As estatísticas são categóricas ao constatar que o número de vítimas fatais em acidentes envolvendo motocicletas aumentou. Em 2015 mais de 57% desses acidentes envolveram condutores habilitados na categoria “A”.
Mesmo com a redução dos índices na capital e no interior não é difícil flagrar a imprudência de motociclistas no trânsito nosso de cada dia. A imprudência tem sido a maior causa de mortes nas vias públicas.
Órgãos responsáveis pela fiscalização, como o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a Superintendência de Transportes e Trânsito de Rio Branco (RBTrans), realizam diversas campanhas de conscientização na tentativa de fazer com que os condutores adotem posturas defensivas.
Diariamente os agentes da Coordenadoria Integrada de Fiscalização de Trânsito do Detran atendem em média 20 ocorrências envolvendo motos. Uma das equipes da Ciftran foi deslocada para atender exclusivamente esse tipo de acidente.
O excesso de velocidade, a utilização dos veículos para fins inadequados e a não utilização dos equipamentos obrigatórios têm sido as principais causas dos acidentes.
“A motocicleta é conhecida como um meio de transporte mais ágil e muitas das colisões são provocadas pela imperícia desses condutores. As pessoas precisam estar mais atentas e preocupadas com a segurança”, ressalta Jones Costa, coordenador da Ciftran.
Huerb
No primeiro fim de semana de junho o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) recebeu mais pacientes do que suas enfermarias comportavam – foram 70 internações decorrentes de acidentes com motocicletas.
Segundo a coordenação da unidade, se levarmos em consideração que a capital tem pouco mais de 370 mil habitantes, a taxa de acidentados e pacientes ortopédicos é muito alta.
“Se não houver conscientização por parte dos condutores de nada adiantam os investimentos do Estado em serviços de saúde. Os acidentes continuarão acontecendo e os pacientes sofrendo com as sequelas desses traumas”, disse Michel Paes, gerente de Atenção à Saúde do Huerb.
Vítimas
Carlos Henrique tem 29 anos e trabalha como motorista de ônibus. Desde que se envolveu em um acidente, há 100 dias, ele está afastado de suas funções na empresa.
Henrique conduzia sua motocicleta por uma das ruas do bairro Adalberto Aragão, em Rio Branco, quando o carro que estava em sua frente freou bruscamente e ele precisou se desviar do veículo. Ao executar a operação, bateu em uma caixa coletora de lixo e quebrou a perna em dois lugares.
Assim que deu entrada no Huerb passou pelo procedimento cirúrgico. Foram algumas horas na mesa de cirurgia e vários dias de internação até que ele tivesse alta e pudesse voltar para casa.
Mas a história não termina por aqui. Despois de passar 50 se recuperando ele teve que voltar ao hospital. Henrique teve complicações na cirurgia e o médico resolveu que ele se recuperaria melhor em uma das enfermarias do Huerb, onde já está há três semanas.
Sobre pilotar novamente uma motocicleta, ele foi enfático: “De moto eu não ando nunca mais”.
Custos
Cada vítima de acidente de trânsito que dá entrada no pronto-socorro da capital custa em média 70 mil reais aos cofres do Serviço Único de Saúde (SUS).
Em alguns casos somente as órteses e próteses utilizadas nas cirurgias custam mais de um terço desse valor. Os procedimentos mais complexos são realizados em unidades conveniadas ao SUS e no Hospital das Clínicas.
“Nós temos hoje 18 ortopedistas. A maior parte das cirurgias é realizada aqui no Huerb. Casos mais específicos, como cirurgias de mão, quadril e ombro, são encaminhados ao Santa Juliana. No HC são realizadas as cirurgias de joelho. Todas as nossas unidades, públicas ou conveniadas, têm condições de operar”, afirma Graziela Souza, coordenadora de serviços terceirizados do Huerb.
Segundo levantamento do setor de regulação da unidade a maioria das vítimas de acidentes com motocicletas são homens. As colisões ocorrem com maior frequência nos horários de pico, quando as pessoas estão com pressa e precisam chegar ao seu destino mais rápido. Outro detalhe é que nos primeiros e nos últimos dias de cada mês essas ocorrências aumentam.