Trabalhadores vão até a Assembleia Legislativa pedir respeito ao manejo florestal

Manifestantes entregaram documento aos deputados para se posicionar contra os ataques que a atividade vem sofrendo no Estado

As máquinas na indústria madeireira pararam na manhã desta quinta-feira, 20. Empresários, estudantes, manejadores, moradores da Floresta do Antimary, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionários das indústrias lotaram Assembleia Legislativa. Após mais de vinte dias de discussões e acusações, o movimento de manejadores empunhou cartazes e chegou à Aleac para pedir respeito aos deputados de oposição que estão plantando a ideia de que o manejo florestal é inviável.

deputados_e_trabalhadores_antimary_foto_seregio_vale_21.jpg

Após mais de vinte dias de discussões e acusações, o movimento de manejadores empunhou cartazes e chegou à Aleac para pedir respeito aos deputados de oposição que estão plantando a ideia de que o manejo florestal é inviável (Foto: Sérgio Vale/Secom)

“Eu vim aqui defender o meu emprego, o meu direito de trabalhar, porque eu faço parte dessa indústria que estão acusando, e até onde eu sei, o que vejo e o que faço, não há nada que não seja certo. Eu vim segurar cartaz aqui porque minha família quase toda trabalha nesse setor, e os políticos que não sabem o que acontece na realidade falam o que querem sem medir as consequências. O que vai ser de nós, milhares de trabalhadores que as indústrias empregam, se os nossos patrões perderem os contratos, fecharem as portas?”, perguntou a trabalhadora da indústria madeireira Maria Rita.

deputados_e_trabalhadores_antimary_foto_seregio_vale_10.jpg

"Se há problema, temos órgãos ambientais com competência pra apurar e punir. Estamos aqui enquanto indústrias que geram dez mil empregos no Acre, temos resultados e que não vamos aceitar denúncias infundadas”, desabafou Adelaide de Fátima, da Assimanejo (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A manifestação partiu da Associação de Manejadores de Madeira (Assimanejo) e do Sindicato das Indústrias Madeireiras. “Toda atividade tem problema, mas não é justo que, por conta de uma denúncia, todo o setor seja penalizado. Estão questionando a atividade do setor florestal e viemos defender um trabalho sério, que não começou ontem. Se há problema, temos órgãos ambientais com competência para apurar e punir. Estamos aqui como indústrias que geram dez mil empregos no Acre. Temos resultados e que não vamos aceitar denúncias infundadas”, desabafou Adelaide de Fátima, da Assimanejo.

moises_diniz_deputados_e_trabalhadores_antimary_foto_seregio_vale_2.jpg

"O Acre não tem rocha, tem floresta e esta é a nossa riqueza. Já derrubaram 10% da nossa floresta para fazer pasto e a pecuária não gera a renda que o manejo oferece em apenas 0,1% do território", disse o deputado Moisés Diniz (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A manejadora explicou que hoje a madeira acreana é a mais cara do Brasil por conta da localização geográfica do Estado, distante dos grandes centros consumidores. “O valor que pagam pela nossa madeira é agregado por conta da nossa história ambiental, do movimento que vem sendo feito há anos, por conta da história de luta de Chico Mendes. Com esse movimento que alguns políticos vêm fazendo, falando mal do manejo que fazemos aqui, sem medir as consequências, sem apurar de fato, a possibilidade de perdermos contratos nacionais e internacionais é  grande, e essa é a nossa preocupação”, completou.

A manifestação começou em frente à Assembleia Legislativa e centenas de trabalhadores entraram no prédio da Aleac para acompanhar a seção com cartazes de protesto. Deputados de oposição e situação se posicionaram mais uma vez sobre o manejo madeireiro, mas dessa vez o deputado Wherles Rocha não assumiu ser contra a atividade e disse que todos estavam ali "como parte de um circo armado pelo governo", embora a manifestação tenha surgido a partir de um encaminhamento dentro da assembleia geral do Sindicato das Indústrias Madeireiras.

asterioo_moreira_deputados_e_trabalhadores_antimary_foto_seregio_vale_4.jpg

O deputado Astério Moreira se pronunciou para lembrar aos presentes que em dez meses de gestão o governo já tirou da ilegalidade 2,5 mil pequenas marcenarias que trabalham com madeira ilegal (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Benevaldo Costa dos Santos trabalha numa indústria de madeira. “O que a gente trabalha em madeira é o mínimo que é retirado da floresta. Viemos defender nosso direito ao trabalho. Tem uns políticos da oposição falando que a gente trabalha com madeira irregular, de forma desordenada e isso não é verdade. Quero ver se fechar essas indústrias madeireiras aonde todo esse povo vai trabalhar. Vamos viver de quê? A madeira dá renda pra gente e ninguém tá destruindo o meio ambiente”, comentou.

“Claro que nós trabalhos de forma honesta. Desonesto é matar e roubar, é mentir. A gente tá aqui pra defender o nosso pão. É um trabalho honesto, digno. Como é que eu vou sustentar minha família, meus filhos se essa serraria fechar? Trabalhamos assim a vida inteira e agora vem esse povo pra dizer o que não sabe e colocar em risco nossos empregos”, desabafou Tadeu da Silva, que trabalha numa serraria.

Moisés Diniz, líder do governo na Aleac, pediu desculpas aos manifestantes "pela vergonha" causada pelo deputado de oposição Major Rocha. “Ao dizer que vocês estão fazendo um circo, ele chamou a todos vocês de palhaços, e eu peço desculpas por ele, já que ele não vai pedir. Vocês são trabalhadores de um setor digno, de uma indústria que movimenta R$ 500 milhões por ano e gera R$ 60 milhões em impostos, que são distribuídos entre todas as prefeituras, inclusive as de oposição, para investimentos em saúde, educação e outras melhorias. O Acre não tem rocha, tem floresta, e essa é a nossa riqueza. Já derrubaram 10% da nossa floresta para fazer pasto, e a pecuária não gera a renda que o manejo oferece em apenas 0,1% do território”, disse o deputado.

O deputado Astério Moreira se pronunciou para lembrar aos presentes que em dez meses de gestão o governo já tirou da ilegalidade 2,5 mil pequenas marcenarias que trabalham com madeira ilegal. “Houve época em que a extração de madeira nas nossas florestas era predatória, criminosa. Hoje 95% de tudo o que é extraído é oriundo de manejo florestal. Hoje há uma alternativa viável, embora ninguém negue ainda há problemas a serem solucionados. Não vamos aceitar é que levantem questionamentos que levem ao fim do manejo”, disse.

Os estudantes de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Acre (Ufac) entregaram um manifesto aos deputados no qual afirmam que o manejo florestal é a solução econômica sustentável viável para o Acre e afirmam ser "incoerentes e sem base científica" alguns argumentos apresentados pelos deputados oposicionistas que colocam em dúvida o potencial do manejo como atividade produtiva.

Mayara de Oliveira é estudante de Engenharia Florestal. "Nós estudamos cinco anos na faculdade, nos preparamos para entender, da forma correta, o que pode ou não no manejo, o que deve ou não ser feito. É preciso ter base científica pra fazer alguma acusação nesta área. O mais importante ninguém está dizendo, que é o fato de agora 95% da madeira trabalhada no Acre é legal, antes era o contrário: 90% era ilegal. A indústria madeireira responde por uma boa parte da econômia acreana e gera dez mil empregos. Isso eles não estão dizendo".

 


 

Galeria de imagens

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter