A amêndoa é um dos produtos extrativistas mais fortes no Estado e beneficia pelo menos duas mil famílias que moram na floresta
Fonte de proteínas, lipídios, selênio e, sobretudo, excelente fonte de renda. Esta é a castanha-do-brasil, que movimentou no Acre em 2008 mais de R$ 25 milhões, segundo dados da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) e Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com os investimentos do Governo do Estado em galpões, armazéns, capacitação para boas práticas de manejo, a castanha que sai do Acre se fortalece a cada ano com o diferencial do beneficiamento, responsável por gerar mais postos de trabalho e agregar valor ao produto.
Em 2007 foram produzidas 10.378 toneladas de castanha e no ano seguinte a produção aumentou para 12.161 toneladas segundo dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
Em 2007 foram movimentados R$ 4.350 milhões em castanha com casca e beneficiada. No ano seguinte este valor dobrou para R$ 8.522 milhões, com o diferencial que a castanha beneficiada saltou de 637 toneladas em 2007 para 5.647 toneladas em 2008. Tudo isso apenas envolvendo as operações comerciais dentro do Brasil. Em 2008, somadas as vendas para outros estados e para o exterior (R$16,838 milhões), o resultado é mais de R$ 25 milhões movimentados com a venda no mercado brasileiro e exportação de castanha.
"Estamos investindo no fortalecimento da cadeia produtiva da castanha em todo Vale do Acre. Nosso objetivo é beneficiar a maior quantidade possível da amêndoa para agregar valor ao produto e gerar mais lucros", disse Nilton Cosson, da Seaprof.
Aoesar da crise econômica, a qualidade do produto acreano se tornou uma estratégia de comercialização no mercado nacional, colocando o Estado em uma posição melhor economicamente do que aqueles estados que trabalham com a exportção da amêndoa.
Investimentos na cadeia produtiva
O Governo está reestruturando a fábrica de castanha de Brasiléia, que vai ganhar novos equipamentos e ter a capacidade de produção dobrada. Segundo o presidente da Cooperacre, cooperativa que administra a fábrica, foi necessário aumentar um turno para atender a demanda e hoje a fábrica opera em três turnos seguidos. Brasiléia também ganhou, ao lado de Xapuri e Rio Branco, novos armazéns industriais para o armazenamento dos produtos. Além disso, foram construídos nove pontos de apoio ao longo de todo o Vale do Acre para dar suporte logístico ao armazenamento e evitar a incidência de aflatoxina.
O Governo é beneficiado com o fortalecimento da cadeia à medida que a castanha passa a ser beneficiada no Estado e não lá fora. Ganha também com a geração de impostos, de postos de trabalho e com a movimentação da economia, já que o extrativista, mais bem pago, terá mais recursos para gastar e participar da cadeia econômica.
A Cooperacre trabalha com 1,5 mil famílias associadas em todo o Vale do Acre, região de incidência da castanha, mas não deixa de comprar a amêndoa de outros extrativistas, chegando a beneficiar dois mil coletores. A cooperativa trabalhou este ano com R$ 5 milhões de capital de giro para comprar a castanha do extrativista, processar e vender.
"Este ano já compramos mais de 350 mil latas de castanha. Os armazéns, os nossos e os que o Governo construiu estão lotados e precisamos alugar outro depósito. Temos contratos com indústrias de outros estados, o que garante a compra da nossa produção, mas estamos sempre a procura de novos mercados e para isso contamos com o suporte de três unidades de negociação espalhadas pelo Brasil", disse o presidente da Cooperacre.
Castanha apenas no Vale do Acre
A castanheira não ocorre na região do Juruá, apenas no Vale do Acre. Uma das hipóteses para a ocorrência da castanha é que populações ameríndias, que viveram na região no passado, tinham o hábito de se alimentar da castanha e transportavam as sementes. Eles viveram na região do Vale do Acre. O solo não tem influencia sobre a não incidência da castanheira no Juruá. O rio Purus atua como um divisor na região de incidência da castanha, que ocorre apenas de um dos lados das margens.