Um outro olhar

Esta semana tive a grata oportunidade de ouvir um discurso do cacique Manoel Kaxinawa, durante solenidade de assinatura da ordem de serviço para construção de seis escolas indígenas em Tarauacá, que irão somar-se ao montante de 71 autorizadas até o momento só na gestão do governador Tião Viana.

Falando primeiramente em sua língua original e na sequência traduzindo para o português, o cacique apresentou aos presentes detalhes da ação que passavam despercebidos para maioria daqueles que ali estavam e não serão diretamente beneficiados pela obra.

Manoel Kaxinawa descortinou a grandiosidade dos detalhes e eu, jornalista, advogada, doutoranda, fiquei boquiaberta pela análise profunda que ele fazia.

“Falei na minha língua para mostrar que existem diferenças e ao construir escolas indígenas o governo reconhece isso e cumpre o que diz a Constituição, lei maior do nosso país, que a educação é um direito de todos”.

Não quero aqui me ater a esta ação do governo em si, mas, de posse deste novo olhar – focado nos detalhes, falar sobre a revolução que a meu ver acontece no Brasil e no Acre e que poucos conseguem perceber na sua grandiosidade ou se a percebem fazem questão de oculta-la, perdidos na pequinês político-partidária.

Na última quarta-feira, o mundo lembrou os 50 anos da marcha sobre Washington por empregos e liberdade, sobretudo pelo discurso de Martin Luther King – “Eu tenho um sonho”. King lutava contra a opressão dos brancos sobre os negros e clamava por oportunidades para estes.

Não somos americanos, pelo menos do norte; não lutamos pelo fim da segregação racial. Esta questão está mais ou menos resolvida, pois temos leis que coíbem tal prática, apesar das oportunidades ainda não serem igualitárias para brancos e negros.

A luta hoje não segue esta pauta, mas indiretamente lutamos também por justiça e igualdade. Entretanto, o foco está, não na cor da pele, mas na esfera econômica, onde a falta de oportunidades promove falta de acesso a direitos básicos, como saúde e educação.

É neste ponto que quero chegar. Na última década, o Brasil vive uma revolução quando o assunto é politica pública de inclusão social. O Bolsa família, que possibilita crianças permanecerem na escola ao invés de terem que trabalhar para ajudar no sustento da família, é um exemplo disso. Milhares e milhares de brasileirinhos estão tendo a oportunidade de ter um futuro diferente dos pais e pelo menos terão a possibilidade de sonhar com a qualificação profissional.

O PROUNI é outro exemplo da linha adotada pelo o governo brasileiro para tentar construir um país mais justo e menos desigual. O programa oferece bolsas de estudo para que alunos de baixa renda possam cursar uma universidade gratuita. Como estes dois programas, existem vários e vários outros.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dilvulgados através do comunicado intitulado “A Década Inclusiva”, apontam que a desigualdade de renda no Brasil, embora ainda bastante elevada para padrões internacionais, atingiu em 2011 o menor patamar desde a década de 1960.

O Instituto reconheceu que sem as políticas redistributivas patrocinadas pelo Estado, a desigualdade teria caído 36% menos na década.

Ao longo desses dez anos, a pobreza extrema caiu pela metade, contrariando a tendência internacional.

Os 10% mais pobres tiveram um crescimento de renda em 91,2% e 40 milhões de brasileiros ingressaram na classe média –  passando de 38% a 54% da população.

Como não comemorar estes dados?

No Acre, a exemplo da politica adotada pelo Governo Federal, a atual administração também tem trabalhado com um olhar voltado para a inclusão. Na área produtiva, o governo tem como meta a promoção do desenvolvimento industrial do Estado. Entretanto, é nos detalhes das ações executadas que podemos perceber a presença dos ideais de justiça e igualdade. Os programas de desenvolvimento estão atrelados a toda a cadeia produtiva e visam promover a inclusão social das famílias acreanas.

Vários são os projetos estaduais que seguem essa premissa e eles não estão ligados apenas à área produtiva, mas também a outros setores. Contudo, todos tem um objetivo comum, promover a melhoria de vida do povo do Acre, oque vem acontecendo a passos largos, mas as pessoas enxergam aquilo que querem ver.

Rachel Moreira, jornalista e advogada