitores que trabalham no circuito são pessoas que vivem no seringal.
Everton Paiva diz que é o único do grupo que trabalhava apenas na pousada. “Mas os outros colegas instrutores são daqui mesmo. Eles cortavam seringa, trabalhavam na agricultura, e agora fizeram o curso para se tornar instrutores”, detalha.
Um dos instrutores revela que antes de começar a trabalhar na pousada ajudava a família no agroextrativismo. Ele retirava açaí da mata e lembra que quando foi convidado para trabalhar como instrutor achou que seria simples, mas ao participar do curso percebeu a importância de ter cuidado com a segurança e sempre respeitar os limites físicos.
Galeria de imagens