Simpósio internacional amplia conhecimento sobre os geoglifos

Novas informações de pesquisadores renomados ajudam a desvendar o mistério das estruturas de terra construídas há mais de 2 mil anos no Acre

geoglifos_220710_foto_gleilson_miranda_04.jpg
geoglifos_220710_foto_gleilson_miranda_02.jpg

Seminário no auditório da Biblioteca da Floresta reuniu estudiosos e pesquisadores (Fotos: Gleilson Miranda/Secom)

Encerrado na noite da última quinta-feira, 23, o 1º Simpósio Internacional sobre os Geoglifos do Acre marcou um novo tempo no estudo dos sítios arqueológicos em estrutura de terra presentes nesta parte da Amazônia. Cientistas de diferentes partes do mundo puderam não apenas apresentar aos interessados locais pesquisas e teses acerca das civilizações pré-colombianas, como percorreram alguns dos sítios do Vale do Acre, onde fizeram observações importantes.

Geoglifos, de acordo com o site www.geoglifos.com.br, são vestígios arqueológicos representados por desenhos geométricos (linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos), zoomorfos (animais) ou antropomorfos (formas humanas), de grandes dimensões e elaborados sobre o solo, que podem ser totalmente e mais bem observados se vistos do alto, em especial através de sobrevoo. Geoglifos podem ser encontrados em várias partes do mundo. Os mais conhecidos e estudados estão na América do Sul, principalmente na região andina do Chile, Peru e Bolívia. No Acre, começaram a ser descobertos em 1977 pelo pesquisador Ondemar Dias. A partir do ano 2000, o cientista Alceu Ranzi identificou novos sítios e deu início às prospecções que já derrubaram algumas teses sobre a colonização da Amazônia e abriram novas janelas para o melhor conhecimento do solo e da vegetação da região.

O simpósio foi concluído com o lançamento do livro "Geoglifos: Paisagens da Amazônia Ocidental", organizado por Denise Schaan, Alceu Ranzi e Antonia Barbosa. Durante dois dias, especialistas em diferentes áreas, como José Iriarte, que estuda a arqueoecologia dos sítios arqueológicos, e William Woods, da Universidade do Kansas, estudioso de solos, além de William Balée, da Tulane University, apresentaram importantes dados sobre os temas em questão. "Percebi atividades influenciando na paisagem", disse Balée, que visitou um geoglifo na quarta-feira, 21. Ou seja: a floresta que vemos agora foi largamente manejada pelos antigos índios.

Depois de várias escavações, os cientistas ainda não identificaram com exatidão o local de morada dos construtores de geoglifos. Os indícios até agora levantados não deixam claro que os geoglifos serviam de residência. Mantidos esses indicativos, a possibilidade é a de que servissem de centros de festas e cerimoniais. A população estaria distribuída por outras localidades que não exatamente o das estruturas de terra.

Já foram descobertos cerca de 300 geoflifos no Vale do Acre, sul do Amazonas e sudeste de Rondônia. Com tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os cientistas esperam identificar novos sítios em áreas de floresta. As estruturas já identificadas estão em regiões desmatadas.

O estudo e a preservação dos geoglifos contam com apoio do Governo do Estado e de várias outras instituições, como a Universidade Federal do Acre (Ufac) e Universidade Federal do Pará (UFPA). Nesta sexta-feira, o Grupo Farias realizou o workshop "Geoglifos em Debate: Iniciativas da Álcool Verde no Município de Capixaba".

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter