Terra indígena no Acre é beneficiada com a construção de espaço destinado a tradições e cultura

Com a colaboração de Alexandre Cruz-Noronha

Após a construção de um shubuã – espaço coberto onde povos indígenas se reúnem para realizar práticas religiosas, festas ou para promover ações de interesse coletivo, como de saúde ou educação – uma equipe do Programa REM – Fase II esteve, em fevereiro, no local para acompanhar o andamento da ação.

“Antes desse espaço coberto, era tudo feito no terreirão. Não tinha casa, né? A gente fazia um fogueirão e as festas aconteciam ao redor. Agora podemos fazer nossos eventos no verão e inverno. Antes a gente não podia”. O depoimento é de Siã Huni Kui, liderança do Povo Huni Kui na Terra Indígena (TI) Paroá, localizada em Feijó, interior do Acre.

Shubuã é um espaço coberto onde o povo indígena se reúne para realizar práticas religiosas, festas ou promover ações de interesse coletivo. Foto: Alexandre Cruz-Noronha

O barracão foi construído ano passado pelo governo do Estado, por intermédio do REM – Fase II, com recursos dos governos da Alemanha e Reino Unido/Beis, intermediados pelo KfW, banco alemão de desenvolvimento.

A titular da Secretaria de Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi), Julie Messias, avalia a importância de os povos indígenas fazerem parte da tomada de decisões na implementação de recursos: “É gratificante ver o resultado de um projeto na ponta. Estamos contribuindo com o fortalecimento da manutenção das tradições e cultura dos povos indígenas, a partir de uma demanda gerada e decidida por eles para ser atendida pelo Programa REM. Eles são parte das tomadas de decisões para a implementação dos recursos, e conseguimos ver os bons resultados”.

Local é usado para ritos e vivências das comunidades indígenas. Foto: Alexandre Cruz-Noronha

Siã Huni Kui informou que o local vai melhorar em todos os sentidos as vivências e ritos realizados na aldeia: “Todo final de semana temos nossas festas tradicionais, tomando a ayahuasca. O lugar é importante para que a cultura continue viva, é um exemplo para essa nova geração”.

Depois da construção do shubuã, foi realizado, no ano passado, o primeiro festival da aldeia, chamado de Feira de Artesanato Huni Kui da Aldeia Paroá, evento que fortalece tanto a cultura quanto a economia da comunidade, já que o evento atrai turistas nacionais e internacionais.

Foi realizada ainda, no local, uma oficina de tecelagem para 45 mulheres e homens artesãos, em que todo material produzido pôde ser vendido posteriormente.

O barracão vai ajudar a unir os povos e fazer com que eles se reúnam em um único lugar. “Agora podemos chamar nossos irmãos de fora, porque agora conseguimos recebê-los. Queria agradecer a Deus e aos grandes espíritos. E agradecer aos parceiros que estão nos ajudando hoje no que a gente precisa”, observou o cacique.

Cozinha comunitária foi entregue para comunidade indígena do interior do Acre. Foto: Jamylena Bezerra

Cozinha comunitária

Para dar suporte à comunidade da aldeia Huni Kui do Caucho, em Tarauacá, ainda pelo Programa REM Fase II, foi construída uma cozinha comunitária em 2022. O local está sendo de grande utilidade para as aldeias e é usado para o preparo de alimentos, tanto no dia a dia como em eventos. Antes do projeto, o cozimento dos alimentos era feito de forma improvisada, com folhas de palheira para a cobertura e pequenos troncos de árvores.

Na TI, há um total de 460 mulheres que trabalham de forma coordenada, sendo que em cada aldeia há uma representante que orienta como seminários, atividades de tecelagem, cerâmica e artesanato devem ser realizados. Elas praticam também ações de segurança alimentar, com a manutenção de uma roça. Além da vivência e encontros, a cozinha é aberta para que as mulheres confeccionem artesanatos e realizem seminários. Professores e profissionais da saúde também usam a estrutura como ponto de apoio.

Oficina foi realizada no espaço onde funciona a cozinha comunitária. Foto: Jamylena Bezerra

Além disso, o espaço já foi utilizado pela equipe de Monitoramento do REM Fase II, composta por colaboradores da Semapi, Instituto de Mudanças Climáticas (IMC) e Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Em março do ano passado, foi ministrada uma oficina sobre o programa, que apresentou quem são seus beneficiários e foi elaborado um mapa temático para explicar a dinâmica de desmatamento ao redor do território.

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