Reeducandos concluem ensino fundamental e médio e são inseridos em projeto de leitura

O Governo do Estado do Acre, por meio do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), realizou nesta quinta-feira, 18, a certificação de seis reeducandos da Unidade Penitenciária do Quinari. Dois deles receberam o certificado do ensino fundamental e quatro recebem o certificado do ensino médio.

Os presos foram aprovados no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e dessa forma concluíram o ensino regular. Além da certificação, o Iapen lançou, em parceria com a Defensoria Pública do Estado (DPE), o projeto de leitura “Libertando o Imaginário”, que tem como objetivo disponibilizar livros aos presos, incentivar a leitura e possibilitar mais um instrumento de remição da pena.

A diretora operacional do Iapen, Valéria Santos, afirmou que esse é um momento de satisfação para toda a equipe, uma vez que não é fácil investir em educação em um sistema no Sistema Penitenciário. “Cada passo dado com a educação dentro do sistema penitenciário significa um passo muito largo. Levar a educação para fora é uma situação, trazer a educação para dentro do sistema é outra”, disse.

O reeducando Eliel Nunes dos Santos, ao centro, recebeu o certificado do Ensino Médio Foto: Elenilson Oliveira

Glauber Feitosa, diretor da Unidade Penitenciária do Quinari, ressaltou que o presídio tem intensificado todas as ações no que diz respeito a educação e que realiza um esforço conjunto, para que estejamos que esses momentos aconteçam. Aos reeducandos, ele disse “Eu quero encontrar os senhores reabilitados, em meio ao convívio social, trabalhando e cuidando das suas famílias”.

Eliel Nunes dos Santos, há 15 anos recluso, afirmou que concluiu o ensino fundamental e médio dentro do sistema penitenciário. “Hoje eu estou satisfeito com o que já conquistei. Agora vou tentar o ENEM e batalhar para conseguir entrar na faculdade. Quero fazer ou Engenharia Civil ou Direito”, afirmou.

Libertando o imaginário

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão”. Foi com essa frase de Mahatma Gandhi que o defensor público Eufrásio Moraes destacou a importância do projeto de leitura “Libertando o imaginário”. Ele explicou que as obras escolhidas para o projeto têm o objetivo de trazer uma reflexão sobre a vida para que, aquele que lê, possa pensar sobre o que está fazendo no planeta.

Dez reeducandos participarão do projeto de remissão pela leitura Foto: Elenilson Oliveira

Ele ressaltou a possibilidade de aquisição de conhecimento e da capacidade reflexiva por meio da leitura. “Esse projeto é inspirado em um outro que foi desenvolvido pelo juiz Márcio Bragaglia da Comarca de Joaçaba em Santa Catarina. A ideia é disponibilizar literatura universal, aquelas mais voltadas para a reflexão a respeito das consequências das nossas atitudes”, disse.

Sobre a remição, os participantes do projeto lerão os livros e depois terão que apresentar uma resenha e passar por uma espécie de prova oral. Eles terão que demonstrar conhecimento sobre o teor do livro em si e se expressar sobre as reflexões que tiveram com a leitura. A depender do tamanho do livro, a remição varia de um a quatro dias. O tempo de leitura também é estabelecido em um prazo que vai de 30 a 60 dias.

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