Socioeducando se torna pintor depois de curso do Pronatec

Adolescente estuda e trabalha como pintor, para ajudar no sustento de casa - FOTO Josué Santiago (1)
Adolescente estuda e trabalha como pintor (Foto: Josué Santiago)

Educação e profissionalização têm se mostrado ferramentas fortes no trabalho desenvolvido pelo Instituto Socioeducativo (ISE), com adolescentes em conflito com a lei. Ao cometer algum ato infracional, os jovens são sentenciados, perdendo seu direito à liberdade e encaminhados aos Centros Socioeducativos.

Em meio a essa rotina, existem casos de sucesso como o de Afonso Silva (nome fictício), que, aos 17 anos, após seis internações no Centro Socioeducativo Purus, em Sena Madureira, encontrou um meio honesto de melhorar de vida.

A violência está bem presente na vida do rapaz, que se envolveu com drogas e teve participação indireta em um homicídio. Desde a infância, precisou ser independente devido à doença da mãe. “Ela é alcoólatra até hoje e nunca está presente. Sempre me senti muito sozinho. Algumas pessoas a culpam pelo o que aconteceu comigo, mas eu sou o único responsável pelos meus atos”, defende.

Atualmente, o jovem cumpre liberdade assistida. No período em que esteve internado na unidade, Afonso foi inserido no curso de Pintor Industrial, ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, com carga horária de 160 horas. A vaga faz parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que atende também o sistema socioeducativo.

Durante o curso, o adolescente chegou a pintar o gabinete da juíza da Comarca de Sena Madureira, como um de seus primeiros trabalhos. Também foi o responsável pelo trabalho profissional realizado na casa da promotora de Justiça do município, Vanessa Muniz. “Contei com o apoio de muitas pessoas. O diretor da unidade, a promotora, minha família e minha esposa acreditam no meu melhor. Não quero mais decepcioná-los”, declara.

Com um pensamento distinto de anos atrás, Afonso acredita que a criminalidade não compensa. “Nessa vida corremos riscos todos os dias, mas o pior mesmo é ficar preso. E ainda por cima tem as humilhações para quem escolhe esse caminho. A dignidade é impagável”, afirma.

Afonso conta que nos dois meses de serviço já conseguiu tirar R$ 350,00 por semana, dependendo do período. “Isso é maravilhoso, porque é uma forma de ajudar em casa”, comemora.

Das 7h30 às 17h, o adolescente realiza o trabalho de pintor. Apesar do dia corrido, ao anoitecer, ele vai para a escola. Está no 1º ano do ensino médio, para não deixar escapar o sonho de se formar num curso superior. “Também tenho vontade de ser bombeiro ou até mesmo agente socioeducativo”, revela.

Para o presidente do ISE, Henrique Corinto, o exemplo é emocionante, por reafirmar que o esforço da equipe em recuperar a cidadania de adolescentes em conflito com a lei não é em vão. “Casos assim nos motivam a fazer mais e melhor. Sabemos que não é fácil e, infelizmente, nem sempre conseguimos atingir a todos, mas mesmo que apenas um seja transformado, a sociedade já pode se sentir vitoriosa”, afirma.

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