Nova rotina

União da comunidade escolar faz a diferença para estudantes do Calafate

Devido ao isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, em todo o país, as famílias brasileiras tentam se adequar à educação domiciliar. No Acre não tem sido diferente. No bairro Calafate, em Rio Branco, a prática vivenciada pela escola Almada Brito tem mostrado que a cooperação entre comunidade e a escola pode fazer a diferença.

Todos os dias, os professores orientam os pais e alunos por meio de aplicativo de mensagem Foto: cedida pela escola Almada Brito

De acordo com a gestora Elane Soares, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEE) tem orientado a escola e dado suporte com materiais. Mas, mesmo antes dessas orientações chegarem, a escola já havia se adiantado e criado grupos de WhatsApp para o envio das atividades e orientações aos pais.

A unidade atende cerca de 350 crianças do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental. A maioria delas tem acesso limitado à internet, com conexão apenas via aparelho celular. Além disso, na maioria das famílias há mais de um estudante e um único aparelho em casa.

“Nossas crianças são muito carentes, a maioria tem um irmãozinho que também estuda, então, o pai disponibilizar o celular para uma criança, depois para outra olhar a atividade era muito complicado”, conta a gestora.

Sob a orientação da SEE, a saída que a escola encontrou foi a criação de um caderno de atividades impresso que foi entregue às famílias juntamente com os livros didáticos de língua portuguesa e matemática. Segundo a gestora, até agora 95% dos alunos foram alcançados.

Os materiais foram entregues aos pais Foto: cedida pela escola Almada Brito

A partir daí, orientações diárias são enviadas pelos professores aos grupos. Além disso, os professores ficam das 8 às 17 horas à disposição dos pais para sanar as dúvidas. Mas, para a diretora o que tem feito a diferença é que a comunidade escolar tem se unido e mesmo aqueles que contam com dificuldades, têm se empenhado.

É o caso da dona de casa Sandra Arruda que tem o filho matriculado no quarto ano. Ela conta que a criança tem diagnóstico de algumas doenças neurológicas e autismo e a rotina de ir à escola todos os dias é algo muito importante. “A mudança de rotina no início afetou muito porque os únicos lugares que ele gosta de ir é para escola e a terapia”, conta. Segundo a mãe, os 10 primeiros dias foram os mais trabalhosos.

Todos os dias, dona Sandra Arruda senta à mesa com o filho para fazer as atividades Foto: Arquivo pessoal

Porém, a organização de uma nova rotina fez as coisas caminharem. Como ele já estudava à tarde, o horário escolhido para fazer as atividades foi depois do almoço. “É como se ele fosse para a escola, eu visto a farda nele, sentamos à mesa e vamos fazer a atividade do dia”, explica.

Além disso, a mãe conta que pela manhã sempre procura se inteirar da atividade do dia e sanar as dúvidas. Segundo ela, apesar de não ser a mesma coisa que ir para escola, a experiência tem funcionado.

A gestora Elane Soares conta também que outro empecilho é que alguns pais não têm aparelho celular e acesso à internet. Porém, esses pais tem contado com a ajuda de outros que moram na vizinhança e tem acesso às orientações. “Os pais têm mandado as fotos, têm participado, as crianças também, a gente percebe que mesmo em meio às dificuldades eles têm tido o prazer de fazer”.

Elane salienta que a nova experiência tem sido trabalhosa e demorada, por isso o empenho e a união entre pais e professores é essencial. “É importante que a criança não fique muito tempo sem contato com os conteúdos. É uma forma de minimizar. E a escola unida com a comunidade faz toda a diferença. Todos os professores estão 100% empenhados”.

Secretaria de Educação tem orientado toda a rede estadual

De acordo com a diretora de Ensino, Denise dos Santos, a primeira preocupação da SEE desde o início da quarentena tem sido não deixar os alunos desamparados e a comunidade escolar sem respostas. Para isso, a equipe de assessores pedagógicos de Ensino elaborou um guia de orientações para o desenvolvimento das atividades não presenciais.

Os gestores e professores foram assistidos com reuniões via webconferência. Ainda segundo a diretora, muitas unidades de ensino têm enviado os registros do desenvolvimento desse trabalho. “Nesse momento é importante que a comunidade entenda que é necessário unir forças”, pontua Denise.

Atualmente, a SEE também tem disponibilizado oficinas on-line para capacitação dos professores por meio portal https://educ.see.ac.gov.br. Além disso, uma série de videoaulas está em fase final de preparação e em breve estará disponível na plataforma. A secretaria está ainda em negociação para que essas videoaulas sejam transmitidas por uma emissora de TV local.