Elas estão por toda parte nos cinco abrigos que acolhem famílias desabrigadas pela enchente do Rio Acre na capital. Correm de um lado para o outro, gesticulam, apontam caminhos, gritam e parecem ter se acostumado muito bem à rotina do espaço que habitam provisoriamente. São crianças e adolescentes que tornam o dia-a-dia dos abrigos mais alegres e se dividem em grupos e brincadeiras de acordo com suas faixas etárias.
O Parque de Exposições, por ser o maior abrigo, com aproximadamente 4.400 pessoas, consequentemente é o que mais acolhe crianças e adolescentes. A estimativa da Secretaria de Assistência Social de Rio Branco é de que 50% do público de acolhidos nos abrigos seja de crianças e adolescentes. Em virtude disso, para prestar melhor amparo a esse público, o espaço do Parque de Exposições foi dividido em três distritos, para distribuir da melhor forma as atividades de recreação e esporte.
Um distrito localiza-se na área da frente do parque, próximo à administração; o segundo distrito localiza-se na área lateral, no estacionamento, e o terceiro fica na área dos fundos do parque, nas proximidades do Tatersal. Ao longo do dia as crianças são acompanhadas por monitores coordenados pela Fundação Garibaldi Brasil (FGB) e dividem-se em grupos para fazer competições de esportes, como futebol e vôlei. Os menores preferem as dinâmicas que incluem danças, músicas e brincadeiras como pega-pega, entre outras.
Além das atividades de lazer, as crianças e adolescentes têm disponível nos abrigos acesso a saúde corporal e bucal. A partir desta semana, a Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público do Estado (MPE) também deverá intensificar o acompanhamento das crianças e adolescentes dentro do Parque de Exposições. Na segunda-feira, 27, foi instalado um posto de atendimento do órgão dentro do parque que oferece aos acolhidos todos os serviços prestados pelo MPE.
Uma das ações do MPE que já está sendo executada no espaço é a coibição de uso e venda de cigarros aos menores, tendo em vista que muitos abrigados que possuíam bancas com venda de doces e cigarros em seus bairros transferiram seus negócios para o Parque de Exposições.
Os imprevistos também não escapam da rotina do maior abrigo de famílias vítimas da enchente. Os voluntários e servidores da prefeitura que estão trabalhando no local contam que às vezes há crianças que se perdem dentro do parque, mas logo elas ou os pais buscam a rádio que funciona na administração do parque e a situação se resolve.
“Elas transferem os hábitos que têm em seus bairros para esse espaço, mas, como é diferente, os menorzinhos acabam se perdendo, por isso pedimos aos pais que estão aqui e têm crianças que tenham muita atenção”, disse Dora Araújo, uma das coordenadoras do abrigo.