O governador Tião Viana teve seguramente, na sexta-feira, 23, na antiga Colônia dos Hansenianos de Santa Izabel, na região de Citrolândia, município de Betim, próximo a Belo Horizonte (MG), uma das recepções mais calorosas de sua vida.
Tão logo o carro que conduzia o governador estacionou em frente à sede comunitária da colônia Santa Izabel, onde ocorria o seminário em que se discutia a melhoria da qualidade de vida nas antigas colônias mineiras, uma multidão de 400 ex-hansenianos praticamente carregou Tião Viana nos braços para o interior do auditório.
Todos queriam abraçar, beijar e trocar pelo menos uma palavra com aquele que, há alguns anos, eles consideram uma espécie de “pai”. Tudo pela grande luta política que Tião Viana travou como senador da República para fazer um pouco de justiça aos milhares de brasileiros que, entre os anos de 1963 e 1986 foram arrancados à força dos braços de seus avós, pais, mães, tios, filhos e filhas e jogados no calabouço do isolamento e da internação compulsória das antigas colônias ou leprosários, como as colônias também eram chamadas.
Acostumado a tratar dos portadores de hanseníase na colônia acreana Souza Araújo, quando estreou na década de 1986 como médico infectologista, Tião Viana logo tratou de propor no Senado o projeto de lei criando uma pensão especial para os que foram segregados, isolados e mutilados pela hanseníase no Brasil ao longo do século passado.
Com a ajuda do então presidente Lula, o projeto de Tião Viana virou a lei 11.530, em 18 de setembro de 2007, que garante, desde então, a milhares de idosos ex-hansenianos espalhados pelo país a pensão equivalente a R$ 1.206,00.
“Esse homem [Tião Viana] nos trouxe conforto, justiça, segurança e melhoria de vida”, disse José André Vicente, 80 anos, ex-hanseniano e mutilado que há 71 anos vive em Santa Izabel, depois que contraiu a doença aos 9 anos de idade.
Além da pensão, Vicente recebeu um retroativo de R$ 41 mil, que lhe permitiu comprar um carro para a família, reformar a casa em Santa Izabel e comprar móveis novos para equipá-la melhor.
Após abraçar Tião Viana, José Vicente, visivelmente emocionado, seguiu as dezenas de pessoas que saudavam na chegada o governador acreano, gritando viva e cantando canções enaltecendo o bem que ele trouxe à colônia Santa Izabel, beneficiando só ali mais de 800 famílias.
Todos querem ser gratos de alguma forma ao governador
Com um pequeno presente debaixo do braço, que entregaria depois a Tião Viana junto com outras dezenas de pessoas que queriam presenteá-lo com uma louça, um souvenir, um quadro, uma carta, um livro, um CD com uma música e muitos outras lembranças, José Vicente fez questão de falar mais sobre a “grande importância” que Tião Viana teve em sua vida e na vida de sua mulher. “O doutor Tião Viana trouxe mais dignidade e mais vida para todos nós aqui. Este governador é abençoado por ter lutado por milhares de pessoas, que como nós sofreram muito ao serem isolados do mundo”, completa.
Representante do Morhan em Minas, Tiago Pereira da Silva Flores, destaca o fato de que toda a população da colônia Santa Izabel se refere à pensão especial como “Lei Tião Viana”. Aliás, Tiago diz que o nome Tião Viana já virou até símbolo monetário na região de Citrolândia. “Os comerciantes daqui costumam dizer que os ex-hansenianos parcelam as compras para, cada um, pagar com o seu Tião Viana”, assinala. “É Tião Viana comprando isso, é Tião Viana comprando aquilo”, completa o líder comunitário.
O presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Jorge Najas, também elogiou o trabalho do governador em favor do combate à hanseníase no Brasil e o acompanhou no agradável encontro que ele manteve com o governador de Minas, Fernando Pimentel, durante almoço na residência oficial do colega mineiro.
Principal palestrante do dia, o governador Tião Viana contou para os presentes em Santa Izabel um pouco da história da hanseníase no Brasil e falou de sua luta como médico para ajudar os hansenianos do Acre a se tratarem e a superaram o preconceito que lhes foi imposto pelo isolamento compulsório
Ele também falou aos deputados, vereadores, lideranças comunitárias e autoridades de saúde dos municípios e do estado, que compuseram a mesa do seminário, sobre o que o seu governo e os governos de Jorge Viana e de Binho Marques fazem e fizeram no Acre para ajudar os que também foram segregados nas colônias do estado.
“Estamos garantindo o saneamento básico e colocando toda a estrutura pública do estado para ajudar a melhorar a qualidade de vida de nossos irmãos que foram isolados nas colônias”, disse Tião Viana, ao responder às muitas demandas que os ex-hansenianos de Minas estão fazendo aos órgãos públicos para viverem melhor nas próprias colônias do estado.