Meninas de todas as idades lutam para superar os próprios limites
Elas devem ter a graça de levantar o público, carisma para conquistá-lo e segurança para chamar todas as atenções para si. As balizas, dentro da corporação, têm papel fundamental e a característica de desempenhar ação individual dentro da apresentação. Atenção nos próprios movimentos e nos do corpo musical de banda ou fanfarra e quantidade mínima de erros podem garantir maior pontuação. Durante o 9º Campeonato Estadual de Bandas e Fanfarras do Acre, meninas de todas as idades tiveram os 20 minutos de visibilidade que validam o esforço do treinamento realizado durante meses.
Em três anos, a pequena Mariana Silva Souza, 10, baliza da Escola José Plácido de Castro, de Porto Acre, ganhou a confiança da comunidade escolar. Ela treina cerca de duas horas por dia sob a coordenação do professor de Língua Portuguesa e coreógrafo Richard Nascimento. "Ela aprende rápido, mas ainda tem muito que evoluir", avalia, destacando a disciplina da jovem baliza.
Para a tetracampeã nacional de baliza e jurada do campeonato neste quesito, Priscila Veiga, nesse item não é admitida a falha. "Quando uma baliza propõe realizar um exercício, tem que ter êxito. Ela está sozinha com o público, é preciso ter consciência de que tem uma presença forte em cena", diz. Priscila sabe do que está falando. Além de acumular diversos títulos nacionais, ainda exerce a atividade e tem formação em dança, ginástica rítmica, artística e atualmente cursa faculdade de Educação Física. Para ela, não só técnica é importante para a boa atuação da baliza, como também a presença, a graciosidade. "Se chegar mecânica, mesmo fazendo tudo correto, não encanta". A jurada ministra a partir de hoje, a convite da Associação de Bandas e Fanfarras do Acre, curso em sua área no Colégio Barão do Rio Branco a partir das 14 horas. Ela garante que "muita coisa irá se transformar depois deste curso".
É o que pensa a experiente baliza do Colégio Barão do Rio Branco, Elissandra Pontes, que este ano conquistou o tricampeonato em sua categoria e comemorou ainda o segundo lugar conquistado pela baliza da Escola Berta Vieira, de quem é professora. Em 2008 trouxe o troféu pelo segundo lugar em campeonato nacional, realizado em Sorocaba, São Paulo. Elissandra está ansiosa para começar o curso porque acredita que irá fornecer a qualificação que ela precisa para continuar atuando.
Lágrimas e chuva – A confiança da concentração pode se transformar em frustração no fim do desfile. Foi assim para Karine Leão Lima da Escola Edmundo Pinto, de Porto Acre. A jovem baliza disse antes de entrar que gosta muito do que faz, não acha difícil a atividade e que seria a chance de conquistar o público e mostrar o que sabe fazer. Ao sair, chorava amparada pelos colegas de equipe. "Sei que não fui bem, errei muito", avalia. Integrante de uma das primeiras escolas a se apresentar, ela desfilou sob chuva fina que caiu no final da tarde deste domingo, mas não atribuiu o desempenho a este fator. Ela sente em não poder participar do curso oferecido pela Asbanfacre. "Moro em Porto Acre. Não daria para vir, infelizmente".
Desfilando sem concorrentes, a baliza Fabíola da Escola Armando Nogueira precisava de toda a corporação para conseguir vencer na categoria banda Marcial. Para ter direito aos prêmios, a escola precisava atingir 85% do total possível de pontos. A jovem foi ainda mais ousada. Atingiu maior pontuação de todo o campeonato na soma geral. O desempenho da baliza resume o conceito da atividade de superar sempre os próprios limites.