O Projeto das Casas de Produção e Cultura das Mulheres Indígenas Acreanas, financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento e executado pelo governo do Acre, por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), está em fase de capacitação das indígenas. A previsão é de que cerca de 90 índias yawanawas participem das oficinas.
Com o propósito de acompanhar a realização dos Cursos de Economia Solidária e Gestão Administrativa, a titular da SEPMulheres, Concita Maia, esteve na última semana na Aldeia Nova Esperança, localizada no Rio Gregório, em Tarauacá. As aldeias Amparo e Mutum, onde foram construídas as outras duas Casas de Produção, previstas no projeto para a etnia, também receberam a visita da secretária, que aproveitou a ocasião para apresentar a equipe responsável pelas oficinas.
“Estamos aqui para ensinar a teoria daquilo que já é praticado pela comunidade. Economia Solidária é uma prática comum dos povos da floresta, uma vez que nas aldeias indígenas a valorização do ser humano e bem-estar de todos é mais importante que a centralização de capital”, disse a diretora do Departamento de Inclusão Sócio Produtiva da SEPMulheres, Rosiane de Lima.
Segundo a secretária Concita Maia, a ideia do projeto partiu de uma demanda das próprias índias yawanawas. “É muito bom a gente sonhar e poder ver isso se realizar. Tudo começou com um sonho de vocês e o governo do Estado, por meio da SEPMulheres pôde transformar este sonho em políticas públicas”, ressaltou.
A liderança feminina e pajé da aldeia Nova Esperança, Putany Yawanawa, considera que o projeto da Casa de Produção é novo momento para as índias. “Nós, mulheres indígenas, nunca tivemos vez. Fico emocionada em saber que temos um governo que possui uma Secretaria da Mulher que se preocupa com políticas voltadas para as indígenas”, afirmou emocionada.
Durante as oficinas, as participantes elegeram o grupo que ficará responsável pela administração da Casa de Produção. As índias mais velhas da comunidade farão parte de conselho consultivo, para que a sabedoria do Povo Yawanawa seja perpetuada e respeitada pelas jovens. “Sei que será um desafio coordenar esta Casa, mas não estou sozinha, pois a cada decisão tomada, antes irei consultar a opinião daquelas que viveram mais que eu”, enfatiza a coordenadora da Casa de Produção e Cultura da Aldeia Nova Esperança, Márcia Yawanawa.
Feira de Trocas
Ao termino dos cursos, as indígenas da aldeia Nova Esperança montaram, junto à equipe da SEPMulheres, que coordenou o processo das oficinas de Economia Solidária e Gestão Administrativa, organizaram uma feira de trocas de produtos. A ideia era que cada participante levasse aquele produto que lhe é fornecido com abundância para trocar por outro que lhe faz falta.
“As yawanawas puderam reconhecer o conceito daquilo que elas já praticavam há gerações, que é a economia solidária. A feira de troca foi apenas uma replica do que é feito no dia a dia da aldeia, quando uma delas tem mais sementes e outra mais penas e elas trocam as matérias-primas para que possam produzir o artesanato”, explicou a secretária da SEPMulheres, Concita Maia.
Luminárias Yawanawas
A primeira-dama do Estado, Marlúcia Cândida, visitou a aldeia Nova Esperança, acompanhada do arquiteto Marcelo Rosenbaum e sua equipe, no mesmo período em que a secretária da SEPMulheres esteve e pôde conhecer as dependências físicas das Casa de Produção e Cultura, onde também serão confeccionadas as luminárias yawanawas, que trarão em suas especificidades traços da etnia indígena.
“Essas políticas e ações direcionadas para as índias, vêm para reafirmar a importância da mulher na sociedade. Nesse sentido, a Casa de Produção da Mulher Indígena tem fundamental relevância para afirmação do papel da mulher dentro da aldeia, dentro da floresta”, disse a primeira-dama Marlúcia Cândida.